Pois a cana-de-açúcar introduzida no Brasil pelo colonizador português alcançou um tal esplendor de viço no massapê do Nordeste – na então Nova Lusitânia – que o açúcar fabricado com o suco da cana regional nos engenhos do mesmo Nordeste projetou de súbito o Brasil no mercado europeu. […] O açúcar assim produzido logo superou, em importância, a madeira de tinta que vinha dando valor econômico ao Brasil na Europa; e que já lhe dera o próprio nome: Brasil. (Gilberto Freyre. Açúcar: uma sociologia do doce, 1997.)
FREYRE, Gilberto. Açúcar: uma sociologia do doce. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
Gilberto Freyre alude a duas atividades econômicas do período colonial brasileiro: a produção de açúcar e a extração do pau-brasil. Percebe-se, pela argumentação do autor, que a exploração
- A) da cana-de-açúcar exigiu a instalação de um complexo econômico na colônia, favorecido pelas condições locais de produção
- B) da cana-de-açúcar agregou as diversas economias regionais da colônia às sociedades urbanas litorâneas
- C) da cana-de-açúcar foi possível, sobretudo, devido à abundância de mão de obra escrava indígena
- D) do pau-brasil teve efeitos econômicos pouco significativos em razão da escassez da madeira na faixa litorânea
- E) do pau-brasil permitiu à metrópole portuguesa acumular o capital necessário para iniciar a colonização do Brasil.
Resposta:
A alternativa correta é a letra a.
A produção de açúcar no Brasil colonial exigiu a instalação de um complexo econômico na colônia, formado pelos engenhos, que eram unidades produtivas que envolviam a plantação da cana, a moagem, a purgação e a secagem do açúcar. Esse complexo era favorecido pelas condições locais de produção, como o solo fértil de massapé, o clima tropical úmido e a proximidade com o litoral, que facilitava o escoamento da produção para a Europa. O açúcar brasileiro se tornou um produto de grande valor no mercado europeu, superando a importância do pau-brasil, que era a madeira usada para tingir tecidos.
As outras alternativas são incorretas por:
- b) A produção de açúcar não agregou as diversas economias regionais da colônia às sociedades urbanas litorâneas, mas sim criou uma grande desigualdade social e regional entre os senhores de engenho, que concentravam a riqueza e o poder, e os demais grupos sociais, como os pequenos lavradores, os comerciantes, os artesãos e os escravos.
- c) A produção de açúcar não foi possível, sobretudo, devido à abundância de mão de obra escrava indígena, mas sim devido à exploração da mão de obra escrava africana, que foi trazida em grande escala para o Brasil a partir do século XVI, substituindo progressivamente os índios, que eram mais vulneráveis às doenças e à resistência ao trabalho forçado.
- d) A exploração do pau-brasil não teve efeitos econômicos pouco significativos em razão da escassez da madeira na faixa litorânea, mas sim em razão da baixa rentabilidade dessa atividade, que era baseada no extrativismo e no escambo com os índios. A madeira do pau-brasil era abundante no litoral brasileiro, mas foi sendo devastada ao longo dos séculos.
- e) A exploração do pau-brasil não permitiu à metrópole portuguesa acumular o capital necessário para iniciar a colonização do Brasil, mas sim foi uma forma de garantir a posse do território diante das ameaças de invasão de outras potências europeias, como a França e a Holanda. A colonização do Brasil foi iniciada com o objetivo de explorar outras riquezas, como o açúcar, o ouro e os diamantes.
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