Leia o caso clínico a seguir.
A.M., 64 anos, viúva, trata-se desde 1975 e nesse período, em 65 consultas ambulatoriais, apresentou 48 sintomas dolorosos, a maioria musculoesqueléticos, sintomas abdominais (dor, proctalgia fugax, meteorismo), disúria, peso no hipogástrico, tremor fugaz na mão esquerda, ptose ou retração palpebral (queda da pálpebra), ambas de rápida duração. Nunca houve uma enfermidade definitiva. Foi submetida a múltiplos exames subsidiários e pequenas cirurgias ortopédicas. Nesse período ocorreram a aposentadoria e três episódios de luto (mãe, marido e filho único). Submeteu-se à psicoterapia de forma irregular, mas nunca recebeu antidepressivos.
LOBATO, Oly. O Problema da Dor. In: Mello Filho, Burd e cols.
Psicossomática Hoje. 2° edição. Capítulo 17. p.235-246. 2010. [Adaptado].
Observa-se que além de comorbidades de depressão e ansiedade, a melhor possibilidade diagnóstica para as queixas dolorosas da paciente seria a de transtorno de
- A) conversão.
- B) somatização.
- C) dor psicogênica.
- D) hipocondria.
Resposta:
A alternativa correta é letra B) somatização.
LOBATO, Oly. O Problema da Dor. In: Mello Filho, Burd e cols.
Observa-se que além de comorbidades de depressão e ansiedade, a melhor possibilidade diagnóstica para as queixas dolorosas da paciente seria a de transtorno de
A questão está baseada no seguinte texto:
"TRANSTORNOS DE SOMATIZAÇÃO
Caracterização: os sintomas iniciam antes dos 30 anos, é mais comum em mulheres, e durante o curso do transtorno os enfermos devem ter apresentado ao menos quatro sintomas de dor, dois sintomas gastrointestinais, um sintoma sexual e um sintoma pseudoneurológico, nenhum dos quais é explicado por exames físicos ou subsidiários.
Esses enfermos, que caem no grupo dos pacientes-problema ou multiqueixosos (Lobato, 1981) pelas inúmeras e variáveis queixas físicas, apresentam, por vezes, dificuldades no diagnóstico diferencial com doenças orgânicas multissistêmicas como lupus eritematoso, hipertireoidismo, esclerose múltipla, porfiria, etc. Nesse caso, 0 acompanhante do enfermo constitui a forma mais adequada de diagnóstico.
Caso clínico
T.G.B., 65 anos, viúva, trata-se desde 1974 e nesse período, em 66 visitas ambulatoriais, apresentou 49 sintomas dolorosos a maioria musculoesqueléticos, sintomas abdominais (dor, proctalgia fugax, meteorismo), disúria, peso no hipogástrio, tremor fugaz na mão esquerda, ptose ou retração palpebral, ambas de rápida duração. Nunca houve uma enfermidade definitiva. Foi submetida à múltiplos exames subsidiários e pequenas cirurgias ortopédicas. Nesse período ocorreram a aposentadoria e três episódios de luto (mãe, marido e filho único adolescente). Submeteu-se à psicoterapia de forma irregular, mas nunca recebeu antidepressivos. A melhor possibilidade diagnóstica seria a de transtorno de somatização e comorbidade com depressão e ansiedade.
(...)
HIPOCONDRIA
Consiste na crença real, pelo paciente, de uma doença séria em seu organismo, a despeito da normalidade do exame físico e da tranquilização que lhe dá 0 médico. Sensações físicas normais, tais como o suor e os movimentos intestinais, são erradamente interpretados, e pequenos incômodos como tosse ou dores nas costas podem ser exagerados a ponto do problema tornar-se incapacitante (Sculy, 1985). A prevalência de hipocondria num período de seis meses, numa população de clínica geral, é de 4 a 6%, mas pode ser tão alta como 15% (Sadock e Sadock). É mais comum em pessoas com mais de 60 anos. São comuns a ansiedade, o humor depressivo e traços de personalidade compulsiva. Limita-se, assim, à vida social e ao desempenho profissional do enfermo. Na hipocondria, como no transtorno de dor psicogênica, o indivíduo habitualmente recusa-se a admitir uma causa emocional para seus sintomas.
(...)
Transtorno de conversão
O termo conversão foi introduzido por Freud, que, baseado no trabalho com "Anna O", levantou a possibilidade de que os sintomas do transtorno de conversão refletiriam conflitos inconscientes (Sadock e Sadock, 2005).
Pelo DSM-IV-TR, caracteriza-se o transtorno de conversão pela presença de um, ou mais de um, sintoma de natureza neurológica (por exemplo, cegueira, paralisia, parestesia), que não podem ser explicados por doença médica ou neurológica reconhecível. Adicionalmente, requer-se a associação de fatores psicológicos surgidos com o início ou com a exacerbação dos sintomas. O diagnóstico de conversão não é feito quando dor é a queixa exclusiva ou preponderante (Hackett, 1985). É provavelmente o mais comum transtorno somatoforme, e predomina em mulheres.
(...)
Transtorno de dor psicogênica
Neste transtorno predomina a dor em um ou mais pontos do organismo e não é plenamente explicado por uma condição médica não psiquiátrica ou neurológica. No caso de haver problema orgânico, a intensidade do sintoma ultrapassa de longe o que se pode inferir dos resultados do exame físico. Há óbvia relação com fatores psicológicos, e essa associação pode ser evidenciada pela relação temporal entre um estímulo ambiental que está aparentemente ligado a um conflito uma necessidade psíquica - e o início ou exacerbação da dor."
Fonte: "Psicossomática Hoje" (Mello Filho)
Com isso, encontramos a resposta na Letra B.
a) conversão.
b) somatização.
c) dor psicogênica.
d) hipocondria.
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