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Joana, 70 anos, dona de casa, ensino fundamental completo, é viúva, possui três filhos, sendo dois homens, João e Pedro, e uma mulher, Juliana. Todos casados e residentes em cidades distintas da que reside a mãe, a pelo menos 40 km. Os filhos a visitam pelo menos uma vez por mês e procuram alternar as datas de modo que Joana não fique por muito tempo sem vê-los. Porém, a visita recente do filho mais velho (João), o fez notar algumas diferenças em Joana. Quando ele a perguntou como tinha sido a semana, ela disse: “fui naquele homem; ele me deu alguns remédios, agora eu vou ter que tomar isso p’ra aquilo. Ele falou que isso vai me ajudar a fazer as coisas, a mexer melhor naquelas coisas. Quando minha irmã (Juliana, a filha) chegar, eu vou falar para ela colocar o lobo na mesa e passar o café p’ra você. E… oh… antes de você ir embora, pega o tapix e deixa seu número de telefone, que eu vou discar p’ra você”. João estranhou as expressões da mãe e recorreu aos irmãos; perguntou se notaram alterações em sua mãe. Juliana relatou que ela (Joana) saiu de casa, afirmando que ia comprar ovos e chegou com sabão, enquanto Pedro disse que ela chamava seu filho (neto de Joana) o tempo todo de José, marido falecido e pai dos filhos de Joana. Os três resolveram acompanhar a mãe ao médico para compreender o que se passava.

No discurso de Joana é possível identificar, respectivamente,

Resposta:

A alternativa correta é letra D) uso de termos dêiticos; parafasias fonêmicas, verbais e narrativas; agnosia.

Gabarito:Letra D

Joana, 70 anos, dona de casa, ensino fundamental completo, é viúva, possui três filhos, sendo dois homens, João e Pedro, e uma mulher, Juliana. Todos casados e residentes em cidades distintas da que reside a mãe, a pelo menos 40 km. Os filhos a visitam pelo menos uma vez por mês e procuram alternar as datas de modo que Joana não fique por muito tempo sem vê-los. Porém, a visita recente do filho mais velho (João), o fez notar algumas diferenças em Joana. Quando ele a perguntou como tinha sido a semana, ela disse: “fui naquele homem; ele me deu alguns remédios, agora eu vou ter que tomar isso p’ra aquilo. [1] Ele falou que isso vai me ajudar a fazer as coisas, a mexer melhor naquelas coisas. Quando minha irmã (Juliana, a filha) chegar, eu vou falar para ela colocar o lobo na mesa [2] e passar o café p’ra você. E... oh... antes de você ir embora, pega o tapix e deixa seu número de telefone, que eu vou discar p’ra você”. João estranhou as expressões da mãe e recorreu aos irmãos; perguntou se notaram alterações em sua mãe. Juliana relatou que ela (Joana) saiu de casa, afirmando que ia comprar ovos e chegou com sabão, enquanto Pedro disse que ela chamava seu filho (neto de Joana) o tempo todo de José, marido falecido e pai dos filhos de Joana. Os três resolveram acompanhar a mãe ao médico para compreender o que se passava.

 

“Além da memória, pode haver alterações da linguagem, que no início se manifestam como dificuldade em encontrar as palavras, mas posteriormente se revelam com o crescente uso de termos genéricos e inespecíficos (“aquela coisa” para se referir ao liquidificador ou “aquele homem” para se referir ao médico) e substituição de palavras específicas por termos dêiticos (“isso”, “ele”, “aquilo”, “lá”, “ali”).[1] Com o evoluir da demência, ocorrem parafasias fonêmicas (usa bolo em vez de lobo, ou grápis em vez de lápis), parafasias verbais ou semânticas (falhas de nomeação no processo de seleção linguística, trocando, por exemplo, mãe por irmã, livro por caderno, copo por garrafa) e parafasias narrativas (erros de substituição de categorias narrativas, introduzindo em certa história elementos de uma outra, sem relação necessária).[3] Tais alterações da linguagem podem se acentuar com a evolução da demência, o que pode levar ao surgimento de quadros graves de afasias, ecolalia ou perda total da linguagem. O paciente pode também apresentar dificuldades em lembrar nome de familiares e amigos próximos, devido ao declínio da memória ou a agnosias (p. ex., prosopagnosia, ou dificuldade/incapacidade de reconhecer faces conhecidas) relacionadas ao reconhecimento de locais de sua cidade ou de cores. Pode apresentar também apraxias, ou seja, déficit em processos pragmáticos das atividades gestuais no vestir-se, construir objetos (mostre-me como se escova os dentes, como se usa um martelo). Surgem, ainda, dificuldades crescentes para o raciocínio complexo, de habilidades aritméticas (acalculia), do julgamento, da compreensão de problemas e de novas situações ambientais, da capacidade de aprendizagem e da orientação direita-esquerda. Alterações das funções executivas associadas ao lobo frontal são bastante comuns e importantes: perda da capacidade de planejamento e monitoração de atos complexos, da capacidade para solução de problemas novos, diminuição da fluência verbal, perseveração, perda da flexibilidade cognitiva, dificuldades com o pensamento abstrato.”

 

Joana apresenta uso de termos dêiticos; parafasias fonêmicas, verbais e narrativas; agnosia, que estão identificadas no texto motivador com números que podem ser procurados na bibliografia.

No discurso de Joana é possível identificar, respectivamente,
a)  falha léxico-semântica; declínio de evocação; agnosia.
b)  alterações da personalidade; uso de termos inespecíficos; apraxias.
c)  deficiência intelectual; agnosia; uso de termos inespecíficos e dêiticos.
d)  uso de termos dêiticos; parafasias fonêmicas, verbais e narrativas; agnosia.
e)  sintomas neuropsiquiátricos; apraxias; parafasias fonêmicas, verbais e narrativas.

 

Nosso gabarito é Letra D

Fonte: Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais [recurso eletrônico] / Paulo Dalgalarrondo. – 3. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2019

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