Os pacientes com transtorno de personalidade borderline
- A) pioram com o tempo, o que faz com que o quadro geral evolua para uma forma franca de esquizofrenia.
- B) apresentam um embotamento afetivo e uma estabilidade em seus comportamentos e atitudes durante todo o curso da doença.
- C) concentram toda a sua energia em evitar os relacionamentos íntimos e exclusivos, como forma de se proteger do abandono.
- D) estão imunes às distorções da realidade, em função de sua necessidade de controlar o ambiente externo.
- E) têm como manifestações comuns a ausência de identidade consistente do self, e déficits nas relações interpessoais.
Resposta:
A alternativa correta é letra E) têm como manifestações comuns a ausência de identidade consistente do self, e déficits nas relações interpessoais.
Os pacientes com transtorno de personalidade borderline
A questão pode ser respondida com o seguinte texto:
"Grinker e colaboradores (1968) também tentaram identificar denominadores comuns na síndrome borderline que estariam presentes independentemente do subtipo. Eles elaboraram os seguintes quatro aspectos principais: 1) a raiva como o principal ou o único afeto, 2) déficits nas relações interpessoais, 3) ausência de identidade consistente do self e 4) depressão difusa. Uma das contribuições mais significativas desse estudo empírico foi o achado de que a síndrome borderline era claramente distinta da esquizofrenia. Grinker e colaboradores descobriram que esses pacientes não deterioraram com o tempo para uma esquizofrenia franca. Em vez disso, eles apresentaram uma instabilidade estável (Schmideberg, 1959) durante todo o curso de sua doença. Essa descoberta ajudou a refutar a crença que alguns céticos tinham de que os pacientes borderline eram, na verdade, esquizofrênicos.
(...)
Muitos desses critérios estão inter-relacionados. Os pacientes borderline estão totalmente absorvidos no estabelecimento de relações individuais exclusivas, sem qualquer risco de abandono. Eles podem exigir dessas relações como se tivessem o direito de fazê-lo, o que sobrecarrega e aliena os demais. Outrossim, quando eles se aproximam de outra pessoa, é ativado um conjunto de ansiedades duplas. Por um lado, eles começam a se preocupar em serem engolfados pela outra pessoa e perder a própria identidade nessa fantasia primitiva de fusão. Por outro, eles experienciam uma ansiedade que beira ao pânico e que está relacionada à convicção de que estão prestes a ser rejeitados ou abandonados a qualquer momento. Para se prevenir de ficarem sozinhos, os pacientes borderline podem recorrer a cortar os pulsos ou a outros gestos suicidas, esperando ser resgatados pela pessoa a quem eles estão apegados. As distorções cognitivas, como o pensamento quase psicótico (definido como tensões sobre o teste de realidade que são transitórias, circunscritas e/ou atípicas), também podem ocorrer no contexto das relações interpessoais. São comuns as percepções de abandono por parte de pessoas amadas que beiram ao delírio, e regressões transferenciais psicóticas podem surgir quando os pacientes se apegam aos terapeutas. Os clínicos que testemunham essa demonstração caleidoscópica de mudanças de estados de ego tendem a uma série de reações contratransferenciais, incluindo fantasias de resgate, sentimentos de culpa, transgressões de limites profissionais, raiva e ódio, ansiedade e terror, bem como sentimentos profundos de desamparo (Gabbard, 1993; Gabbard e Wilkinson, 1994)."
Fonte: "Psiquiatria Psicodinâmica" (Gabbard)
Com isso, encontramos a resposta na Letra E.
a) pioram com o tempo, o que faz com que o quadro geral evolua para uma forma franca de esquizofrenia.
b) apresentam um embotamento afetivo e uma estabilidade em seus comportamentos e atitudes durante todo o curso da doença.
c) concentram toda a sua energia em evitar os relacionamentos íntimos e exclusivos, como forma de se proteger do abandono.
d) estão imunes às distorções da realidade, em função de sua necessidade de controlar o ambiente externo.
e) têm como manifestações comuns a ausência de identidade consistente do self, e déficits nas relações interpessoais.

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