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A pessoa que tem algum marcante tipo de transtorno narcisista de sua personalidade leva sua vida em meio a um mundo em que predominam as idealizações (auto ou hétero) e as expectativas mágicas, junto com a contrapartida de decepções e de sentimentos persecutórios. Respeitando as óbvias diferenças que existem relativamente a natureza, grau e singularidade da configuração narcisista de cada sujeito em particular, é inegável que algumas características são comuns a todos e, de alguma forma, em algum momento, estão sempre presentes em todos, funcionando sob a égide de uma posição narcisista (Zimerman, 1999). Com base nessas informações, assinale a alternativa que não apresenta uma característica que sempre acompanha a posição narcisista.
- A) Um certo estado de indiferenciação é o eixo principal em torno do qual giram as demais características da posição narcisista na pessoa adulta, muito particularmente aquelas que dizem respeito à falha relativa ao reconhecimento de um inevitável estado de incompletude e à aceitação das óbvias diferenças que separam as singularidades de cada indivíduo com quem o sujeito narcisista convive.
- B) Estado de ilusão em busca de uma completude. O terror de enfrentar uma incompletude leva à exacerbação dos mecanismos de negação, onipotência e onisciência, de sorte que as pessoas fortemente narcisistas passam a maior parte da vida buscando algo ou alguém que confirme seu mundo ilusório, garantindo, assim, a preservação da autoestima e do sentimento de identidade, ambas permanentemente muito ameaçadas na posição narcisista, em virtude das demandas do mundo da realidade.
- C) Negação das diferenças. Premido pela necessidade de negar todos os aspectos da realidade, exterior e interior, que afrontam sua imaginária completude, o sujeito narcisista recorre ao uso maciço do recurso defensivo da negação. O narcisista também tem dificuldades de reconhecer seus inevitáveis limites e limitações, como são, por exemplo, os problemas ligados às incapacidades e ao envelhecimento, à doença e à morte.
- D) A presença da parte psicótica da personalidade (Bion, 1967), a compreensão de que todo sujeito é portador, em grau maior ou menor, do que ele denomina “parte psicótica da personalidade” (PPP) a qual, por si só, não designa uma psicose clínica, mas, sim, um encapsulado estado regressivo da mente, que está bastante presente e atuante nos transtornos narcisistas. Vale destacar, na PPP, por exemplo: a existência de uma baixíssima capacidade de tolerância às frustrações; a predominância da inveja destrutiva; o uso maciço das negações; o emprego excessivo de identificações projetivas; e o ataque aos vínculos perceptivos.
- E) Identificações patógenas. Na posição narcisista, as identificações fazem‑se por admiração pelos objetos modeladores, elas formam‑se por uma adesividade – o sujeito torna‑se uma “sombra”, um “duplo” de um outro, fica “grudado” neste por uma mera “imitação”. No decorrer do processo evolutivo, corre‑se o risco de idealizar ou denegrir excessivamente seus objetos amorosos interiores.
Resposta:
A alternativa correta é letra E) Identificações patógenas.
Na posição narcisista, as identificações ocorrem através da admiração pelos objetos modeladores, resultando em uma adesividade onde o sujeito se torna uma "sombra" ou "duplo" de outro, ficando "grudado" nele por mera "imitação". Ao longo do processo evolutivo, há o risco de idealizar ou denegrir excessivamente os objetos amorosos interiores.
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