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De acordo com Dalgalarrondo (2018), “o debate sobre normalidade em psicopatologia é um debate vivo, intenso, interessado, repleto de valores (explícitos ou não), com conotações políticas e filosóficas (explícitas ou não) e conceitos que implicam o modo como milhares de pessoas serão situadas em suas vidas na sociedade”. Tal assunto remete a uma extensa reflexão sobre o olhar e o cuidado com o outro, sobre a ética e a prática profissional e sobre os estigmas ainda estabelecidos na sociedade. Muitas vezes, o CAPS é tido como um ambiente que recebe pessoas ainda vistas como seres patológicos limitados em sua condição e não como seres em sua completude. É importante que o profissional seja capacitado para conseguir identificar os fatores que podem distinguir o normal do patológico nesses ambientes, além de olhar para o sujeito como um todo e não como uma doença. Sobre o conceito de normal e patológico em psicopatologia, analise as afirmativas a seguir.

I. Em geral, os critérios que definem o normal e patológico em psicopatologia são bem específicos e delimitados, norteadores e congruentes, correspondendo às funções, os fenômenos preestabelecidos trabalhados e seguindo uma diretriz mais estabilizada, diretiva e eficaz.

II. Normalidade vista como ausência de doença estabelece o critério de saúde como ausência de sintomas ou sinais adoecedores. Tal critério é considerado bastante completo, uma vez que se baseia em uma definição mais objetiva e positiva da normalidade do ponto de vista psicopatológico.

III. Em determinados casos, a utilização associada de vários critérios estabelecidos entre normal e patológico, dependendo do objetivo desejado, pode trazer resultados positivos para um tratamento, considerando ser uma área da psicopatologia que exija uma postura crítica permanente e reflexiva dos profissionais.

IV. Podem ser considerados como fatores neutros, internos e individuais aos interesses e preocupações das pessoas o comportamento e o estado mental; trazendo, muitas vezes, a indiferença perante os demais, ao classificar o comportamento, o sentimento e determinado estado mental desse indivíduo não afeta diretamente em sua vida.

V. Alteração do comportamento e alteração mental com identidade acentuada e de duração longa, que traz sofrimento profundo e disfunções sérias no dia a dia como psicoses graves, deficiência intelectual aprofundada ou demências mais avançadas, são considerados casos extremos e esse delineamento entre normal e patológico não é visto como algo tão problemático.

Está correto o que se afirma apenas em

Resposta:

A alternativa correta é letra B) III e V .

Gabarito Letra B

De acordo com Dalgalarrondo (2018), “o debate sobre normalidade em psicopatologia é um debate vivo, intenso, interessado, repleto de valores (explícitos ou não), com conotações políticas e filosóficas (explícitas ou não) e conceitos que implicam o modo como milhares de pessoas serão situadas em suas vidas na sociedade”. Tal assunto remete a uma extensa reflexão sobre o olhar e o cuidado com o outro, sobre a ética e a prática profissional e sobre os estigmas ainda estabelecidos na sociedade. Muitas vezes, o CAPS é tido como um ambiente que recebe pessoas ainda vistas como seres patológicos limitados em sua condição e não como seres em sua completude. É importante que o profissional seja capacitado para conseguir identificar os fatores que podem distinguir o normal do patológico nesses ambientes, além de olhar para o sujeito como um todo e não como uma doença. Sobre o conceito de normal e patológico em psicopatologia, analise as afirmativas a seguir.

 

 Errado. Não há definições claras da distinção entre normal e patológico. Existem diversos critérios diferentes para fazer essa diferenciação, mas nenhum deles é 100% específico e delimitado, norteador e congruente.

 

 Errado. Esse não é um critério completo, uma vez que ignora diversos fatores.

“Normalidade como ausência de doença. O primeiro critério que geralmente se utiliza é o de saúde como “ausência de sintomas, de sinais ou de doenças”. Segundo expressiva formulação de um dos fundadores das pesquisas médicas de intervenção sobre a dor física, René Leriche (1879-1955), “a saúde é a vida no silêncio dos órgãos” (Leriche, 1936). Normal, do ponto de vista psicopatológico, seria, então, aquele indivíduo que simplesmente não é portador de um transtorno mental definido. Tal critério ébastante falho e precário, pois, além de redundante, baseia-se em uma “definição negativa”, ou seja, define-se a normalidade não por aquilo que ela supostamente é, mas por aquilo que ela não é, pelo que lhe falta (Almeida Filho & Jucá, 2002).”

 

 Certo!

“Portanto, de modo geral, pode-se concluir que os critérios de normalidade e de doença em psicopatologia variam consideravelmente em função dos fenômenos específicos com os quais se trabalha e, também, de acordo com as opções filosóficas do profissional ou da instituição. Além disso, em alguns casos, pode-se utilizar a associação de vários critérios de normalidade ou doença/transtorno, de acordo com o objetivo que se tem em mente. De toda forma, essa é uma área da psicopatologia que exige postura permanentemente crítica e reflexiva dos profissionais.”

   

 Errado. As psicopatologias afetam, e muito, não só o indivíduo acometido, como também todas as pessoas ao seu redor.

 

  Certo!

“Obviamente, quando são casos extremos que estão em discussão, cujas alterações comportamentais e mentais são de intensidade acentuada e de longa duração, com sofrimento mental intenso e disfunções graves no dia a dia, como demências avançadas, psicoses graves ou deficiência intelectual profunda, o delineamento das fronteiras entre o normal e o patológico não é tão problemático. Entretanto, há muitos casos menos intensos e delimitados, além daqueles limítrofes e complexos em sua definição, nos quais a delimitação entre comportamentos, estados mentais e formas de sentir normais ou patológicas é bastante difícil e problemática. Nessas situações, o conceito de normalidade em psicopatologia e saúde mental ganha especial relevância. Na CID-11, o transtorno leve de personalidade (mild personality disorder) é um exemplo infeliz de criação de entidade nosológica que, por ser muito próxima ao comportamento de um grande número de pessoas em geral tidas como normais (p. ex., que, em apenas alguns contextos sociais, apresentam problemas não graves na identidade, alguma dificuldade em relações interpessoais, desempenho no trabalho e em relações sociais), poderá gerar diagnósticos psicopatológicos exagerados e medicalização inapropriada”

 

Assim, apenas III e V estão corretas

Nosso gabarito é Letra B

 

Fonte: Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais  – 3. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2019.

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