Há consenso quanto à importância de se avaliar o luto daqueles atingidos por um desastre, devido aos muitos fatores de risco presentes nessa experiência. O luto desencadeado por desastres tem consequências específicas, por sua natureza. Dentre elas, destaca-se a dificuldade de localizar e identificar corpos, para que os rituais culturais sejam realizados e permitam uma finalização, não do processo do luto, mas da ambiguidade da perda.
O luto resultante da convergência entre o período de tempo e a intensidade de um sintoma específico ou genérico de luto, com o grau de dificuldades de vivenciar aspectos sociais (relacionais) e ocupacionais é chamado de luto
- A) patológico.
- B) complicado.
- C) simples.
- D) diferencial.
Resposta:
A alternativa correta é letra B) complicado.
Gabarito Letra B
O luto resultante da convergência entre o período de tempo e a intensidade de um sintoma específico ou genérico de luto, com o grau de dificuldades de vivenciar aspectos sociais (relacionais) e ocupacionais é chamado de luto
a) patológico.
b) complicado.
c) simples.
d) diferencial.
Essa é uma definição da literatura de luto complicado:
“Discutimos o conceito de luto complicado, com base na definição de Stroebe et al. (2008), que o consideram resultante da convergência entre o período de tempo e a intensidade de um sintoma específico ou genérico de luto com o grau de dificuldades de vivenciar aspectos sociais (relacionais) e ocupacionais. Diversas definições de luto complicado estão presentes na literatura, e o conceito esteve no centro de muitas discussões, tanto acadêmicas como clínicas (Fleming, 2012; Rynaerson, 2012; Stroebe, Schut e Van den Bout, 2013b; Rando et al., 2012; Rando, 2013; Boelen e Prigerson, 2013) para a atualização do manual para diagnóstico de doenças mentais, em sua 5 a versão (DSM-5, 2013). A vertente que valoriza o tempo decorrido entre a perda da pessoa amada e a retomada das atividades rotineiras, com uma qualidade semelhante à anterior, choca-se com aquela que pressupõe a necessidade de um quase radical abandono dos padrões conhecidos, visando à reconstrução ampla. Há, no entanto, consenso quanto à importância de se avaliar o luto daqueles atingidos por um desastre, devido aos muitos fatores de risco presentes nessa experiência (Parkes, 2008; Parkes e Prigerson, 2010; Rynearson, Schut e Stroebe, 2013; Kristensen e Franco, 2011). O luto desencadeado por desastres tem consequências específicas, por sua natureza (Parkes, 2008). Dentre elas, cabe destacar a dificuldade de localizar e identificar corpos, para que os rituais culturais sejam realizados e permitam uma finalização não do processo do luto, mas da ambiguidade da perda (Boss, 2006). Kristensen e Franco (2011) apresentaram situações de desastres nas quais o luto decorrente teve contornos bem definidos e apontaram a necessidade de suporte psicossocial aos afetados, não apenas nos momentos iniciais. Visitar o local do desastre (em condições de segurança), receber informações corretas, participar de celebrações são ações terapêuticas que se incluem entre as que se aproximam das tradicionais, lembrando sempre que se constrói um novo setting a cada desastre”
A questão fica problemática no sentido que traz um conceito específico, e que luto patológico e luto complicado muitas vezes são utilizados como sinônimos.
Fonte: A intervenção psicológica em emergências [recurso eletrônico] : fundamentos para a prática / organização Maria Helena Pereira Franco. – São Paulo : Summus, 2015.
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