A descrição dos quadros de transtornos ligados a traumas e estressores no DSM-5 colabora para a compreensão de crianças que passam por rupturas de vínculos e medidas de acolhimento.
Pode funcionar como fator de proteção contra o desenvolvimento dos transtornos de apego reativo e de interação social desinibida:
- A) o acolhimento em instituições com alta proporção de crianças por cuidador;
- B) as mudanças frequentes de cuidadores ou de instituições de acolhimento;
- C) o padrão persistente de atendimento insuficiente às necessidades de cuidados e afeto;
- D) o acolhimento familiar com atenção individualizada às necessidades emocionais básicas;
- E) a manutenção incondicional e preferencial da criança em seu núcleo familiar de origem.
Resposta:
A alternativa correta é letra D) o acolhimento familiar com atenção individualizada às necessidades emocionais básicas;
Gabarito: Letra D
a) o acolhimento em instituições com alta proporção de crianças por cuidador;
Errado. Quanto maior o número de crianças que cada cuidador é responsável, maiores as chances dessas crianças não receberem cuidados suficientes, sendo este um fator de risco para os transtornos mencionados.
b) as mudanças frequentes de cuidadores ou de instituições de acolhimento;
Errado. Esse é um critério que leva ao transtorno.
“A criança sofreu um padrão de extremos de cuidado insuficiente evidenciado por pelo menos um dos seguintes aspectos:
1. Negligência ou privação social na forma de ausência persistente de atendimento às suas necessidades emocionais básicas de conforto, estimulação e afeto por parte de cuidadores adultos.
2. Mudanças repetidas de cuidadores, limitando as oportunidades de formar vínculos estáveis (p. ex., trocas freqüentes de lares adotivos temporários)”
c) o padrão persistente de atendimento insuficiente às necessidades de cuidados e afeto;
Errado. Essa é outra fonte do transtorno.
d) o acolhimento familiar com atenção individualizada às necessidades emocionais básicas;
Certo! A negligência é o único fator de risco para o transtorno, então essa atenção individualizada é um fator de proteção.
“Negligência social grave é uma exigência diagnóstica para o transtorno de interação social desinibida e também se trata do único fator de risco conhecido para o transtorno. Entretanto, a maioria das crianças gravemente negligenciadas não desenvolve a perturbação. Uma vulnerabilidade neurobiológica pode diferenciar crianças negligenciadas que desenvolvem e não desenvolvem o transtorno. No entanto, ainda não foi estabelecida nenhuma ligação definida com algum fator neurobiológico específico. O transtorno não foi identificado em crianças que sofrem negligência social depois dos 2 anos de idade. O prognóstico está apenas moderadamente associado à qualidade do ambiente de cuidados depois da negligência grave. Em muitos casos, o transtorno persiste até mesmo em crianças cujo ambiente de cuidados melhora de maneira marcante.”
e) a manutenção incondicional e preferencial da criança em seu núcleo familiar de origem.
Errado. A família de origem também pode ser negligente e causar o transtorno.
Nosso gabarito é Letra D.
Referência
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
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