“Uma norma de vida é superior a outra quando comporta o que esta última permite e também o que ela não permite. No entanto, em situações diferentes, há normas diferentes e que, mesmo enquanto diferentes, se equivalem. Desse ponto de vista, todas as normas são normais”. (CAMGUILHEM, Georges. O normal e o patológico. 6ª edição. Rio de Janeiro. Editora forense universitária, 2009. P.71)
Sobre os conceitos de normal e patológico, assinale a alternativa ERRADA:
- A) A definição do que é normal, apesar de ser normativo em determinadas condições, pode se tornar patológico em outra situação, se permanecer inalterado.
- B) O ser vivo doente está normalizado em condições bem definidas, mas perdeu a capacidade de instituir normas diferentes em condições diferentes.
- C) A fronteira entre o normal e o patológico é precisa para indivíduos considerados simultaneamente, mas imprecisa para um indivíduo considerado sucessivamente.
- D) O estado patológico ou anormal não é consequência da ausência de norma. A doença é uma norma de vida que não tolera desvio das condições em que é válida.
Resposta:
A alternativa correta é letra C) A fronteira entre o normal e o patológico é precisa para indivíduos considerados simultaneamente, mas imprecisa para um indivíduo considerado sucessivamente.
Gabarito: Letra C
Sobre os conceitos de normal e patológico, assinale a alternativa ERRADA:
a) A definição do que é normal, apesar de ser normativo em determinadas condições, pode se tornar patológico em outra situação, se permanecer inalterado.
Certo. Veja:
“A fronteira entre o normal e o patológico é imprecisa para diversos indivíduos considerados simultaneamente, mas é perfeitamente precisa para um único e mesmo indivíduo considerado sucessivamente. Aquilo que é normal, apesar de ser normativo em determinadas condições, pode se tornar patológico em outra situação, se permanecer inalterado. O indivíduo é que avalia essa transformação porque é ele que sofre suas conseqüências, no próprio momento em que se sente incapaz de realizar as tarefas que a nova situação lhe impõe.”
b) O ser vivo doente está normalizado em condições bem definidas, mas perdeu a capacidade de instituir normas diferentes em condições diferentes.
Certo. Veja:
“Portanto, devemos dizer que o estado patológico ou anormal não é conseqüência da ausência de qualquer norma. A doença é ainda uma norma de vida, mas uma norma inferior, no sentido que não tolera nenhum desvio das condições em que é válida, por ser incapaz de se transformar em outra norma. O ser vivo doente está normalizado em condições bem definidas, e perdeu a capacidade normativa, a capacidade de instituir normas diferentes em condições diferentes. Há muito tempo já se observou que, na osteartrite tuberculosa do joelho, a articulação se imobiliza em posição defeituosa (chamada posição de Bonnet). Foi Nélaton quem primeiro deu uma explicação ainda hoje clássica: "É raro que o membro se conserve normalmente em posição reta. Com efeito, para acalmar suas dores, os doentes se colocam instintivamente em uma posição intermediária entre a flexão e a extensão, que faz com que os músculos exerçam menos pressão sobre as superfícies articulares" [88, H, 209].
c) A fronteira entre o normal e o patológico é precisa para indivíduos considerados simultaneamente, mas imprecisa para um indivíduo considerado sucessivamente.
Errado. Pelo contrário.
d) O estado patológico ou anormal não é consequência da ausência de norma. A doença é uma norma de vida que não tolera desvio das condições em que é válida.
Certo. Veja:
“Nenhum fato dito normal, por ter se tornado normal, pode usurpar o prestígio da norma da qual ele é a expressão, a partir do momento em que mudarem as condições dentro das quais ele tomou a norma como referência. Não existe fato que seja normal ou patológico em si. A anomalia e a mutação não são, em si mesmas, patológicas. Elas exprimem outras normas de vida possíveis. Se essas normas forem inferiores — quanto à estabilidade, à fecundidade e à variabilidade da vida — às normas específicas anteriores, serão chamadas patológicas. Se, eventualmente, se revelarem equivalentes — no mesmo meio — ou superiores — em outro meio —, serão chamadas normais. Sua normalidade advirá de sua normatividade. O patológico não é a ausência de norma biológica, é uma norma diferente, mas comparativamente repelida pela vida.”
Nosso gabarito é Letra C
Fonte: O normal e o patológico / Georges Canguilhem; tradução de Mana Thereza Redig de Carvalho Barrocas; revisão técnica Manoel Barros da Motta; tradução do posfácio de Piare Macherey e da apresentação de Louis Althusser, Luiz Otávio Ferreira Barreto Leite. - 6.ed. rev. - Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009.
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