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A aplicação precisa da psicopatologia descritiva na prática da psiquiatria é necessária, no mínimo, pelas três razões seguintes:

 

I. A psicopatologia descritiva é a ferramenta profissional fundamental do psiquiatra; ela é possivelmente, a única ferramenta diagnóstica exclusiva do psiquiatra.

 

II. A psicopatologia descritiva diz respeito mais do que à simples realização de uma entrevista clínica com o paciente, ou, até mesmo, ter que escutá-lo, embora deva envolver ambos, necessariamente.

 

III. A psicopatologia descritiva tem utilidade e aplicação clínica.

 

Sobre os itens acima:

Resposta:

A alternativa correta é letra A) Todos os itens estão corretos.

Gabarito Letra A

 

A aplicação precisa da psicopatologia descritiva na prática da psiquiatria é necessária, no mínimo, pelas três razões seguintes:

 

Essa questão é retirada de uma bibliografia específica, como veremos a seguir, mas primeiro, vamos relembrar um pouco do que é a psicopatologia descritiva:

“A psicopatologia descritiva é a disciplina que se ocupa da descrição, definição e classificação dos sinais, dos sintomas e das síndromes mentais. Ela floresceu no século XIX e, no início do século XX, recebeu a importante contribuição de Karl Jaspers, com sua abordagem fenomenológica. (...)

Particularmente na psiquiatria, boa parte dos médicos, principalmente os mais jovens, hoje em dia pouco se interessa pelo estudo da psicopatologia descritiva, apresentando um raciocínio mais ou menos assim: “é perda de tempo distinguir-se uma ideia delirante de uma ideia deliroide, ou uma alucinação verdadeira de uma pseudoalucinação, já que os antipsicóticos irão atuar sobre esses sintomas do mesmo jeito”. De acordo com Berrios & Chen, o surgimento dos sistemas classificatórios psiquiátricos modernos – do RDC 34 e do DSM-III 35 à CID-10 1 e o DSM-IV 2 –, com critérios diagnósticos operacionais, levou a uma ênfase excessiva no diagnóstico nosológico e na sua fidedignidade, em detrimento de questões relativas ao reconhecimento das alterações psicopatológicas, que são definidas de forma imprecisa e ambígua. Apesar disso, segundo Othon Bastos,  as listas de sintomas e glossários desses manuais diagnósticos frequentemente são usadas por iniciantes em substituição aos livros de semiologia e de psicopatologia descritiva. Em psiquiatria, na grande maioria dos casos, os exames complementares por enquanto são pouco úteis para a formulação do diagnóstico. Este é eminentemente clínico. Daí a importância fundamental da semiologia psiquiátrica e da psicopatologia. Nancy Andreasen lamenta o pouco interesse na psicopatologia descritiva por parte dos norte-americanos, mas ressalta a tradição dos europeus nessa área. Segundo ela, de nada adiantará para a psiquiatria todo o progresso que se anuncia nos estudos genéticos e neurocientíficos se não ocorrer o mesmo com a psicopatologia. Afinal, explicação e descrição se complementam: só pode vir a ser explicado o que antes foi descrito. Na psicopatologia descritiva, o estudo dos termos e conceitos é fundamental. A detecção de suas incongruências é um pré-requisito para que se busque uma maior uniformidade, o que pode representar um avanço para essa disciplina.”

 

I. A psicopatologia descritiva é a ferramenta profissional fundamental do psiquiatra; ela é possivelmente, a única ferramenta diagnóstica exclusiva do psiquiatra.

 

II. A psicopatologia descritiva diz respeito mais do que à simples realização de uma entrevista clínica com o paciente, ou, até mesmo, ter que escutá-lo, embora deva envolver ambos, necessariamente.

 

III. A psicopatologia descritiva tem utilidade e aplicação clínica.

 

Como dito anteriormente, a questão foi retirada do livro Sintomas da Mente, de Andrew Sims, que a questão apenas transcreveu, sem mudar nada:

“ A aplicação precisa da psicopatologia descritiva na prática da psiquiatria é necessária, no mínimo, pelas três razões seguintes:

1. A psicopatologia descritiva é a ferramenta profissional fundamental do psiquiatra; ela é possivelmente, a única ferramenta diagnóstica exclusiva do psiquiatra.
2. A psicopatologia descritiva diz respeito mais do que à simples realização de uma entrevista clínica com o paciente, ou, até mesmo, ter que escutá-lo, embora deva envolver ambos, necessariamente.
3. A psicopatologia descritiva tem utilidade e aplicação clínica.

É claro que, para a prática racional da psiquiatria, é necessário o conhecimento de neurociências básicas; o conhecimento factual apropriado da psicologia, da sociologia e da antropologia social também é necessário. Com estes, há uma necessidade de um conhecimento operacional abrangente de medicina geral, especialmente neurologia e endocrinologia. Esta poderia ser considerada a base mínima de conhecimentos, essencial para a prática da psiquiatria.

As bases acadêmicas fundamentais de psiquiatria, no entanto, não são as descritas aqui, e sim a epidemiologia psiquiátrica e a psicopatologia descritiva. A epidemiologia é o estudo da distribuição da doença ou transtorno em uma população definida; na psiquiatria, portanto, ela refere-se ao conhecimento da incidência e da prevalência de diferentes condições psiquiátricas dentro de distintos grupos de pessoas. A psicopatologia descritiva, como ferramenta exclusiva do psiquiatra, pode ser comparada à anamnese e ao exame médico, ferramentas exclusivas do profissional médico. O psiquiatra acrescenta a essas ferramentas gerais da prática médica, de anamnese e exame, os conhecimentos únicos adicionais da psicopatologia descritiva”

 

Considerando que a questão está idêntica a bibliografia, todos os itens estão corretos.

Nosso gabarito é Letra A.

 

Referência

CHENIAUX JR, ELIE, Manual de Psicopatologia. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara. Koogan, 2008

SIMS, Andrew. Sintomas da mente: introdução à psicopatologia descritiva.  Porto Alegre: Artmed Editora, 2001

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