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Leia com atenção o extrato do texto de F. Basaglia:

 

“O psiquiatra dispõe de um poder que até agora não lhe serviu para compreender grande coisa do doente mental e de sua doença, mas que nem por isso deixou de usar para defender-se deles, utilizando como arma principal a classificação das síndromes e as esquematizações psicopatológicas. Por esta razão, o diagnóstico psiquiátrico assumiu o significado de um juízo de valor, de uma rotulação […] O psiquiatra, em seu diagnóstico, prevalece-se de um poder e de uma terminologia técnica para sancionar aquilo que a sociedade já executou, excluindo de si aquele que não se integrou ao jogo do sistema. Mas tal sanção não tem o menor caráter terapêutico, já que se limita a separar o que é normal do que não é, entendida a norma não como um conceito elástico e passível de discussão, mas como algo fixo e ligado aos valores do médico e da sociedade que ele representa” (1985, p. 125).

 

Depreende- se desta leitura sobre as instituições da violência, notadamente o manicômio e o hospital psiquiátrico, que se trataria de uma crise, pois que se estabelece um tipo de relação objetal com o doente. A crise referida é

Resposta:

A alternativa correta é letra B) psiquiátrica e institucional.

   

Leia com atenção o extrato do texto de F. Basaglia:

 

“O psiquiatra dispõe de um poder que até agora não lhe serviu para compreender grande coisa do doente mental e de sua doença, mas que nem por isso deixou de usar para defender-se deles, utilizando como arma principal a classificação das síndromes e as esquematizações psicopatológicas. Por esta razão, o diagnóstico psiquiátrico assumiu o significado de um juízo de valor, de uma rotulação […] O psiquiatra, em seu diagnóstico, prevalece-se de um poder e de uma terminologia técnica para sancionar aquilo que a sociedade já executou, excluindo de si aquele que não se integrou ao jogo do sistema. Mas tal sanção não tem o menor caráter terapêutico, já que se limita a separar o que é normal do que não é, entendida a norma não como um conceito elástico e passível de discussão, mas como algo fixo e ligado aos valores do médico e da sociedade que ele representa” (1985, p. 125).

 

Depreende-se desta leitura sobre as instituições da violência, notadamente o manicômio e o hospital psiquiátrico, que se trataria de uma crise, pois que se estabelece um tipo de relação objetal com o doente. A crise referida é

 

Veja a continuidade do texto:

 

"O problema atual do psiquiatra é, portanto, exclusivamente um problema de escolha, no sentido em que se vê uma vez mais diante da possibilidade de usar os instrumentos ao seu dispor para defender-se do doente do caráter problemático de sua presença. A tentação de aplacar sem delongas a ansiedade que lhe causa essa relação real com o doente é constante; no entanto essa mesma ansiedade é o signo da reciprocidade de sua relação...

 

Assim, o perigo hoje é este: a psiquiatria entrou em uma crise real. A par da ruptura que tal crise ocasiona, seria possível, hoje, que se começasse a vislumbrar o doente mental despojado dos rótulos que até agora O submergiram ou classificaram sob uma função definitiva. Mas o reformismo psiquiátrico já está pronto para partir para o ataque com uma nova solução, certamente um novo rótulo que virá sobrepor-se às velhas estruturas psicológicas. A linguagem é facilmente aprendida e consumida, sem que a palavra corresponda necessariamente a ação consumada ou por consumar (maio de 1967).

 

Crise psiquiátrica, então, ou crise institucional? Uma e outra parecem estar tão estreitamente ligadas que não se pode vislumbrar qual é a conseqüência e qual é causa. Uma e outra apresentam, de fato, um único denominador comum: o tipo de relação objetual estabelecida com o doente. A ciência, ao considerá-lo um objeto de estudo passível de ser desmembrado de acordo com um número infinito de classificações e modalidades; a e instituição, ao considerá-lo (em nome da eficiência da organização ou em nome da rotulação que confirma a ciência) um objeto da estrutura hospitalar com a qual é obrigado a se identificar . . . Não seria necessário, a esta altura, destruir tudo o que se fez, para evitar que se fique preso ao visgo de algo que conserva o germe (o vírus psicopatológico) dessa ciência, cujo resultado paradoxal foi a in- venção do doente à semelhança dos parâmetros que o definiram? A realidade não pode ser definida a priori: no momento mesmo em que é definida, desaparece para tornar-se um conceito abstrato."

 

Fonte: "A Instituição negada: relato de um hospital psiquiátrico" (Basaglia)

 

Com isso, encontramos a resposta na Letra B.


a)  da sociedade.
b)  psiquiátrica e institucional.
c)  da ciência, dos poderes constituídos e das instituições.
d)  do sistema socioeconômico e da sociedade de consumo.

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