O termo “demência precoce”, cunhado por Kraepelin, foi substituído na literatura após a edição do DSM III em prol do termo “esquizofrenia”, de Bleuler.
Considera-se o termo esquizofrenia mais adequado em função:
- A) da não relação da demência com fatores biológicos relativos à idade.
- B) do curso do transtorno não ser inevitavelmente deteriorante.
- C) da realização do diagnóstico diferencial na psicose maníaco depressiva.
- D) dos delírios persecutórios apresentados serem persistentes.
Resposta:
A alternativa correta é letra B) do curso do transtorno não ser inevitavelmente deteriorante.
Gabarito: Letra B
Vamos relembrar algumas explicações sobre a história do termo:
“Geralmente se afirma que o conceito de esquizofrenia tem origem no seu ancestral, o de demência precoce, proposto por Kraepelin na 4a edição de seu tratado (e não na 5a , como é geralmente aceito).1 Kraepelin observou pacientes jovens que, após um período psicótico, sofriam um “enfraquecimento psíquico” (verblödung, em alemão), mas não necessariamente tornavam-se dementes. Isso provavelmente explica que, apesar do nome da doença, observava-se uma evolução favorável em mais de um quarto dos casos. Kraepelin colocou a demência precoce entre os processos degenerativos na 5a edição de seu tratado e, nas subseqüentes, entre os metabólicos. Entretanto, a distinção entre demência precoce e insanidade maníaco-depressiva manteve-se ao longo de todas as edições, o que deu origem à noção de “dicotomia kraepeliniana”. Kraepelin considerava que, como em toda medicina, nenhum conjunto dos sintomas poderia caracterizar qualquer patologia mental, dada sua grande mutabilidade. O curso e o desfecho da doença seriam as vias régias para tal fim. Mesmo na 8a e última edição do seu tratado, Kraepelin manteve a coerência, descrevendo com absoluta precisão todos os sintomas que hoje observamse na esquizofrenia, sem definir qualquer um deles como central para o diagnóstico. No entanto, nessa edição mudou de posição, não em relação aos sintomas isoladamente, mas na definição de duas grandes síndromes que caracterizariam a demência precoce:2 a) “O enfraquecimento das atividades emocionais que formam as molas propulsoras da volição”. b) “A perda da unidade interna das atividades do intelecto, emoção e volição”. A “síndrome avolicional” foi identificada por muitos autores como a primeira descrição de um conjunto de sintomas posteriormente batizados com o nome de “negativos”. Já a “síndrome da perda da unidade interna”, na descrição do próprio Kraepelin, “apresenta-se como no distúrbio das associações descrito por Bleuler, na incoerência do pensamento, nas mudanças intensas do humor e na inconstância do pragmatismo”.2 Tal afirmação não deve surpreender, pois o conceito de esquizofrenia fora proposto por Bleuler em 19083 e publicado em seu livro em 1911,4 antes, portanto, de Kraepelin publicar a última edição de seu tratado. Assim, o conceito de esquizofrenia não representou simplesmente uma substituição ao de demência precoce, sendo que ambos conviveram por alguns anos O que Bleuler denominava esquizofrenia, ou melhor, esquizo frenias (devido aos subtipos), não representava um conceito em oposição ao de demência precoce, mas um aperfeiçoamento de duas variáveis: a dilatação na idade de início do quadro, uma vez que o transtorno poderia aparecer tardiamente e, sobretudo, uma ênfase não no processo evolutivo (eventualmente demencial), mas na valorização de alguns sintomas que seriam denominados fundamentais para o diagnóstico. Esses constituem os famosos 6 “A” (e não 4): distúrbios das associações do pensamento, autismo, ambivalência, embotamento afetivo, distúrbios da atenção e avolição.4 Sintomas como delírios, alucinações, distúrbios do humor ou catatonia eram considerados não essenciais ao diagnóstico e, portanto, acessórios.”
a) da não relação da demência com fatores biológicos relativos à idade.
b) do curso do transtorno não ser inevitavelmente deteriorante.
c) da realização do diagnóstico diferencial na psicose maníaco depressiva.
d) dos delírios persecutórios apresentados serem persistentes.
Nosso gabarito é Letra B.
Deixe um comentário