A alucinose, fenômeno descrito por Dalgalarrondo dentre as alterações da sensopercepção, caracteriza-se principalmente:
- A) pela combinação de várias modalidades sensoriais de alucinação
- B) pela deformação perceptiva de um objeto real e presente
- C) pela ausência de crença na alucinação
- D) pela ocorrência na fase de transição sono-vigília
- E) pelo aumento ou diminuição anormal na intensidade das percepções
Resposta:
A alternativa correta é letra C) pela ausência de crença na alucinação
A alucinose, fenômeno descrito por Dalgalarrondo dentre as alterações da sensopercepção, caracteriza-se principalmente:
Veja o texto de Dalgalarrondo sobre Alucinose, Alucinação, Ilusão e Pseudoalucinação:
"A alteração da sensopercepção denominada alucinose é o fenômeno pelo qual o paciente percebe a experiência alucinatória como estranha a sua pessoa. Assim, os psicopatólogos franceses Henri Charles Jules Claude (1869-1945) e Henri Ey (1900-1977) afirmavam que a característica das alucinoses é serem adequada e imediatamente criticadas pelo sujeito, reconhecendo seu caráter patológico (Cheniaux, 2005).
Nessa condição, embora o paciente veja a imagem ou ouça a voz ou o ruído, está ausente a crença, muito frequente nas psicoses, que o alucinado tem em sua alucinação, na realidade plena dela. O indivíduo permanece consciente de que aquilo é um fenômeno estranho, patológico, não tem nada a ver com sua pessoa, estabelecendo distanciamento entre seu self e o sintoma. Diz-se que a alucinose é um fenômeno periférico ao Eu (é como se o indivíduo assistisse a uma cena de uma peça terrorífica, como se estivesse na plateia), enquanto a alucinação verdadeira é central ao Eu (o indivíduo é “ator” que participa, vive e sofre na trama terrorífica).
A alucinose ocorre com maior frequência em quadros psico-orgânicos; por isso, foi também denominada alucinação neurológica (Cheniaux, 2005).(...)
O fenômeno descrito como ilusão se caracteriza pela percepção deformada, alterada, de um objeto real e presente. Na ilusão, há sempre um objeto externo real, gerador do processo de sensopercepção, mas tal percepção é deformada, adulterada, por fatores patológicos diversos
(...)
Define-se alucinação, desde a primeira metade do século XIX, a época de Esquirol, como a percepção de um objeto, sem que este esteja presente, sem o estímulo sensorial respectivo.(...)
Denominam-se alucinações funcionais quando verdadeiras alucinações (e não ilusões perceptivas) são desencadeadas por estímulos sensoriais. A alucinação funcional difere da ilusão, pois, enquanto esta é a deformação de uma percepção de um objeto real e presente, aquela é uma alucinação (ausência do objeto) apenas desencadeada por um estímulo real. Alguns pacientes relatam, por exemplo, que, quando abrem o chuveiro ou a torneira da pia, começam a ouvir vozes (Narang et al., 2015)."
(...)
A chamada pseudoalucinação (ver revisão em Berrios, 1996) é um fenômeno que, embora se pareça com a alucinação, dela se afasta por não apresentar os aspectos vivos e corpóreos de uma imagem perceptiva real. A pseudoalucinação apresenta mais as características de uma imagem representativa, de uma representação.
"Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais" (Dalgalarrondo)
Com base nisso, encontramos a resposta na Letra C.
a) pela combinação de várias modalidades sensoriais de alucinação
b) pela deformação perceptiva de um objeto real e presente
c) pela ausência de crença na alucinação
d) pela ocorrência na fase de transição sono-vigília
e) pelo aumento ou diminuição anormal na intensidade das percepções
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