A exemplo do que ocorrera em outros países do Ocidente, a menoridade foi no Brasil um dos primeiros objetos de discursos psicológicos, mesmo quando ainda não havia sido regulamentada a profissão de psicólogo, inserindo-se nos aparelhos de controle judiciário e pedagógico. Contudo, na vigência do primeiro código de menores, o que predominava era o higienismo médico, cujas propostas educativas estavam associadas à atribuição de falhas da infância na etiologia do anormal.
Desse modo, segundo Jacques Donzelot, desde o século XIX, a infância tornou-se central para:
- A) a passagem da perícia psiquiátrica restrita para a perícia psiquiátrica generalizada;
- B) a exclusão das famílias empobrecidas em relação à assistência social;
- C) o controle da delinquência nos internatos e instituições para jovens e crianças;
- D) o aumento das taxas de saúde e longevidade e o decréscimo da morbidade e suicídio;
- E) a repressão policial e judicial sobre famílias de classe média e populares.
Resposta:
A alternativa correta é letra A) a passagem da perícia psiquiátrica restrita para a perícia psiquiátrica generalizada;
Segundo Donzelot (1986):
A delinqüência não é mais para eles o produto sempre possível e, nesse caso, "desculpável" de uma perda da razão, momentânea ou duradoura; ela é a manifestação de uma insuficiência originária, de uma anomalia constitutiva, portanto, diagnosticável, previsível. [...] Depois daquele que acidentalmente perdeu alguma coisa, vem o que nunca teve o equipamento físico e moral socialmente necessário". Deslocamento de interesse, que permite a passagem da perícia psiquiátrica restrita à perícia psiquiátrica generalizada.
A partir do trecho acima, torna-se possível selecionar a ALTERNATIVA A como resposta.
As demais opções citam acontecimentos não relacionados com o contexto apresentado. Assim, podemos descartá-las.
Fonte: DONZELOT, Jacques. A polícia das famílias 2ªed. Rio de Janeiro: Graal, 1986.
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