(UEFS BA/2018) Não só o algodão, o bicho-da-seda e a laranjeira introduziram os árabes e mouros na Península: desenvolveram a cultura da cana-de-açúcar que, transportada depois da Ilha da Madeira para o Brasil, condicionaria o desenvolvimento econômico e social da colônia portuguesa na América, dando-lhe organização agrária e possibilidades de permanência e fixidez. O mouro forneceu ao colonizador do Brasil os elementos técnicos de produção e utilização econômica da cana. (Gilberto Freyre. Casa-Grande e Senzala, 1989.)
Gilberto Freyre. Casa-Grande e Senzala, 1989.
Ilustra o argumento do autor sobre os efeitos da economia da cana-de-açúcar na história da colônia do Brasil a referência
- A) à instalação de um complexo econômico constituído pela grande exploração agrícola, aos maquinários para a transformação da matéria-prima e à utilização de trabalho compulsório
- B) à uniformização econômica do extenso território da colônia, à expansão da catequese em meio às populações indígenas e à produção em grande escala do açúcar para o mercado interno
- C) à constituição de uma sociedade nobiliárquica de origem europeia, à submissão da população nativa ao trabalho extenuante da produção tropical e à economia de coleta de produtos nativos
- D) à urbanização das sociedades litorâneas, à chegada de mão de obra estrangeira especializada em equipamentos industriais e ao predomínio da mão de obra europeia imigrante nos trabalhos agrícolas
- E) à formação de governos autônomos no nordeste do Brasil, à liberdade de venda no exterior da produção colonial e aos investimentos de grandes somas de capital em manufaturas têxteis.
Resposta:
A alternativa correta é a letra A.
O texto de Gilberto Freyre destaca a importância da cultura da cana-de-açúcar na formação econômica e social do Brasil colonial, que foi influenciada pelos árabes e mouros que introduziram essa cultura na Península Ibérica. A cana-de-açúcar foi a base de um complexo econômico que envolvia a grande propriedade rural (a casa-grande), os engenhos para a produção do açúcar, a exportação para o mercado europeu e a utilização de trabalho compulsório, principalmente de escravos africanos.
As demais alternativas não ilustram o argumento do autor, pois:
- A alternativa B está incorreta, pois a economia da cana-de-açúcar não uniformizou o território colonial, mas se concentrou na região Nordeste, principalmente no litoral. Além disso, a produção do açúcar era voltada para o mercado externo, não para o interno.
- A alternativa C está incorreta, pois a sociedade colonial não era nobiliárquica, mas senhorial, formada por uma elite agrária que detinha o poder econômico e político. A população nativa não foi submetida ao trabalho da cana-de-açúcar, mas resistiu à colonização e foi alvo de guerras e catequese. A economia de coleta de produtos nativos, como o pau-brasil, não foi predominante na colônia.
- A alternativa D está incorreta, pois a economia da cana-de-açúcar não provocou a urbanização das sociedades litorâneas, mas sim a formação de núcleos urbanos secundários, dependentes dos engenhos. A mão de obra estrangeira especializada em equipamentos industriais era escassa na colônia, assim como a mão de obra europeia imigrante nos trabalhos agrícolas, que era minoritária em relação à mão de obra escrava.
- A alternativa E está incorreta, pois a economia da cana-de-açúcar não gerou a formação de governos autônomos no Nordeste, mas sim a subordinação à metrópole portuguesa, que controlava o comércio colonial. A produção colonial não tinha liberdade de venda no exterior, mas estava sujeita ao pacto colonial, que restringia o comércio aos portugueses. Os investimentos em manufaturas têxteis eram proibidos na colônia, pois contrariavam os interesses da metrópole.
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