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Alguns vírus são usados no controle biológico de pragas na agricultura. Os Baculovírus, por exemplo, são inimigos naturais da lagarta da soja. O setor agrícola brasileiro economiza milhões de reais anualmente em defensivos agrícolas, com a utilização desse método.


Marque a opção que indica a razão pela qual essa prática não é nociva ao ambiente.

Resposta:

A alternativa correta é letra D) Como os vírus são específicos ao seu hospedeiro, outras espécies não são afetadas, quando comparadas ao uso dos inseticidas convencionais.

GABARITO LETRA D

 

d)  Como os vírus são específicos ao seu hospedeiro, outras espécies não são afetadas, quando comparadas ao uso dos inseticidas convencionais.

 

Os baculovírus são uma família de vírus que infectam artrópodes, majoritariamente aqueles da ordem dos Lepidoptera (borboletas, mariposas), Diptera (moscas) e Hymenoptera (vespas, abelhas, formigas). Olhando para os insetos afetados, podemos entender por que estes vírus tem tanto potencial na agricultura, para o controle de pragas. Dentro desta família de vírus, o Baculovírus anticarsia é a espécie usada como agente biológico de controle da lagarta da soja, Anticarsia gemmatalis.

 

Estes vírus são altamente específicos ao seus respectivos hospedeiros, sendo que a literatura científica tem comprovado que "o vírus é inofensivo a microrganismos, outros invertebrados (exceto alguns insetos), vertebrados e plantas" (DE CASTRO, M.E.B et al.;BIOLOGIA MOLECULAR DE BACULOVÍRUS E SEU USO NO CONTROLE BIOLÓGICO DE PRAGAS NO BRASIL;Pesq. agropec. bras., Brasília, v.34, n.10, p.1733-1761, out. 1999). Os benefícios do uso do vírus como controle da praga também são bastante expressivos:

Diferentemente de vários inseticidas químicos, o uso do AgNPV (Nucleopoliedrovírus de A. gemmatalis) no controle da praga A. gemmatalis é vantajoso, pela possibilidade de produção do vírus no campo, em larga escala, a custos inferiores aos inseticidas químicos disponíveis no mercado; pela grande capacidade de recuperação da soja à desfolha; pela não-ocorrência simultânea de outras pragas importantes na cultura, o que permite o uso de um inseticida biológico muito específico, como o AgNPV; e pelas estratégias de difusão da tecnologia aos agricultores (DE CASTRO, M.E.B et al; 1999).

Essa especificidade do vírus é muito importante, pois garante que sua aplicação não vai afetar outras populações de insetos importantes  para a polinização (como as abelhas), de invertebrados diversos que podem atuar positivamente para a lavoura (como aranhas e minhocas) e nem de microrganismos do solo. Além disso, os vírus não são poluentes, não contaminam o lençol freático ou os rios e por consequência não causam fenômenos de bioacumulação/biomagnificação, eventos esses que podem vir a desencadear doenças crônicas em humanos, tais como câncer. 

  

a)  Os vírus, por serem acelulares, não oferecem riscos aos seres celularesINCORRETA

Essa alternativa é totalmente contraditória com o enunciado da questão. Se os vírus não causassem danos em seres celulares, como seria possível que eles fossem capazes de matar as lagartas da soja? Nossos conhecimentos de biologia já esclareceram que os vírus são dependentes do metabolismo de uma célula (eucarionte ou procarionte) para a realização de funções como replicação de seu material genético (DNA/RNA) e produção das biomoléculas formadoras de seus envoltórios (proteínas - capsídeos; lipídeos (às vezes) - envelope lipídico). É esse sequestro da maquinaria celular que dá origem aos efeitos patogênicos dos vírus. 

 

b)  Os vírus, embora não sejam específicos, somente se multiplicam dentro de células e, no meio ambiente, permanecem inativos.  INCORRETA

Os vírus são específicos! A maioria das espécies de vírus consegue infectar um número limitado de hospedeiros, sendo que alguns conseguem infectar apenas uma espécie (como o vírus da varíola). O vírus depende do metabolismo de uma célula para "rodar" o programa de seu material genético, logo ele peremptoriamente precisa ser capaz de entrar nessa célula. Para tanto, o envoltório do vírus é dotado de proteínas, glicoproteínas ou algum outro aparato bioquímico que lhe permita esse acesso, uma espécie de "chave". É por isso que os vírus, muitas vezes, não só são específicos a alguns hospedeiros (aqueles que compartilham características comuns o suficiente para a "chave" do vírus funcionar), mas também são específicos a alguns tipos de células daquele(s) hospedeiros (como o HIV que infecta apenas  linfócitos T CD4+). 

 

c)  Como os vírus são seres de estrutura simples, eles são incapazes de causar danos ao meio ambiente.  INCORRETA

Os vírus não são tão simples assim. Um virion (denominação dada ao conjunto de componentes que compõem o vírus) tem até 6 componentes estruturais: material genético (DNA ou RNA); capsídeo, nucleocapsídeo; capsômeros, envelope e peplômeros. Estes componentes podem ser arranjados em 5 morfologias distintas:

 

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%ADrus

 

Além disso não é a simplicidade ou complexidade da estrutura do vírus o fator relevante aqui. Os vírus não causam danos ao meio ambiente simplesmente porque, ao contrário dos inseticidas, eles não causam poluição, não exterminam populações inteiras dos mais variados seres ao mesmo tempo, não causam bioacumulação nem biomagnificação. E isso se deve a especificidade vírus-hospedeiro. 

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