A psicologia social comunitária é filha legítima da psicologia social e nasceu no Brasil a partir da reflexão sobre a intervenção em comunidades ribeirinhas, pequenas cidades no nordeste do País, nas favelas e bairros operários de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Enfim, foi aos poucos se instalando como prática psicológica e militância. Aproveitou‑se da experiência de psicólogos argentinos, chilenos, peruanos e venezuelanos. Hoje, é um campo de atuação importante e consistente. Assinale a alternativa que não se aplica à prática da psicologia social comunitária.
- A) A psicóloga reuniu o grupo de mulheres produtoras de pequenas esculturas de barro, na região da Ilha do Ferro, em Alagoas, às margens do Rio São Francisco, e discutiu a condição feminina dessas mulheres, o trabalho de artesanato, a possibilidade de eliminar os atravessadores que exploram o trabalho artístico dessas mulheres, fortalecendo relações e condições de vida e trabalho.
- B) No CRAS, a psicóloga atendeu uma família (a mãe e seus cinco filhos cujo mais velho tinha 8 anos de idade) em condições precárias e, como ela fazia parte de uma população sem possibilidade de buscar autonomia junto ao seu grupo de pertencimento, pela sua fragilidade, orientou‑a como se inscrever no Bolsa Família, a receber a cesta básica e fazer o cadastro para conseguir emprego.
- C) No bairro do Campeche, em Florianópolis‑SC, a psicóloga organizou com a população da região um projeto de horta comunitária que está produzindo o suficiente para atender todas as famílias da região. As pessoas passam pela horta e recolhem o necessário como pés de alface e couve, frutas, legumes variados. Quem pode, dedica algumas horas de trabalho no cuidado da horta que ocupa um grande terreno público ao lado de uma unidade básica de saúde.
- D) Um psicólogo na cidade de Osasco, região metropolitana de São Paulo, organizou um grupo com mães de um bairro mais pobre para discutir direitos humanos e a alta incidência de mortes de jovens, principalmente jovens negros. O grupo conseguiu apoio de advogados e de outros profissionais que discutiam com essas mães e orientavam os jovens desse bairro.
- E) Em Dourados, MS, região de conflito entre fazendeiros e a população indígena, principalmente Kaiowás, Terenas e Guaranis Ñandeva, cujas reservas são reconhecidas, mas estão sob constantes ameaças pela proximidade do núcleo urbano e de grandes fazendas, um grupo de psicólogos ligados à UFMS e à Católica Dom Bosco esteve acompanhando as lideranças indígenas e trabalhando com a população indígena em vários segmentos visando à proteção e às garantias de segurança desses povos.
Resposta:
Alternativa B) A psicologia social comunitária tem como um de seus princípios fundamentais a promoção da autonomia e do empoderamento das comunidades com as quais trabalha. Isso envolve fortalecer as capacidades locais para que as pessoas possam tomar decisões e agir por si mesmas, visando melhorar suas condições de vida e trabalho.
Na alternativa B, a psicóloga orienta uma família em condições precárias a se inscrever em programas de assistência governamental, como o Bolsa Família, e a receber cestas básicas. Embora essas ações possam ser importantes para garantir o bem-estar imediato da família, elas não contribuem diretamente para o desenvolvimento da autonomia ou para o fortalecimento da comunidade. A prática descrita na alternativa B é mais assistencialista e não está alinhada com o objetivo de promover a autonomia que é central na psicologia social comunitária.
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