No texto “Racismo e sexismo na cultura brasileira”, Gonzalez (2020) afirma:
- A) O mito da democracia racial nunca teve aceitação no Brasil.
- B) O racismo se constitui como a sintomática que caracteriza a neurose cultural brasileira.
- C) O suporte epistemológico da Psicanálise de Freud e Lacan não servem à análise do problema das relações raciais.
- D) O rito carnavalesco no Brasil, que eleva a mulata à condição de rainha, é um ato subversivo e antirracista.
- E) As colocações do cientista social Caio Prado Júnior sobre o tema da escravidão são referência para a autora como bom exemplo para o enfrentamento do problema do racismo e do sexismo no Brasil.
Resposta:
A alternativa correta é letra B) O racismo se constitui como a sintomática que caracteriza a neurose cultural brasileira.
No texto “Racismo e sexismo na cultura brasileira”, Gonzalez (2020) afirma:
a) O mito da democracia racial nunca teve aceitação no Brasil.
Incorreto. Essa afirmativa não está de acordo com o texto de Gonzalez. Veja:
"A longa epigrafe diz muito além do que ela conta. De saída, o que se percebe é a identificação do dominado com o dominador. E isso já foi muito bem analisado por um Fanon, por exemplo. Nossa tentativa aqui é a de uma indagação sobre 0 porquê dessa identificação. Ou seja, o que foi que ocorreu para que o mito da democracia racial tenha tido tanta aceitação e divulgação? Quais foram os processos que teriam determinado sua construção? O que é que ele oculta, para além do que mostra? Como a mulher negra é situada no seu discurso?"
Fonte: “Racismo e sexismo na cultura brasileira” (Gonzalez)
b) O racismo se constitui como a sintomática que caracteriza a neurose cultural brasileira.
Correto. Essa afirmativa está de acordo com o seguinte texto:
"O lugar em que nos situamos determinará nossa interpretação sobre o duplo fenômeno do racismo e do sexismo. Para nós o racismo se constitui como a sintomática que caracteriza a neurose cultural brasileira. Nesse sentido, veremos que sua articulação com o sexismo produz efeitos violentos sobre a mulher negra em particular. Consequentemente, o lugar de onde falaremos põe um outro, aquele que habitualmente vínhamos colocando em textos anteriores. E a mudança foi se dando a partir de certas noções que, forçando sua emergência em nosso discurso, nos levaram a retornar à questão da mulher negra numa outra perspectiva. Trata-se das noções de mulata, doméstica e mãe preta."
Fonte: “Racismo e sexismo na cultura brasileira” (Gonzalez)
c) O suporte epistemológico da Psicanálise de Freud e Lacan não servem à análise do problema das relações raciais.
Incorreto. Essa afirmativa não está de acordo com o texto abaixo:
"Nosso suporte epistemológico se dá a partir de Freud e Lacan, ou seja, da psicanálise. Justamente porque como nos diz Jacques-Alain Miller, em sua Teoria da Alíngua:
'O que começou com a descoberta de Freud foi uma outra abordagem da linguagem, uma outra abordagem da língua, cujo sentido só veio à luz com sua retomada por Lacan. Dizer mais do que sabe, não se saber que diz, dizer outra coisa que não o que se diz, falar para não dizer nada, não são mais, no campo freudiano, os defeitos da língua que justificam a criação das línguas formais. Estas são propriedades inelimináveis e positivas do ato de falar. e Psicanálise e lógica, uma se funda sobre o que a outra elimina. A análise encontra seus bens nas latas de lixo da lógica. Ou ainda: a análise desencadeia o que a lógica domestica.'"
Fonte: “Racismo e sexismo na cultura brasileira” (Gonzalez)
d) O rito carnavalesco no Brasil, que eleva a mulata à condição de rainha, é um ato subversivo e antirracista.
Incorreto. Esse não é o posicionamento da autora. Veja:
"O mito que se trata de reencenar aqui é o da democracia racial. E é justamente no momento do rito carnavalesco que o mito é atualizado com toda a sua força simbólica. E é nesse instante que a mulher negra se transforma em única e exclusivamente na rainha, na ‘mulata deusa do meu samba’, ‘que passa com graça/ fazendo pirraça/ fingindo inocente/ tirando o sossego da gente’. (…)"
Fonte: “Racismo e sexismo na cultura brasileira” (Gonzalez)
e) As colocações do cientista social Caio Prado Júnior sobre o tema da escravidão são referência para a autora como bom exemplo para o enfrentamento do problema do racismo e do sexismo no Brasil.
Incorreto. A autora critica as colocações de Caio Prado Junior.
Portanto, a alternativa correta é a Letra B.
Deixe um comentário