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A afirmativa de que o positivismo, na procura da objetividade dos fatos, perdera o ser humano decorreu de uma análise crítica de um conhecimento minucioso enquanto descrição de comportamentos que, no entanto, não dava conta do ser humano agente de mudança, sujeito da história. O homem ou era socialmente determinado ou era causa de si mesmo: socio-logismo vs biologismo? Se por um lado a psicanálise enfatizava a história do indivíduo, a sociologia recuperava, através do materialismo histórico, a especificidade de uma totalidade histórica concreta na análise de cada sociedade. Portanto, caberia à Psicologia Social recuperar o indivíduo na intersecção de sua história com a história de sua sociedade apenas este conhecimento nos permitiria compreender o homem como produtor da história. (Lane, 1984, p. 13).

 

Segundo a afirmativa, pode-se verificar que as abordagens críticas ao modelo dominante de Psicologia Social no Brasil até a década de 1970:

Resposta:

A alternativa correta é letra A) têm por base o modelo científico das ciências naturais, com ênfase positivista.

Gabarito: Letra A

 

Segundo a afirmativa, pode-se verificar que as abordagens críticas ao modelo dominante de Psicologia Social no Brasil até a década de 1970:

 

Para responder essa questão, vamos ver mais um trecho do que vem em seguida ao apresentado no enunciado:

 

“Na medida em que o conhecimento positivista descrevia comportamentos restritos no espaço e no tempo, sem considerar a inter-relaçào infra e superestrutural, estes comportamentos, mediados pelas instituições sociais, reproduziam a ideologia dominante, em termos de freqüência observada, levando a considerá-los como “naturais” e, muitas vezes, "universais” . A ideologia, como produto histórico que se cristaliza nas instituições, traz consigo uma concepção de homem necessária para reproduzir relações sociais, que por sua vez são fundamentais para a manutenção das relações de produção da vida material da sociedade como tal.

Na medida em que a história se produz dialeticamente, cada sociedade, na organização da produção de sua vida material, gera uma contradição fundamental, que ao ser superada produz uma nova sociedade, qualitativamente diferente da anterior. Porém, para que esta contradição não negue a todo momento a sociedade que se produz, é necessária a mediação ideológica, ou seja, valores, explicações tidas como verdadeiras que reproduzam as relações sociais necessárias para a manutenção das relações de produção.

Deste modo, quando as ciências humanas se atêm apenas na descrição, seja macro ou microssocial, das relações entre os homens e das instituições sociais, sem considerar a sociedade como produto histórico-dialético, elas não conseguem captar a mediação ideológica e a reproduzem como fatos inerentes à “natureza” do homem. E a Psicologia não foi exceção, principalmente, dada a sua origem biológica naturalista, onde o comportamento humano decorre de um organismo fisiológico que responde a estímulos. Lembramos aqui Wundt e seu laboratório, que, objetivando construir uma psicologia científica, que se diferenciasse da especulação filosófica, se preocupa em descrever processos psicofisiológicos em termos de estímulos e respostas, de causas-e-efeitos. Nesta tradição e no entusiasmo de descrever o homem enquanto um sistema nervoso complexo que o permitia dominar e transformar a natureza, criando condições sui-generis para a sobrevivência da espécie, os psicólogos se esqueceram de que este homem, junto com outros, ao transformar a natureza, se transformava ao longo da história. (...)

Não negamos a psicobiologia nem as grandes contribuições da psiconeurologia. Afinal, elas descrevem a materialidade do organismo humano que se transforma através de sua própria atividade, mas elas pouco contribuem para entendermos o pensamento humano e que se desenvolve através das relações entre os homens, para compreendermos o homem criativo, transformador — sujeito da história social do seu grupo. Se a Psicologia apenas descrever o que -é observado ou enfocar o Indivíduo como causa e efeito de sua individualidade, ela terá uma ação conservadora, estatizante — ideológica — quaisquer que sejam as práticas decorrentes. Se o homem não for visto como produto e produtor, não só de sua história pessoal mas da história de sua sociedade, a Psicologia estará apenas reproduzindo as condições necessárias para impedir a emergência das contradições e a transformação social.”

 

Percebemos pela bibliografia que tradicionalmente a psicologia usava o modelo científico das ciências naturais e consideravam o empirismo e a pesquisa experimental como única forma legítima de produção do conhecimento, mas as abordagens críticas da psicologia social, que tem Lane como um expoente, criticam essa visão.

A abordagem crítica da psicologia social considerava que a ciência não poderia ser isenta ao estudar a realidade social, e deveria buscar compreender o homem como ser em movimento. Inclusive, o livro de que são tiradas essas passagens se chama “Psicologia social: o homem em movimento.”

 

Assim, o gabarito diz que a resposta é Letra A, mas entendemos que a resposta correta é Letra C.

 

Referência

Lane, S. T. M., & Codo, W. (Orgs.). (1984). Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense.

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