A violência social constitui um processo complexo e multidimensional que pode ser associado à vida no coletivo, também complexo, de forma de discriminação cruzada, em que as dimensões de etnia, deficiência, falta de reconhecimento cultural, falta de recursos sociais e econômicos frequentemente se combinam, dando corpo a formas de opressão estrutural e naturalizando diversas expressões de violência social.
Considerando esses aspectos, assinale a assertiva incorreta.
- A) A hipersexualização das mulheres pode ser entendida como forma de violência social que pode gerar a invisibilização de muitas formas de exercício de uma cidadania participativa num quadro de ativismo com as comunidades.
- B) O assédio sexual no local de trabalho constitui violência social sobre as mulheres, contribuindo para a invisibilização da mitigação das suas cidadanias.
- C) O "dever moral" das mulheres para o trabalho reprodutivo, no contexto familiar, nas suas diferentes dimensões de procriação e cuidado, pode ser compreendido como uma violência.
- D) Devido à tradição do patriarcado, a sociedade brasileira deve aceitar a violência contra a mulher como natural e legitimar a violência como uma prática típica da nossa cultura.
Resposta:
A alternativa correta é letra D) Devido à tradição do patriarcado, a sociedade brasileira deve aceitar a violência contra a mulher como natural e legitimar a violência como uma prática típica da nossa cultura.
Gabarito Letra D
A violência social constitui um processo complexo e multidimensional que pode ser associado à vida no coletivo, também complexo, de forma de discriminação cruzada, em que as dimensões de etnia, deficiência, falta de reconhecimento cultural, falta de recursos sociais e econômicos frequentemente se combinam, dando corpo a formas de opressão estrutural e naturalizando diversas expressões de violência social.
Considerando esses aspectos, assinale a assertiva incorreta.
a) A hipersexualização das mulheres pode ser entendida como forma de violência social que pode gerar a invisibilização de muitas formas de exercício de uma cidadania participativa num quadro de ativismo com as comunidades.
Certo!
“Também a hipersexualização, como forma de violência social, além do propósito claro de posicionamento e objetificação das mulheres, como seres capazes de provocar e satisfazer desejo (mas cujo direito ao desejo e ao prazer não é ainda integralmente reconhecido) resulta da e na negação de representações das mulheres como seres capazes de profissionalidade e de participação na vida pública, no sentido convencional, e nos espaços ‘novos’ de participação que têm sido desbravados por algumas mulheres e homens. Pode assim dizer-se que a hipersexualização é também geradora da invisibilização de muitas formas de exercício de uma cidadania participativa pelas mulheres (MACEDO; COSTA, 2006) num quadro de ativismo com as comunidades, e como seres capazes de desejo e de provocar ação, num quadro de realização e de felicidade pessoal.”
b) O assédio sexual no local de trabalho constitui violência social sobre as mulheres, contribuindo para a invisibilização da mitigação das suas cidadanias.
Certo!
“O assédio sexual no local de trabalho, “como forma de discriminação baseada no sexo […] que envolve comportamentos indesejados pelas pessoas que deles são alvo e, consequentemente, atentatórios da sua dignidade e liberdade” (CIG, 2014, p. 175) constitui ainda violência social sobre as mulheres, contribuindo também para a invisibilização da mitigação das suas cidadanias. O mesmo resulta da sujeição exacerbada ao desgaste pelo trabalho (demasiado) árduo e da alocação das mulheres numa perspectiva de produção e reprodução que mais não faz do que proceder à exploração da sua força de trabalho, situando-as muitas vezes num quadro de desumanização (FREIRE, 1981) e obstaculizando a construção de relações dialógicas, de escuta mútua, colaborativa entre mulheres e homens como parceiros nesse - e noutros – contextos, seja ao nível do trabalho po litico formal ou informal, na prestação de serviços, ou em contexto rural, apenas para referir alguns.”
c) O "dever moral" das mulheres para o trabalho reprodutivo, no contexto familiar, nas suas diferentes dimensões de procriação e cuidado, pode ser compreendido como uma violência.
Certo!
“Por sua vez, como tem sido estudado em perspectivas distintas, a prevalência de uma racionalidade instrumental à execução de tarefas interiorizadas como “dever moral” pelas mulheres sob influência social e cultural constitui também violência. Pode entender-se que, ao expulsar […] o desejo, a afetividade e a necessidade, a razão deontológica os reprime e estabelece a moralidade em oposição à felicidade. A função do dever é comandar a natureza interna, não de a formar nas melhores direções. Já que todo o desejo é igualmente suspeito, não temos forma de distinguir quais os desejos que são bons, que irão expandir as capacidades da pessoa e as suas relações com os outros, e os que vão restringir a pessoa e implementar a violência. […] O objetivo da razão é em consequência controlar e censurar o desejo. (YOUNG, 1987, p. 63).
d) Devido à tradição do patriarcado, a sociedade brasileira deve aceitar a violência contra a mulher como natural e legitimar a violência como uma prática típica da nossa cultura.
Errado. Nenhuma forma de violência deve jamais ser encarada como natural.
Nosso gabarito é Letra D.
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