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Raul Seixas escreveu uma das canções brasileiras mais interessantes para a associação com o tema da Identidade pela ótica psicossociológica, nestes versos:

Sobre o que é o amor

Sobre o que eu nem sei quem sou

Se hoje sou estrela, amanhã já se apagou

Se hoje eu te odeio, amanhã lhe tenho amor

Lhe tenho amor

Lhe tenho horror

Lhe faço amor

Eu sou um ator

Prefiro ser esta metamorfose ambulante.

(Raul Seixas)

Sobre o tema da Identidade para a Psicologia Sócio-histórica, marque a opção que está mais adequada do ponto de vista teórico:

Resposta:

A alternativa correta é letra B) A interpenetração de personagens que estruturam a identidade no contexto das relações sociais garante o processo de metamorfose da identidade, que não é cristalizado, mas movimento dialético entre estabilidade/transformação.

 

A questão está baseada no livro "Psicologia Social Contemporânea" de Jacques et al..

 

Vejamos os trechos utilizados como referência:

 

"Quando se referem ao conceito de identidade, os autores empregam expressões distintas como imagem, representação e conceito de si; em geral, referem-se a conteúdos como conjunto de traços, de imagens, de sentimentos que o indivíduo reconhece como fazendo parte dele próprio. Na literatura norte-americana, o termo consagrado é "self" ou "self-concept", correspondendo a conceito de si; a tradição europeia privilegia a noção de representação de si. A identidade pode ser representada pelo nome, pelo pronome eu ou por outras predicações como àquelas referentes ao papel social. No entanto, a representação de si através da qual é possível apreender a identidade é sempre a representação de um objeto ausente (o si mesmo). Sob este ponto de vista, a identidade se refere a um conjunto de representações que responde a pergunta "quem és".

 

(...)

 

Em parte por esta dificuldade conceptual, os sistemas identificatórios são subdivididos e a identidade passa a ser qualificada como identidade pessoal (atributos específicos do indivíduo) e/ou identidade social (atributos que assinalam a pertença a grupos ou categorias); esta última ainda recebe predicativos mais específicos como identidade étnica, religiosa, profissional, etc. Jurandir Freire Costa a (1989) emprega a qualificação "identidade psicológica" para se referir a um predicado universal e genérico definidor por excelência do humano em contraposição a apenas um atributo do eu ou de algum eu como é a identidade social, étnica ou religiosa, por exemplo.

 

Habermas (1990) refere-se a "identidade do eu" que se constitui com base na "identidade natural" e na "identidade de papel" a partir da integração dessas através da igualdade com os outros e da diferença em relação aos outros. Com base no pressuposto interrelacional entre as instâncias individual e social, a expressão "identidade psicossocial" vem sendo empregada (NETO, 1985), buscando dar conta desta articulação. Constata-se, portanto, o uso de predicativos diversos para qualificar os diferentes sistemas identificatórios que constituem a identidade.

 

(...)

 

Antônio Ciampa (1987), psicólogo social brasileiro que de longa data vem se dedicando ao estudo da identidade, refere-se à presença de múltiplos personagens (embora a aparência de totalidade que a identidade evoca) que ora se conservam, ora se sucedem, ora coexistem, ora se alternam. A interpenetração entre os vários personagens que, por sua vez, interpenetram-se com outros personagens no contexto das relações sociais, garantem a processualidade da identidade enquanto repetição diferenciada, emergindo um outro que também é parte da identidade. O autor emprega o termo “metamorfose” para expressar este movimento.

 

Se necessário se fez superar a dicotomia individual/social para compreender o processo de constituição da identidade, a noção de metamorfose implica articular estabilidade/transformação. A estabilidade é marcante no contexto da identidade, cuja etimologia remete a idem, no latim, o mesmo. Esta noção conferida ao conceito tem suscitado inúmeras críticas por não dar conta da processualidade que lhe é própria.

 

(...)

 

É importante, também, não limitar o conceito de identidade de ao autoconsciência ou autoimagem. A identidade é o ponto de referência a partir do qual surge o conceito de si e a imagem de si, de caráter mais restrito."

 

Fonte: "Psicologia Social Contemporânea" (Jacques et al.)

 

Com isso, encontramos a resposta na Letra B.

 

a)  Mesmo diante da pluralidade de teorias sobre a identidade, presente na Psicologia, o conceito de "self" ou "self-concept", como entendido por neurocientistas norte-americanos e psicólogos humanistas de origem europeia, é predominante também entre psicólogos sociais.


b)  A interpenetração de personagens que estruturam a identidade no contexto das relações sociais garante o processo de metamorfose da identidade, que não é cristalizado, mas movimento dialético entre estabilidade/transformação.


c)  O conceito de "identidade psicossocial" compreende os processos identitários como sociais e históricos, eliminando-se, assim, as instâncias individuais, impossíveis de depuração científica.


d)  A concepção de metamorfose, apresentada por teóricos como Antônio Ciampa, supera a concepção de estabilidade nos processos de gestão da identidade, onde o devir é a máxima que suspende o lapso estanque da estabilidade.


e)  O conceito de identidade para a Psicologia Sócio-histórica pode ser definido pelas concepções de autoconsciência ou autoimagem, dada a aproximação da teoria das identidades sociais com a construção das representações sociais.

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