Com as tensões latentes e, após o exemplo dos inconfidentes mineiros, a Coroa portuguesa passou a vigiar mais de perto seus súditos da América. Em 1794, membros da Sociedade Literária do Rio de Janeiro foram acusados de conspiração. Denunciados às autoridades locais pelas reuniões noturnas, dez integrantes permaneceram presos por mais de três anos. Para a metrópole, desbaratava-se a suposta Conjuração do Rio de Janeiro e afastava-se o risco de uma nova Rebelião (Campos, 2009). No Brasil oitocentista, essas e outras revoltas, na maioria das vezes duramente reprimidas pela metrópole lusitana, tinham também em comum:
- A) O cunho social que predominava inequivocamente as revoltas, cujo objetivo principal era a equidade econômica entre todos.
- B) As ideologias que influenciavam, ou mesmo sustentavam os projetos revolucionários, oriundos, em grande parte, da ilustração europeia.
- C) O grupo social que protagonizava as ações e fomentava o movimento, ou seja, cidadãos de baixa renda e pouca representatividade social.
- D) O destino iminente de todos os conjurados ou inconfidentes, a saber, a punição exemplar da pena de morte, usual no Brasil daquele período.
Resposta:
A alternativa correta é letra B) As ideologias que influenciavam, ou mesmo sustentavam os projetos revolucionários, oriundos, em grande parte, da ilustração europeia.
Gabarito: Letra B
As ideologias que influenciavam, ou mesmo sustentavam os projetos revolucionários, oriundos, em grande parte, da ilustração europeia.
As revoltas coloniais que ocorreram no século XVIII foram marcadas pela oposição a algumas medidas ou figuras políticas ligadas à Coroa Portuguesa e que eram entendidas como prejudiciais aos colonos. Em cada região que eclodiram rebeliões havia discrepâncias econômicas que marcaram os lugares de ocorrência dos movimentos.
No século XVIII com a difusão do movimento iluminista essas ideias de contestação às autoridades ou medidas régias ganharam contornos de insatisfação com a monarquia portuguesa e geraram conspirações que pretenderam separar regiões importantes da Coroa, em função do seu caráter econômico, como a conjuração mineira de 1789, em Minas Gerais ou transformar uma capitania em mais "democrática" ou republicana, com ideias de igualdade e liberdade, como a tentativa organizada em Salvador em 1798, que ficou conhecida como conjuração baiana.
Nas Conjurações Mineira e Baiana houve circulação das ideologias iluministas que foram postas em ação nas revoluções das 13 colônias e na França. Essa difusão era feita através de livros contrabandeados e panfletos contendo ideias de liberdade e igualdade.
A Conjuração do Rio de Janeiro (1794) foi diferente das outras duas conjurações. Ela não foi um movimento que pretendia derrubar a monarquia. Era antes de tudo um movimento intelectual onde os letrados do Rio de Janeiro se reuniam em sociedades literárias para discutir, comentar e estudar as obras iluministas. A Coroa Portuguesa entendeu essas reuniões como uma suspeita de conjuração, ordenando o fechamento dessas sociedades. Como as reuniões sobreviveram ao fechamento desses espaços e continuaram nas casas dos letrados, a Coroa decidiu realizar uma devassa para apurar se havia a intenção de organizar um movimento para acabar com a monarquia. Os suspeitos foram presos, mas não foi descoberto nenhum plano para a concretização de uma sedição.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: O cunho social que predominava inequivocamente as revoltas, cujo objetivo principal era a equidade econômica entre todos.
As conjurações tinham caráter social distinto. O movimento em Minas teve pouca participação popular, sendo os adeptos em sua maioria, membros da elite colonial. A Conjuração Baiana foi diferente, pois contou com a participação de pessoas de camadas mais populares, como soldados e artesãos, escravizados, libertos, brancos pobres e alguns membros da elite que se reuniam em sociedades de estudos de obras iluministas.
Letra C: O grupo social que protagonizava as ações e fomentava o movimento, ou seja, cidadãos de baixa renda e pouca representatividade social.
As conjurações tinham participantes de diversos estratos sociais. Enquanto o movimento em Minas teve pouca participação popular, sendo os adeptos em sua maioria, membros da elite colonial, assim como a Conjuração do Rio que reunia intelectuais e letrados, a Conjuração Baiana foi diferente, pois contou com a participação de pessoas de camadas mais populares, como soldados e artesãos, escravizados, libertos, brancos pobres e alguns membros da elite que se reuniam em sociedades de estudos de obras iluministas.
Letra D: O destino iminente de todos os conjurados ou inconfidentes, a saber, a punição exemplar da pena de morte, usual no Brasil daquele período.
Nem todos os conjurados tiveram o mesmo destino. Na Conjuração Mineira, grande parte dos conspiradores tiveram como pena principal o exílio. Apenas Tiradentes foi executado pelo crime de lesa-majestade. Na Conjuração do Rio, os intelectuais foram presos, mas depois libertados, pois não o inquérito não apontou para a organização de um levante contra a Coroa. Na Conjuração Baiana, quatro participantes foram condenados à morte na forca e, depois esquartejados, sendo partes dos corpos exibida em praça pública, assim como havia ocorrido a Tiradentes.
Referências:
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2000.
KARNAL, Leandro et al. Viver história 8º ano. São Paulo: Moderna, 2022.
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
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