“Em Pernambuco e sua área de influência – as províncias do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas -, o processo de independência apresentou trajetória peculiar. Afinal, foi naquela região que eclodira em 1817, ainda sob a presença da corte joanina no trópicos, um movimento político cujo objetivo era instituir um regime que pretendia ser, no final de contas, republicano.”
Silva, Luiz Geraldo S. da. O avesso da Independência: Pernambuco (1817 – 24). In: Malerba
J. (Org.) A independência brasileira: novas dimensões. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.
(Adaptado).
– Sobre a Revolução Pernambucana de 1817 marque a opção correta:
- A) Na Região do Cariri Cearense, José Martiniano de Alencar, integrante de rica e poderosa família, leu na Igreja Matriz de Crato, mensagem de Pernambuco e proclamou a República;
- B) Com duração extremamente efêmera - 75 dias em Pernambuco e 8 dias no Ceará -, a Revolução Pernambucana de 1817 não teve nenhuma influência ou repercussão no movimento de Independência e nas demais lutas na formação do Estado Nacional Brasileiro, como a Confederação do Equador;
- C) Mesmo tendo grande repercussão, a Revolução Pernambucana de 1817 não chegou a ameaçar o Estado Monárquico Lusitano. Com isso, os líderes do movimento foram perdoados pelos seus atos durante o movimento. Com isso, os integrantes do movimento revolucionário de 1817 voltaram a se rebelar na Confederação do Equador em 1824;
- D) Com grande articulação com as ideias e os projetos que emanavam desde o Rio de Janeiro, os revolucionários de 1817 em Pernambuco e suas áreas de influência, como o Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas, almejavam a manutenção da unidade nacional e o fortalecimento das medidas do fisco e das ordens da monarquia e da corte sediada no Rio de Janeiro desde 1808;
- E) Os integrantes da Revolução Pernambucana de 1817 estavam alinhados com o projeto de centralização política e administrativa do Rio de Janeiro. Dessa forma, foram os adversários locais que estavam em lados opostos em Olinda (portugueses) e Recife (holandeses) que combateram e derrotaram os Revolucionários, inclusive no sul da então província do Ceará.
Resposta:
A alternativa correta é letra A) Na Região do Cariri Cearense, José Martiniano de Alencar, integrante de rica e poderosa família, leu na Igreja Matriz de Crato, mensagem de Pernambuco e proclamou a República;
Gabarito: ALTERNATIVA A
Silva, Luiz Geraldo S. da. O avesso da Independência: Pernambuco (1817 - 24). In: Malerba J. (Org.) A independência brasileira: novas dimensões. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. (Adaptado).
- - Sobre a Revolução Pernambucana de 1817 marque a opção correta:
A Revolução Pernambucana (1817) se deu no contexto das grandes transformações do Período Joanino (1808-1821). Com a transferência da família real para o Brasil, instalando a corte no Rio de Janeiro, houve uma importante expansão dos impostos sobre a colônia, que passava a ter de sustentar praticamente sozinha a monarquia portuguesa e as campanhas militares no Prata. Ao mesmo tempo, a reestruturação administrativa e militar da vida colonial implicou num franco favorecimento da nobreza portuguesa sobre a elite colonial, colocando portugueses em postos de comando em toda a colônia, principalmente nas Forças Armadas - desprestigiando as elites locais. Desprestigiados e tendo de pagar mais impostos, os principais nomes da vida colonial em Pernambuco começaram a organizar uma onda de insurreições para proclamar uma república na região, o que contava com o apoio de diversos grupos como latifundiários, clérigos, magistrados, profissionais liberais e estudantes. O clima geral de insatisfação facilitou o alastramento da revolta em direção ao sertão, acionando as elites de Alagoas, Rio Grande do Norte e Paraíba a favor das ideias dos pernambucanos. Ainda que cada grupo tivesse suas motivações muito próprias, há de se destacar que as questões eram, no máximo, regionais, não se tratando de um levante para libertar até o Rio de Janeiro, mas sim de um união de elites e de pessoas proeminentes da vida nordestina em favor de um rompimento contra o poder central. Assim, analisemos as alternativas propostas.
- a) Na Região do Cariri Cearense, José Martiniano de Alencar, integrante de rica e poderosa família, leu na Igreja Matriz de Crato, mensagem de Pernambuco e proclamou a República;
Também referido na bibliografia como "A Independência do Crato", o episódio marca a adesão da cidade à Revolução Pernambucana. José Martiniano era o subdiácono do Crato e fizera seus estudos em Olinda, onde tomara grande contato com as insatisfações e com os ideais independentistas dos pernambucanos. Martiniano, em plena Matriz de Crato, leria mensagem vinda de Pernambuco sobre a revolução e proclamaria a independência da cidade, iniciando a breve adesão à experiência revolucionária. No entanto, a república proclamada seria rapidamente sufocada por lideranças locais, que se mantiveram fiéis à monarquia católica de Portugal. ALTERNATIVA CORRETA.
- b) Com duração extremamente efêmera - 75 dias em Pernambuco e 8 dias no Ceará -, a Revolução Pernambucana de 1817 não teve nenhuma influência ou repercussão no movimento de Independência e nas demais lutas na formação do Estado Nacional Brasileiro, como a Confederação do Equador;
A Confederação do Equador (1824) foi um movimento marcadamente urbano que mobilizou intelectuais, militares e políticos na contestação contra o projeto centralizador de D. Pedro I e buscando uma afirmação brasileira sobre a presença lusa no nordeste. Além disso, inspirava-se no destino republicano e liberal da América para afirmar a posição ilegítima das potências europeias no continente, bem como buscava uma forma constitucional e federalista de organização política. Esse esforço chegou mesmo a tentar o apoio dos Estados Unidos para viabilizar a manutenção da revolução. Aderindo à forma republicana, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará se levantaram em favor da Confederação, que também esperava a adesão do Piauí e do Pará como uma grande forma federativa e republicana contra o modelo imperial centralizado por D. Pedro I na Constituição de 1824. Tal movimento estava amplamente inspirado na revolução de 1817, sendo mais uma das rebeliões pernambucanas, cujo ciclo só se encerraria no período regencial. Alternativa errada.
- c) Mesmo tendo grande repercussão, a Revolução Pernambucana de 1817 não chegou a ameaçar o Estado Monárquico Lusitano. Com isso, os líderes do movimento foram perdoados pelos seus atos durante o movimento. Com isso, os integrantes do movimento revolucionário de 1817 voltaram a se rebelar na Confederação do Equador em 1824;
Houve grande repressão contra o movimento de 1817. Além de um número expressivo de mortes em combate, os revolucionários foram presos e degredados em péssimas condições, levando vários deles à morte. Ainda que tenha sido militarmente derrotada, a revolução abalou o projeto centralista de D. João VI de formar um grande império a partir do Rio de Janeiro. A dificuldade imposta pelos rebeldes foi expressiva e a ação do governo central, brutal. Além disso, a capitania de Pernambuco seria punida com o desmembramento do território alagoano. Alternativa errada.
- d) Com grande articulação com as ideias e os projetos que emanavam desde o Rio de Janeiro, os revolucionários de 1817 em Pernambuco e suas áreas de influência, como o Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas, almejavam a manutenção da unidade nacional e o fortalecimento das medidas do fisco e das ordens da monarquia e da corte sediada no Rio de Janeiro desde 1808;
Como explicado acima, a Revolução de 1817 tinha um aspecto separatista de enfrentamento aos excessos tributários da monarquia hospedada no Rio de Janeiro. Além disso, seria apenas com a Confederação do Equador que essas outras regiões seriam afetadas - até porque não havia uma capitania das Alagoas à época da revolução de 1817. Alternativa errada.
- e) Os integrantes da Revolução Pernambucana de 1817 estavam alinhados com o projeto de centralização política e administrativa do Rio de Janeiro. Dessa forma, foram os adversários locais que estavam em lados opostos em Olinda (portugueses) e Recife (holandeses) que combateram e derrotaram os Revolucionários, inclusive no sul da então província do Ceará.
Como já explicado, os revoltosos se levantaram contra o poder central por conta dos grandes encargos tributários da Coroa portuguesa sobre as capitanias. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.
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