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Assim, na manhã quente de 8 de novembro de 1799, segundo o frei, as tropas de linha ocuparam desde cedo a Praça da Liberdade, amplo quadrilátero localizado no centro de Salvador. O povo curioso não parava de chegar […]. Logo após, os condenados a degredo caminhavam de mãos atadas às costas, precedidos do porteiro do Conselho, com as insígnias do seu cargo, seguido dos quatro réus condenados à pena capital pelo crime de lesa-majestade de primeira cabeça (VALIM, 2009). A respeito da Conjuração Baiana, assinale a alternativa incorreta.

Resposta:

A alternativa correta é letra C) Conjuração Baiana foi uma revolta social de caráter burguês, que ocorreu na Bahia em 1798. Recebeu uma importante influência dos ideais do Renascimento Cultural e Revolução Industrial

Gabarito: Letra C

 

A questão deseja saber qual das alternativas é a incorreta.

 

A incorreta é a letra C, pois a Conjuração Baiana não foi uma revolta social burguesa e nem recebeu influência do Renascimento e da Revolução Industrial.

 

O que foi a Conjuração?

 

Foi um movimento popular composto por homens livres, pardos, escravos, artesãos, alfaiates e militares de baixa patente contra a administração portuguesa na Bahia em 1798. Além disso, o movimento lutou contra a crise de abastecimento alimentício pela qual passava a cidade de Salvador.

 

Segundo Boris Fausto, o levante foi a primeira expressão de uma corrente de raiz popular que combinou aspirações independentistas com reivindicações sociais.

 

O levante tinha inspirações nos ideais iluministas que proclamavam a liberdade dos indivíduos, o republicanismo, a vontade popular como força de transformação. Concretamente já havia ocorrido movimentos revolucionários de caráter parecido em São Domingos (atual Haiti) e na França que serviram de exemplos para os revolucionários de Salvador.

 

As demais estão certas, pois:

 

Letra A: Condenados por conspirarem contra a Coroa de Portugal, dois alfaiates e dois soldados foram considerados os réus do movimento qualificado pelas autoridades do Tribunal da Relação da Bahia, em 1799, de “Sedição dos Mulatos”

 

De acordo com Patrícia Valim, um dos primeiros documentos produzidos durante o contexto da revolta classificou o movimento como uma sedição dos mulatos. Em 1799, quatro homens foram enforcados e esquartejados na Praça da Piedade, em Salvador. Condenados por conspirarem contra a Coroa portuguesa, os alfaiates João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira e os soldados Lucas Dantas de Amorim Torres e Luiz Gonzaga das Virgens e Veiga foram considerados os réus do movimento.

 

Letra B: Parte dos historiadores que versaram sobre a Conjuração Baiana de 1798, perceberam certo grau de coerência entre a tentativa de participação política dos setores populares e a ideia de república.

 

Como em História tudo gera discussão e debates, parte da historiografia, sobretudo a do século XX, enxergou nos escritos dos participantes do movimento uma defesa do ideal republicano. Assim como o próprio nome do acontecimento (Conjuração Baiana) já foi identificado por nomenclaturas diferentes ao longo da historiografia nacional.

 

Letra D:  A Conjuração Baiana de 1798 deixa de ser um evento de identificação regional, para tornar-se o representante das mais profundas aspirações de amplos setores da sociedade brasileira

 

Essa foi uma visão dos historiadores e estudiosos da formação brasileira na década de 1930 a 1950. Segundo Patrícia Valim, autores como Caio Prado Jr. E Affonso Ruy enxergaram esse evento como uma “ponte” para a transformação do estado brasileiro. Ao ver na conjuração ideias nacionalistas (Caio Prado Jr.) e socialistas (Affonso Ruy), cada pesquisador ao seu modo associou o acontecimento de 1798 às suas expectativas e/ou desejos de mudança no país durante as décadas de 1930 a 1950.

  

Letra E: Esse movimento defendia a emancipação política do Brasil, ou seja, o fim do pacto colonial com Portugal e a instauração e implantação da República

 

A conjuração foi entendida pelos historiadores como um movimento que visava à independência do Brasil, logo, poria fim ao chamado Pacto Colonial, já que o Brasil independente não guardaria mais relações com a metrópole. Para alguns desses historiadores, o evento de 1798 seria um prelúdio, possibilitando que suas ideias sejam recuperadas nos acontecimentos do século XIX que pleitearam a independência, como, por exemplo, a Revolução Pernambucana.

 

Referências:

 

FAUSTO, Boris. História do Brasil. 2ª edição. São Paulo: EdUSP, 1995

 

VALIM, Patrícia. Da Sedição dos mulatos à Conjuração Baiana de 1798: a construção de uma memória histórica. Dissertação de Mestrado em História. São Paulo: USP, 2007.

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