Por um lado, Napoleão representou o fim do processo revolucionário iniciado em 1789, impondo a unidade das facções e um governo autoritário e personalista que nada tinha que ver com as aspirações dos revolucionários republicanos radicais de 1789. Por outro lado, transformou alguns princípios revolucionários em instituições e leis estáveis, como o Código Civil − que regulamentou a relação entre pessoas livres e iguais −, além de espalhar seus ideais por toda a Europa, com a força de seus exércitos.
(Adaptado de: NAPOLITANO, Marcos et al. História para o Ensino Médio. São Paulo: Atual Editora, 2013, p. 374)
Os “princípios revolucionários” da Revolução Francesa mencionados no texto influenciaram diretamente os defensores da luta contra o domínio português. O movimento ocorrido no século XVIII, composto por distintos setores sociais, incluindo homens livres e libertos, que se enquadrou nesse perfil foi a
- A) Cabanagem.
- B) Conjuração Baiana.
- C) Revolta dos Malês.
- D) Balaiada.
- E) Revolução Praieira.
Resposta:
A alternativa correta é letra B) Conjuração Baiana.
Gabarito: ALTERNATIVA B
- a) Cabanagem.
Com poucas ligações efetivas com o Rio de Janeiro, a província do Grão-Pará viveu uma rebelião popular entre 1835 e 1840 em decorrência de disputas da elite local. Os revoltosos entendiam que o país vivia uma degeneração dos princípios do Império, com um governo ilegítimo - a Regência - fazendo multiplicar as iniquidades pelo país. Sem propor um modelo alternativo de governo, os cabanos tomaram o controle de Belém em 1835 reunindo uma tropa essencialmente popular e espalharam e rebelião pelo interior. A resposta central veio com o uso da força para expulsá-los de Belém e com o controle dos rios para estrangular as redes de abastecimento e de comércio dos revoltosos, que saíram derrotados do conflito. Estima-se que as perdas gravitem em torno dos 20% de toda população da província. Alternativa errada.
- b) Conjuração Baiana.
A Conjuração Baiana (1798-1799) emergiu das contradições e das dificuldades vividas no ambiente da sua capitania. Salvador vivia ciclos de fome ao mesmo tempo em que a sociedade assumia uma configuração bastante singular: negros e mulatos (livres e libertos) vinham constituindo uma classe de trabalhadores urbanos (muitos deles, alfaiates) e autônomos com importante capacidade de articulação política. Nos anos anteriores, a escassez de alimentos atingiu níveis gravíssimos e deflagrou revoltas e saques em diversos pontos de Salvador. Paralelamente, negros e mulatos compunham cerca de 80% da população da capitania, e a noção de pertencimento e de revolta dos libertos contra a escravidão dava uma capacidade explosiva às mobilizações sociais na Bahia. Influenciados pelos acontecimentos no Haiti, pela Revolução Francesa e pelo pensamento iluminista, esses trabalhadores urbanos conspiraram pela proclamação de uma republica baiana independente, com fortes vínculos com a França revolucionária e livre da escravidão. Ou seja, a revolta tinha como ponto focal as questões mais importantes da vida da capitania, pretendendo libertá-la dos dilemas fundamentais que assolariam o país no século seguinte. ALTERNATIVA CORRETA.
- c) Revolta dos Malês.
Ocorrida em Salvador em 1835, a Revolta dos Malês foi, de fato, a mais conhecida das rebeliões escravas da história brasileira. Tratou-se de um levante de um dia em que escravos de origem islâmica se organizaram para tomar a cidade de Salvador ao insuflar uma rebelião geral dos cativos. Por serem muçulmanos, esses escravos tiveram, antes da captura para o cativeiro, uma importante educação formal, sendo muitos deles alfabetizados e conscientes de suas situações. Ilustrados, esses cativos alcançaram um nível importante de organização e de coordenação que lhes viabilizaram o levante contra a escravidão e a imposição da fé católica. Ainda que não tenha durado sequer um dia inteiro, a Revolta do Malês foi um dos grandes símbolos da fragilidade da Regência e da resistência negra à escravidão. Alternativa errada.
- d) Balaiada.
Concentrada no Sul do Maranhão e no interior do Piauí, a Balaiada foi uma sublevação popular decorrente de disputas das elites locais. Reclamando sobre os abusos das autoridades e animados por uma profusão de insatisfações, os populares se levantaram em armas e chegaram a ocupar Caxias, a segunda maior cidade maranhense. Defendendo a sacralidade da monarquia e da fé católica, os revoltosos entendiam que as elites locais estavam traindo a Constituição e os princípios da liberdade. Pouco organizados, os revoltosos foram esmagados pelas forças regulares do governo central entre 1840 e 1841, apesar de terem permanecidos desde 1838. Alternativa errada.
- e) Revolução Praieira.
Ocorrida entre 1848 e 1850 em Pernambuco, a Revolução Praieira foi uma curiosa conjunção de insatisfações políticas com certo ideário de modernização socialista vindo das cidades. Sempre muito aguerrida, a província pernambucana vinha acumulando insatisfações contra o governo central por conta da centralização de poderes ao mesmo tempo em que críticas sociais se espalhavam nos jornais da região. Se os senhores de terra estavam insatisfeitos com a ascensão dos conservadores ao poder, aumentando as ingerências imperiais sobre Pernambuco; os citadinos sustentavam que as dificuldades vividas decorriam tanto das ações do governo central quanto da presença de portugueses dominando o comércio varejista na província. Nesse núcleo urbano da Revolução Praieira, certo republicanismo dialogava com algumas ideias socialistas, exigindo o fim do Poder Moderador, a organização de um federalismo e a nacionalização do comércio, bem como o sufrágio universal. Os principais ataques dos revoltosos ocorreram a partir dos senhores de engenho liberais, que assediaram Recife com uma força de cerca de 2500 homens, sendo repelidos sem maiores dificuldades pelas forças regulares. Em forma de guerrilhas, os combates se estenderam até 1850, mas sem oferecer nenhum risco real para o poder central. Alternativa errada.
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