O que ocorreu na Bahia de 1798, ao contrário das outras situações de contestação política na América portuguesa, é que o projeto que lhe era subjacente não tocou somente na condição, ou no instrumento, da integração subordinada das colônias no império luso.
Dessa feita, ao contrário do que se deu nas Minas Gerais 1798, a sedição avançou sobre a sua decorrência.
JANCSÓ, I; PIMENTA, J.P. Peças de um mosaico. In: MOTA, C.G. (Org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 2000.
A diferença entre as sedições abordadas no texto encontrava-se na pretensão de
- A) eliminar a hierarquia militar.
- B) abolir a escravidão africana.
- C) anular o domínio metropolitano.
- D) suprimir a propriedade fundiária.
- E) extinguir o absolutismo monárquico
Resposta:
A alternativa correta é letra B) abolir a escravidão africana.
Gabarito: Letra B (abolir a escravidão africana.)
A questão compara dois movimentos sediciosos que ocorreram no século XVIII.
O primeiro é a Inconfidência ou Conjuração Mineira de 1789, que pretendia separar a capitania de Minas Gerais da metrópole portuguesa e o segundo movimento ocorrido em 1798 é conhecido como Conjuração Baiana ou Conjuração dos Alfaiates, que pretendia separar a capitania da Bahia de Portugal.
Esses dois movimentos embora lutassem pela independência de suas capitanias, diferiram em muitos pontos, como, por exemplo, a questão da abolição da escravidão.
Na Inconfidência Mineira não havia um consenso sobre a libertação dos escravos, sendo mais comum a ideia de que o movimento não deveria contar com a participação desse grupo. Além do mais, boa parte dos organizadores da Inconfidência eram proprietários de escravos, o que causou um certo desconforto ao se tocar nesse ponto, pois a emancipação dos escravizados, prejudicaria a mão de obra desses senhores.
Já na Conjuração Baiana, o fim da escravidão figurava entre as principais propostas dos organizadores do movimento, isso porque boa parte dos organizadores eram pertencentes a grupos econômicos mais populares, como, libertos, militares de baixa patente e artesãos e a abolição era uma condição importante para se garantir a liberdade e a igualdade tão defendida pelos adeptos do movimento.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: eliminar a hierarquia militar.
Em ambos movimentos não havia a ideia de se eliminar a hierarquia militar.
Letra C: anular o domínio metropolitano.
Os dois movimentos buscaram se emancipar do domínio metropolitano, cada qual a seu modo. Na Inconfidência Mineira, o projeto era garantir a autonomia da região de Minas, dotando-a de governo próprio sob a forma de República, com inspiração no modelo dos EUA. Na Bahia, no ano de 1798, os organizadores do movimento também pretenderam separar a Bahia de Portugal, transformando-a em uma república igualitária, semelhante à República Jacobina Francesa. Mas não pretenderam separar a colônia por inteiro da metrópole, ou seja, não pretendiam garantir a independência do Brasil. Seus limites de independência eram restritos às suas respectivas capitanias.
Letra D: suprimir a propriedade fundiária.
A Inconfidência Mineira não tinha por objetivo abolir a propriedade fundiária, pois alguns dos participantes da organização eram proprietários de terras e escravos. Na Conjuração Baiana esse assunto não foi abordado pelos participantes da conjuração.
Letra E: extinguir o absolutismo monárquico
Os dois movimentos buscaram se emancipar do domínio metropolitano, cada qual a seu modo. Na Inconfidência Mineira, o projeto era garantir a autonomia da região de Minas, dotando-a de governo próprio sob a forma de República, com inspiração no modelo dos EUA. Na Bahia, no ano de 1798, os organizadores do movimento também pretenderam separar a Bahia de Portugal, transformando-a em uma república igualitária, semelhante à República Jacobina Francesa. Mas não pretenderam acabar com o absolutismo monárquico português, e sim, emancipar os territórios de Minas e Bahia da Coroa, transformando-os em repúblicas.
Referências:
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 2ª edição. São Paulo: EdUSP, 1995.
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
Deixe um comentário