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O Brasil é o paraíso? Os celtas já falavam de uma terra, ao sul da Irlanda, chamada Hy Brazil, uma “ilha afortunada” que constava nos mapas dos cartógrafos da época dos Descobrimentos e no imaginário europeu sobre o Novo Mundo. Um mito, cujos vestígios ainda podem ser identificados nos dias de hoje, retratado pela gravura de Jean de Léry (1586).

Tupinambás e demônios, gravura, Jean de Léry, America tertia pars, séc. XVI. Disponível em: <www.historiaviva.com.br>. Acesso em: 14 maio 2017.

Antes mesmo da chegada de Colombo ao território que depois seria chamado de América e de Cabral realizar a sua “descoberta”, uma imagem do Brasil, herdada da cultura celta e fenícia povoava o imaginário dos europeus.

Sobre essas imagens que inspirariam as futuras narrativas sobre o Brasil, assinale V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

( ) A crença e a esperança de que, existia no além-mar, algo nunca visto, o paraíso na terra eram parte do fascínio do Novo Mundo.

( ) Ao chegarem ao Brasil, holandeses, franceses, portugueses e ingleses deram início à inserção do país no cenário global.

( ) Os portugueses, por questões de estratégia e de diplomacia, mantiveram em sigilo qualquer documento e relato sobre suas descobertas do Novo Mundo.

( ) Em 1550, na França, um grupo de indígenas brasileiros encenou danças, rituais e lutas, todos nus, em apresentação para a corte francesa do rei Henrique II.

( ) Em 1714, um comerciante francês relatou suas impressões sobre os brasileiros, considerando que a abundância fizera com que esse povo se tornasse indolente.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.

Resposta:

A alternativa correta é letra D) V V V V V.

Gabarito da banca: Letra D

 

Meu gabarito: Anulada por falta de alternativa.

   

Vamos analisar as proposições.

 

(V) A crença e a esperança de que, existia no além-mar, algo nunca visto, o paraíso na terra eram parte do fascínio do Novo Mundo.

 

Uma parte das navegações foi orientada sob uma visão antiga de que existiam localidades com muitas riquezas e tesouros, verdadeiros paraísos terrestres onde a natureza era bela, selvagem e exótica, os rios eram recheados de ouro e prata, as paisagens eram férteis, as populações eram inocentes e puras, ou seja, havia uma crença de em algum lugar da Terra seria encontrado o Jardim do Éden das escrituras sagradas.

 

(V) Ao chegarem ao Brasil, holandeses, franceses, portugueses e ingleses deram início à inserção do país no cenário global.

 

Cada uma dessas nações buscava dentro da lógica expansionista-mercantilista ocupar o território do Brasil bem como obter as matérias-primas que a colônia produzia. Holandeses, ingleses, portugueses e franceses ao tentarem implementar o processo de colonização acabaram contribuindo com um papel significativo na inserção do país no cenário global. Os portugueses foram os primeiros a chegar, em 1500, com a expedição liderada por Pedro Álvares Cabral, e estabeleceram uma presença duradoura, colonizando e explorando o território. Os franceses também tentaram estabelecer colônias no Brasil, especialmente na região da atual cidade de São Luís, no Maranhão, e na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, mas suas tentativas foram em grande parte infrutíferas. Os holandeses, por sua vez, invadiram partes do nordeste brasileiro durante o período conhecido como Domínio Holandês (1630-1654), quando estabeleceram o chamado Brasil Holandês, que incluía cidades como Recife e Salvador. No entanto, foram expulsos pelos portugueses após conflitos prolongados. Os ingleses também tiveram uma presença no Brasil, embora menos significativa em termos de colonização. Eles estabeleceram algumas bases e postos de comércio, principalmente durante o século XVIII.

 

(F) Os portugueses, por questões de estratégia e de diplomacia, mantiveram em sigilo qualquer documento e relato sobre suas descobertas do Novo Mundo.

 

A banca considerou essa proposição como verdadeira, mas discordo. Segundo Joaquim Romero de Magalhães, a Coroa Portuguesa não elaborou sigilo sobre as informações de suas descobertas no Novo Mundo. Pelo contrário, eles fizeram um esforço para documentar e divulgar suas explorações e descobertas nas terras recém-encontradas. Além disso, a própria monarquia portuguesa enviou relatórios e cartas informando sobre a descoberta da nova terra aos reis e nobres da Europa. Essas informações eram compartilhadas entre os países para estabelecer reivindicações territoriais, promover o comércio e atrair investimentos em futuras expedições. Os portugueses também realizaram várias expedições exploratórias ao longo do litoral brasileiro e mapearam grande parte do território. A partir dessas explorações, foram produzidos mapas e relatórios detalhados, que foram disponibilizados para outros navegadores e exploradores. Para complementar, ainda nas primeiras décadas do século XV, os franceses começaram a explorar a costa do Brasil obtendo pau-brasil através de escambo com os indígenas.

 

(V) Em 1550, na França, um grupo de indígenas brasileiros encenou danças, rituais e lutas, todos nus, em apresentação para a corte francesa do rei Henrique II.

 

Em 1550, na cidade francesa de Rouen, houve uma festividade para receber o rei Henrique II e a rainha Catarina de Médicis. Nesse evento de consagração ao rei houve desfile de vários carros alegóricos e uma representação de uma aldeia com a presença de indígenas tupinambás e figurantes europeus fantasiados de indígenas, vegetação organizada para se aproximar da tropical, papagaios, saguis e outros animais tropicais, cabanas imitando as habitações indígenas. Nesse cenário, os tupinambás fazem o papel de si mesmos: caçam com o arco e flecha, dançam, balançam na rede, comercializam pau-brasil com marinheiros normandos e combatem seus inimigos tabajaras.

 

(V) Em 1714, um comerciante francês relatou suas impressões sobre os brasileiros, considerando que a abundância fizera com que esse povo se tornasse indolente.

 

A narrativa de um comerciante francês que esteve no século XVIII no nordeste do Brasil corrobora a visão etnocêntrica e eurocêntrica sobre os brasileiros: estes são considerados como indivíduos decadentes em comparação com o Velho Mundo. Enquanto na Europa, há muito trabalho a ser feito, parece que no Brasil, as riquezas já estão disponíveis e a população não precisa do trabalho.

   

Referências:

 

CARDOSO, João Marcos. Festa e trabalho. A encenação Tupinambá na entrada em Rouen de Henrique II em 1550. REVISTA BBM São Paulo n. 2 pp. 281-307 jan./jun. 2020.

 

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visão do paraíso: os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2000.

 

MAGALHÃES, Joaquim Romero. "Quem descobriu o Brasil?". In: FIGUEIREDO, Luciano (Org.) História do Brasil para ocupados: os mais importantes historiadores apresentam de um jeito original os episódios decisivos e os personagens fascinantes que fizeram o nosso país. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.

 

SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

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