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O escravismo assumiu diferentes conotações conforme os contextos históricos. Sobre a escravidão no Brasil Colônia, assinale a alternativa correta.

Resposta:

A alternativa correta é letra B) A escravidão moderna no Brasil colonial – diferentemente da escravidão em algumas regiões da África – era essencialmente comercial/mercadológica.

Gabarito: ALTERNATIVA B

  

O escravismo assumiu diferentes conotações conforme os contextos históricos. Sobre a escravidão no Brasil Colônia, assinale a alternativa correta.

  • a)  A escravidão moderna no Brasil colonial reproduzia o mesmo sistema escravista que ocorria na África desde o século XV.

A própria noção de "escravidão moderna" foi construída para destacar das formas tradicionais de escravidão. Também presente na Antiguidade Clássica, a escravidão tradicional não era baseada em aspectos raciais, mas sim em formas sociais de relação dentro de um universo cultural relativamente compartilhado - o que se verificava, de fato, na África do século XV. Nesse ambiente, é aceita de maneira difusa a escravização de prisioneiros de guerra e de filhos de escravos, além da escravidão por dívidas. São antes laços de honra culturalmente compartilhados que sustentam essas práticas entre sociedades relativamente próximas. Já a escravidão moderna não pressupõe laços culturais elementares entre senhor e cativo, mas sim trocas comerciais e a negação da humanidade por critérios raciais. Ou seja, ainda que nos dois casos haja a escravização, os seus processo de legitimação e de formação são radicalmente diferentes: a escravidão moderna não exigia o reconhecimento mútuo, privilegiando as relações comerciais e patrimoniais, o que permitia que uma sociedade completamente alheia a uma realidade específica passasse a escravizar. Alternativa errada.

 
  • b)  A escravidão moderna no Brasil colonial – diferentemente da escravidão em algumas regiões da África – era essencialmente comercial/mercadológica.

Como comentado acima, as formas tradicionais de escravidão, ainda que obviamente perversas, tinham pressupostos culturais entre ambos os lados da relação. Um prisioneiro de guerra reconhecia como legítimo o cativeiro que lhe era imposto pelo vencedor, bem como este reconheceria caso fosse derrotado. São esquemas simbólico-culturais que operam entre ambos de maneira a dar legitimidade ao fato social da escravidão. Já a escravidão moderna não parte de práticas culturais, mas sim das relações comerciais, sobre as quais deitam todo o seu peso. O mercador de escravo na África dispunha de seus cativos porque conquistou esse "direito" dentro daquelas práticas cultuais, enquanto o senhor de escravos na América dispõe porque comprou o cativo como uma propriedade. Ou seja, não existem os laços culturais de legitimação, mas sim raciocínios racistas e mercadológicos. ALTERNATIVA CORRETA.

 
  • c)  A escravidão moderna no Brasil colonial se diferia da escravidão de algumas regiões da África por ser pautada em uma visão mais humanista, decorrente do Iluminismo europeu.

A alternativa é completamente absurda. O Iluminismo europeu floresceu decisivamente apenas no século XVIII, enquanto a escravidão moderna na América portuguesa já se verificava no século XVI. A lógica da escravidão moderna, apesar de nuances importantes do cotidiano, é racista e bastante excludente, negando-se a ideia de igualdade entre os indivíduos e estabelecendo hierarquias. Alternativa errada.

 
  • d)  Os próprios africanos se escravizavam, formando uma elite escravista, portanto os escravizados não sentiam grandes diferenças quando chegavam ao Brasil colonial para enfrentar o trabalho.

O fato de haver escravidão na África não implica dizer que não há diferenças entre as formas tradicionais de escravidão e a forma moderna. O tráfico atlântico de escravos implicava no rompimento de laços culturais elementares dentro de uma prática mercadológica, o que determinava que noções básicas de compreensão sobre a própria condição de escravo fossem radicalmente abolidas. Além disso, o trato e a própria visão sobre o escravo eram radicalmente diferentes, já que a escravidão moderna pressupõe, pela suas práticas mercantis, a absoluta redução do indivíduo à condição de propriedade. Alternativa errada.

 
  • e)  Os indígenas eram povos mais frágeis e, por isso mesmo, a opção pelos negros, que eram mais fortes, era a mais condizente para o trabalho pesado.

A construção da alternativa é completamente absurda e racista. A escravização de indígenas no Brasil foi proibida pelo governo português ainda no século XVI por pressão da Igreja Católica, porque era de interesse do clero a expansão da fé cristã entre os indígenas americanos e sua escravização colocava em risco os aldeamentos e todo o processo de catequização. Além disso, era muito mais difícil controlar os indígenas dentro do regime escravista. Conhecedores profundos da realidade física do território, tinham capacidades de fuga e de resistência muito mais expressivas do que aqueles transplantados para a América num processo extremamente violento e degradante. Ao contrário do indígenas, os escravos africanos não tinham o conhecimento ancestral sobre o território e suas capacidades de organização eram dizimadas pela própria lógica do comércio escravo. Alternativa errada.

  

Note o estudante que três das alternativas erradas insistiam na versão - que goza de certo prestígio entre o negacionismo brasileiro - de que a escravidão moderna não guardava nenhuma peculiaridade e apenas reproduzia algo já existente. Além de não ter nenhum respaldo na bibliografia, esse tipo de ideia não comporta nuances conceituais dos mais elementares, o que deve sempre chamar a atenção do candidato no momento da prova. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.

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