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“(…) as famílias da elite, muito menos temerosas do que poderia se supor, viam umas nas outras, possíveis aliadas para ‘uma maior participação’, manutenção e manipulação do poder político. Sendo muitos dos envolvidos na administração local portadores de títulos militares, concluímos pela existência de uma relação unívoca entre títulos honoríficos e militares e as elites políticas locais, ou seja, as principais famílias detinham o monopólio do poder local, na câmara e na administração militar das tropas auxiliares e de ordenanças”. (Isis Messias da Silva, Revista Vernáculo, nº 14 – 15 – 16, p. 21–50).

 

O trecho acima traduz:

Resposta:

A alternativa correta é letra C) a necessária cooptação das elites locais através das honras e privilégios associados aos cargos administrativos, evitando revoltas coloniais e legitimando o poder da Metrópole.

Gabarito: ALTERNATIVA C

  

“(...) as famílias da elite, muito menos temerosas do que poderia se supor, viam umas nas outras, possíveis aliadas para ‘uma maior participação’, manutenção e manipulação do poder político. Sendo muitos dos envolvidos na administração local portadores de títulos militares, concluímos pela existência de uma relação unívoca entre títulos honoríficos e militares e as elites políticas locais, ou seja, as principais famílias detinham o monopólio do poder local, na câmara e na administração militar das tropas auxiliares e de ordenanças”. (Isis Messias da Silva, Revista Vernáculo, nº 14 - 15 - 16, p. 21–50).

 
  • O trecho acima traduz:

O enunciado é bastante claro: a alternativa deve refletir o que o texto-base diz. Portanto, deveria o candidato proceder a um mero exercício de interpretação de texto. Nesse sentido, avaliemos as alternativas.

 
  • a)  a enorme dependência das elites quanto aos cargos administrativos, fazendo com que uma aparente autonomia seja na verdade evidência da submissão à Metrópole.

A alternativa não tem o menor sentido. O texto é muito claro ao dizer que as elites eram um círculo muito restrito de pessoas que concentravam grande poder, atuando em diversas áreas da administração colonial e até mesmo controlando forças de repressão. Ou seja, ainda que a Metrópole tivesse grandes poderes, os líderes locais também tinham grande capacidade de ação e de influência sobre a vida colonial. Alternativa errada.

  • b)  a grande autonomia das elites locais que, ao se apropriarem dos cargos administrativos, neutralizavam a influência da Coroa nas cidades da América portuguesa.

Em momento algum o texto fala de "apropriação dos cargos administrativos". Eram, antes, "portadores de títulos militares", o que, para o Antigo Regime, significava que eram concessões régias para figuras proeminentes, as quais também passaram a agir em concerto para ampliar sua influência sobre a vida colonial. Uma parcela importante do poder, portanto, estava decentralizado entre diversas famílias, mas existia uma correlação anterior entre a atribuição dos títulos militares (o que era exclusividade da Coroa) e a entrada dessa nobreza colonial para o grupo de elite que partilhava o poder. Portanto, ainda que se tenha de relativizar fortemente o papel da Coroa na administração, em nenhum momento isso importa dizer que estava neutralizada. Alternativa errada.

 
  • c)  a necessária cooptação das elites locais através das honras e privilégios associados aos cargos administrativos, evitando revoltas coloniais e legitimando o poder da Metrópole.

Acertadamente, esta alternativa observa o fenômeno narrado como uma via de mão-dupla entre colônia e Metrópole. Havia, sim, uma decentralização administrativa da vida colonial, favorecendo algumas famílias com grandes instrumentos de controle ao invés de tentar implantar unilateralmente uma repressão metropolitana contra a colônia. No entanto, esse mecanismo de honras e privilégios a favor dos súditos da colônia também criava laços de obediência e de honra, cooptando a elite colonial para manter o território fiel à sua Metrópole. Ou seja, ainda que questões administrativas menores ficassem ao cargo dessa elite colonial, estabelecendo uma espécie de governo oligárquico local; exatamente por serem poucas as famílias envolvidas, havia uma relação profunda de obediência e de controle de longo prazo a favor da Coroa portuguesa. Alternativa CORRETA.

 
  • d)  a incapacidade da Coroa portuguesa de neutralizar a influência das famílias aristocratas coloniais e desenvolver o colonialismo de cunho mercantilista.

A alternativa expressa o exato oposto daquilo que está escrito no texto-base. Ora, as famílias aristocratas da colônia detinham controle sobre uma série de instâncias do poder local e, aliadas, conseguiam manter um protagonismo relevante na colônia com relativa independência frente às ordens da Coroa portuguesa. Alternativa errada.

 
  • e)  a impossibilidade de se fazer cumprir os desígnios reais nas regiões mais afastadas do império português, ficando sempre dependente das aristocracias locais

As dificuldades logísticas eram flagrantes em todo o Império português, que se estendia por quatro continente. No entanto, havia representantes diretos da Coroa nas colônias, não havendo uma dependência exclusiva frente às aristocracias locais. Pelo contrário, essas aristocracias eram parcialmente cooptadas pelos esquemas simbólico-administrativos do Antigo Regime. Ainda que houvesse uma importante decentralização administrativa em favor dessas elites, não se pode dizer que havia uma impossibilidade de ação da Coroa ao longo do império. As relações político-econômicas estabelecidas eram bastante complexas e variadas, não sendo possível fazer afirmações tão restritivas como esta. Alternativa errada.

  

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.

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