“…quando nas primeiras décadas do século XVI, o estado português, apoiado por capitalistas de várias nacionalidades, passou a fabricar açúcar na colônia americana, estava, de fato, efetivando um deslocamento de parte da cadeia – plantio da matéria-prima e produção do açúcar – para as possessões lusitanas no continente americano. O sucesso deste deslocamento repercutiu em toda a cadeia, diminuindo os preços e aumentando o consumo, como também atraindo a atenção de outros estados e capitalistas para o negócio do açúcar, incluindo-se o tráfico de escravos, o que, por sua vez, gerou novos reajustamentos dos agentes privados e estatais envolvidos.”
Com relação à política agroindustrial do Brasil Colonial, assinale a alternativa CORRETA.
- A) Sufocada pela perda de suas colônias africanas para a Inglaterra, a coroa lusitana contou com o apoio dos jesuítas na tarefa de redução e escravização dos povos indígenas, como forma de manter a mão de obra necessária para a produção do açúcar.
- B) Apesar de a agroindústria açucareira ser a mais importante fonte de renda para a capitania de Pernambuco nos dois primeiros séculos de colonização, não era a única fonte de receita, e a pecuária e o tráfico de escravos também contribuíram para o desenvolvimento da economia local.
- C) A coroa lusitana, visando aumentar a produção de açúcar nas terras da América Portuguesa, promoveu uma política de distribuição de terras que pode ser vista como a primeira tentativa de reforma agrária no Brasil.
- D) A preguiça e insolência dos “nativos da terra” fizeram com que os capitães donatários solicitassem a Portugal escravos africanos. Estes já estavam acostumados com a lavoura canavieira e eram mais dóceis que os indígenas.
- E) Por quase três séculos, a produção do açúcar foi a única fonte de receita para a coroa portuguesa na América Portuguesa. Isso só vai ser alterado com a exploração da região das Minas Gerais, quando o açúcar deixa de ser exportado, e as atenções da metrópole se voltam para a extração mineral.
Resposta:
A alternativa correta é letra B) Apesar de a agroindústria açucareira ser a mais importante fonte de renda para a capitania de Pernambuco nos dois primeiros séculos de colonização, não era a única fonte de receita, e a pecuária e o tráfico de escravos também contribuíram para o desenvolvimento da economia local.
Gabarito: ALTERNATIVA B
“...quando nas primeiras décadas do século XVI, o estado português, apoiado por capitalistas de várias nacionalidades, passou a fabricar açúcar na colônia americana, estava, de fato, efetivando um deslocamento de parte da cadeia – plantio da matéria-prima e produção do açúcar – para as possessões lusitanas no continente americano. O sucesso deste deslocamento repercutiu em toda a cadeia, diminuindo os preços e aumentando o consumo, como também atraindo a atenção de outros estados e capitalistas para o negócio do açúcar, incluindo-se o tráfico de escravos, o que, por sua vez, gerou novos reajustamentos dos agentes privados e estatais envolvidos.”
Com relação à política agroindustrial do Brasil Colonial, assinale a alternativa CORRETA.
- a) Sufocada pela perda de suas colônias africanas para a Inglaterra, a coroa lusitana contou com o apoio dos jesuítas na tarefa de redução e escravização dos povos indígenas, como forma de manter a mão de obra necessária para a produção do açúcar.
Do século XV a meados do século XIX, as colônias portuguesas na África ficaram relativamente intocadas quanto às rivalidades internacionais. Apenas na segunda metade do século XIX é que o Reino Unido se lançaria na empresa imperialista no continente africano, mas, ainda assim, as posições portuguesas pouco se alteraram. Na organização da sua colônia americana, Portugal sofria com a rivalidade espanhola de maneira moderada e ainda contava com as dificuldades logísticas para administrar a colônia. Além disso, os jesuítas se empenharam na catequização dos indígenas e pressionaram o rei para proteger essas populações da escravização - sendo que a plantation acabou abastecida pelo tráfico negreiro do Atlântico Sul. Alternativa errada.
- b) Apesar de a agroindústria açucareira ser a mais importante fonte de renda para a capitania de Pernambuco nos dois primeiros séculos de colonização, não era a única fonte de receita, e a pecuária e o tráfico de escravos também contribuíram para o desenvolvimento da economia local.
A agroindústria açucareira era o complexo central da economia colonial, na qual a capitania de Pernambuco teve um destaque importante já desde o final do século XVI. No entanto, a movimentação econômica decorrente dos engenhos de açúcar tracionava tanto a agropecuária para o abastecimento das populações instaladas quanto o tráfico de escravos para garantir a mão de obra na lavoura e na produção do açúcar. Assim, seria equivocado falar que, apesar de ser a mais importante, a agroindústria açucareira era a única atividade econômica colonial. ALTERNATIVA CORRETA.
- c) A coroa lusitana, visando aumentar a produção de açúcar nas terras da América Portuguesa, promoveu uma política de distribuição de terras que pode ser vista como a primeira tentativa de reforma agrária no Brasil.
Ora, uma reforma agrária só é possível quando já se tem uma estrutura fundiária definida e estabelecida, o que não era o caso da colonização do século XVI. Naquele momento, a Coroa portuguesa optou pela concentração de terras sob o controle de poucos senhores para viabilizar tanto um maior controle político-administrativo sobre o território quanto para ampliar ao máximo a monocultura típica da plantation, modelo de produção agrícola adotado na colonização e voltado para a monocultura. Esse momento de formação dos latifúndios coloniais acabou por ser decisivo para a concentração de terras no Brasil. Alternativa errada.
- d) A preguiça e insolência dos “nativos da terra” fizeram com que os capitães donatários solicitassem a Portugal escravos africanos. Estes já estavam acostumados com a lavoura canavieira e eram mais dóceis que os indígenas.
Por ser uma alternativa com claro viés racista, os candidatos deveriam desconfiar sobre sua veracidade. A escravidão indígena foi, sim, praticada na América Portuguesa; no entanto, o controle repressivo sobre esses cativos era dificultado pelo seu conhecimento sobre o território e as obras de catequização fizeram com o que a Igreja pressionasse pela proibição desse tipo de escravidão. Já no final do século XVI, os jesuítas enviados para a América conseguiram do rei português garantias formais de proteção dos indígenas contra a escravidão. Alternativa errada.
- e) Por quase três séculos, a produção do açúcar foi a única fonte de receita para a coroa portuguesa na América Portuguesa. Isso só vai ser alterado com a exploração da região das Minas Gerais, quando o açúcar deixa de ser exportado, e as atenções da metrópole se voltam para a extração mineral.
O açúcar não deixou de ser exportado em nenhum momento até o final do século XIX; no entanto, a produtividade e a competitividade internacional decaíram bruscamente já no início daquele século, fazendo com que o produto perdesse importância nas rendas coloniais e no orçamento público do Brasil independente. O ciclo do ouro das Minas Gerais foi relativamente curto, estando concentrado em cerca de cinco décadas do século XVIII, nas quais atraiu grandes parte das atenções metropolitanas para a tributação e para o controle da exploração da mineração. Além disso, é bastante equivocado dizer que o açúcar, mesmo em seu auge, tenha sido a única fonte de receita da colônia, na qual havia extrativismo vegetal, alguma extração de pedras preciosas, exploração das drogas do sertão e algum nível de circulação da agropecuária muito antes do ciclo aurífero. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.
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