Leia o texto a seguir.
Em 1682, foi criada a Companhia Geral do Comércio do Estado do Maranhão, com o objetivo de controlar os atritos entre fazendeiros e religiosos na disputa pelo trabalho indígena, mais barato que o africano, e incentivar a produção local … A companhia venderia aos habitantes do Maranhão produtos europeus, como azeite, vinho e tecidos, e deles compraria o que produzissem, corno algodão, açúcar, madeira e as drogas do sertão, para comercializar na Europa. Também deveria fornecer à região quinhentos escravos por ano, uma fonte alternativa de mão de obra, diante da resistência jesuítica em permitir a escravidão de nativos. Os preços cobrados pela companhia, entretanto, eram abusivos, e ela não cumpria os acordos, como o fornecimento de escravos.
VICENTINO, Claudio e OORIGO, Gianpaolo – Brasil – Editora Scipione, SP, 2010 – p. História Geral e do 358
O texto acima descreve uma situação que colaborou para o acontecimento de um conflito, no período colonial brasileiro ocorrido na segunda metade do século XVIII, que ficou conhecido como
- A) Revolta de Beckman.
- B) Guerra dos Mascates.
- C) Guerra dos Emboabas.
- D) Revolta de Felipe dos Santos.
- E) Revolta de Amador Bueno.
Resposta:
A alternativa correta é letra A) Revolta de Beckman.
Gabarito da banca: Letra A
Meu gabarito: Anulada
O trecho do texto apresenta as condições que envolveram um acontecimento no Maranhão da segunda metade do século XVII.
Trata-se de uma revolta chamada de Revolta dos Beckman, organizada por proprietários de terras e que foi liderada pelos irmãos Beckman, Manuel e Tomás.
O alvo da revolta era o não cumprimento das disposições da Companhia de Comércio do Estado do Maranhão, empresa criada para revitalizar o comércio no Estado que havia declinado. Além disso, a empresa vendia os produtos a preços muito elevados e oferecia muito pouco pelos artigos coloniais, bem como não conseguia cumprir com o fornecimento prometido de escravos.
A reação da metrópole foi violenta, os revoltosos foram combatidos e os principais líderes executados. Os colonos, entretanto, conseguiram extinguir a empresa depois de confirmadas as queixas dos revoltosos.
Por que deveria ser anulada?
A banca solicitou que respondêssemos a alternativa que apresentava uma revolta da metade do século XVIII e a revolta que é o gabarito não ocorreu nesse século, mas no século XVII.
Por que as demais estão incorretas?
Letra B: Guerra dos Mascates.
Conflito ocorrido entre 1710 e 1711 em Pernambuco entre as elites açucareiras de Olinda e as elites comerciais de Recife. Os proprietários de terras de Olinda não queriam que Recife se tornasse uma vila autônoma, subordinando o povoado recifense às decisões de Olinda.
Letra C: Guerra dos Emboabas.
Conflito ocorrido em Minas Gerais entre 1708 e 1709 devido à descoberta do ouro. Os emboabas era o apelido dado pelos paulistas, que haviam descoberto o minério na região a todos os forasteiros. Os paulistas julgavam-se ter exclusividade sobre as minas o que ocasionou conflitos com os demais migrantes que buscaram explorar a região.
Letra D: Revolta de Felipe dos Santos.
Revolta ocorrida em 1720 em Vila Rica nas Minas Gerais como consequência dos crescentes tributos aplicados pela Coroa na região. Filipe dos Santos foi um dos líderes do movimento e foi condenado à morte, sendo executado para mostrar a força da repressão e evitar que novos motins ocorressem.
Letra E: Revolta de Amador Bueno.
Não se tratou de uma revolta. Foi um episódio ocorrido na década de 1640, na capitania de São Vicente. No cenário de meados do século XVII, os espanhóis que estavam no Brasil achavam que a capitania de São Vicente poderiam ficar sob posse da Espanha se os paulistas se desmembrassem de Portugal. Propuseram então aos amigos, parentes e aliados que elegessem um rei paulista, indicando Amador Bueno de Ribeira. Os espanhóis usaram então todos os argumentos para convencer os “paulistas e europeus pouco instruídos” de que eles podiam não reconhecer por soberano um príncipe português a quem ainda não tinham jurado obediência: D. João IV, que acabara de ser aclamado, em 1640. Lembravam ainda, nessa investida, os milhares de índios e escravos que controlavam, podendo formar “exércitos formidáveis”, ajudados pela localização de São Paulo, isolada do mar pela serra. Amador Bueno vinha de próspera família com raízes hispânicas, com participação na Câmara da vila de Piratininga; possuía uma grande fazenda de trigo na qual trabalhavam muitos índios guaranis. Ele ficou pasmo ao ouvir a proposta e lembrou que todos deviam aceitar o destino do reino de Portugal. Mas a recusa do eleito aumentou a vontade do “povo ignorante”, que o ameaçou de morte caso não empunhasse o cetro.
Referências:
MONTEIRO, Rodrigo Bentes. “O Rei de São Paulo”. In: Revista de História da Biblioteca Nacional. Setembro de 2007.
VICENTINO, Cláudio e DORIGO, Gianpaolo. História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1997.
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