Logo do Site - Banco de Questões
Continua após a publicidade..

O desenvolvimento da historiografia mundial, fenômeno que o século XX consagrou, permite novos olhares sobre o passado protagonizado pelas sociedades. No Brasil, multiplicam-se estudos que lançam luz sobre a trajetória do País, da colônia aos dias atuais. Da independência, em 1822, passando pela implantação da República, em 1889, ao cenário presente, a história brasileira é marcada por avanços e recuos, enfrentando percalços e se mostrando ainda inconclusa em relação à construção da cidadania. Relativamente à história contemporânea, da produção do conhecimento histórico a alguns dos mais marcantes fatos ocorridos no Brasil e no mundo, julgue o item a seguir.

 

Vista como modernizadora, a República não correspondeu à expectativa de seus mais aguerridos propagandistas: nascida de um golpe e encerrando o primeiro ciclo militar, a Primeira República (até 1930) transcorreu sob o domínio das oligarquias, com reduzida participação política da população.

Resposta:

A alternativa correta é letra A) Certo

Gabarito: Certo

O golpe contra o regime monárquico e a proclamação da República mudaram a forma de governo do país, mas não revolucionaram a sociedade. Tudo ocorreu em um clima de ordem e concordância das elites, sem que houvesse interesse em convidar a população em geral para participar do processo.

Promovida por cafeicultores, militares e profissionais liberais, liderados por Deodoro da Fonseca, a República Brasileira foi proclamada em 15 de novembro de 1889, momento no qual se instalou um governo provisório no país que durou até a promulgação da Constituição em 1891.

A partir daí estabeleceu-se o período militar, marcado pelos governos militares de Deodoro da Fonseca e de Floriano Peixoto, durante a chamada República da Espada (1889-1894) e, posteriormente, o período oligárquico, a chamada República Oligárquica ou “do Café com Leite” (1894-1930), que estabeleceu o alcance e predomínio das oligarquias agrárias no poder, momento no qual a população esteve sujeita aos mandos e desmandos de coronéis locais e regionais e de toda uma rede clientelista que sustentava o poder das oligarquias agrárias.

A Constituição de 1891, estabelecia o fim dos privilégios, mas na prática os privilégios sociais tomaram novas formas e continuaram a existir.

Não à toa, o historiador José Murilo de Carvalho assinala que a República teria nascido antidemocrática, antipopular e antioperária. De acordo com esse autor, os pobres foram excluídos do direito ao voto, não mais por questão censitária, mas pela exclusão dos analfabetos, que juntamente com mendigos, mulheres, menores de idade, soldados, cabos e membros de ordens religiosas estavam proibidos de votar. Ou seja, a grande maioria da população ficou excluída da sociedade política.

Ao mesmo tempo em que analfabetos eram impedidos de votar, não houve a preocupação em alfabetizar essa população, visto que, a Constituição de 1891 também retirou da anterior um dispositivo que determinava como obrigação do governo o oferecimento de instrução primária à população. Conforme aponta Murilo de Carvalho “exigia-se para a cidadania política uma qualidade que só o direito social da educação poderia fornecer e, simultaneamente, desconhecia-se esse direito”.

Referências:

CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *