Nos estados, entretanto, se instalavam as oligarquias, de cujo perigo já nos advertia Saint-Hilaire, e sob o disfarce do que se chamou “a política dos governadores”. Em círculos concêntricos esse sistema vem cumular no próprio poder central que é o sol do nosso sistema.
PRADO, P. Retrato do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972.
A crítica presente no texto remete ao acordo que fundamentou o regime republicano brasileiro durante as três primeiras décadas do século XX e fortaleceu o(a)
- A) poder militar, enquanto fiador da ordem econômica.
- B) presidencialismo, com o objetivo de limitar o poder dos coronéis.
- C) domínio de grupos regionais sobre a ordem federativa.
- D) intervenção nos estados, autorizada pelas normas constitucionais.
- E) isonomia do governo federal no tratamento das disputas locais.
Resposta:
A alternativa correta é letra C) domínio de grupos regionais sobre a ordem federativa.
Gabarito: Letra C
O pequeno trecho faz referência às três primeiras décadas da 1ª República (1889-1930) e destaca algumas características desse período como por exemplo, o regionalismo político e a política dos governadores ou política dos estados.
Antes do presidente Prudente de Morais (1894-1898), os estados enfrentaram com resistência o poder da União através de diversas revoltas como a Revolta da Armada e a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul.
O governo federal percebendo que precisava do apoio das oligarquias regionais para poder governar articulou mecanismos políticos para evitar novos conflitos entre União e estados.
Assim, Campos Sales (1898-1902) arquitetou uma medida que ficou conhecida como política dos governadores.
Como funcionava?
Os chefes dos executivos estaduais (governadores) garantiriam, em seus estados, a eleição de deputados e senadores favoráveis ao governo federal.
Em troca, o presidente não interviria nos estados, garantindo a autonomia das elites regionais.
Dentre os objetivos dessa política podemos citar:
- Reduzir ao máximo as disputas políticas dentro de cada estado, apoiando as oligarquias mais fortes
- Estabelecer aliança entre os estados e a União.
- Pôr fim ao conflito entre Executivo e Legislativo
Na prática o que houve?
- Fortalecimento dos grupos regionais
- Acordo entre Minas e São Paulo para a escolha do presidente da República
- Relação de dependência dos demais estados a oligarquias mais fortes
Por que as demais estão incorretas?
Letra A - Foi justamente o poder militar dos dois primeiros presidentes que levou a República nos primeiros anos a uma série de revoltas como a Revolta da Armada e a Revolução Federalista, portanto, era preciso devolver o executivo federal aos civis.
Letra B - O poder dos coronéis continuava a ser essencial para a manutenção do governo federal. Os coronéis apoiavam candidatos a favor do governo federal e em troca recebiam recursos financeiros e cargos políticos regionais.
Letra D - Era justamente o que a política dos governadores pretendia acabar. A intenção era garantir apoio sem a necessidade de utilizar a força militar como fizeram os primeiros presidentes militares. intervenção nos estados, autorizada pelas normas constitucionais.
Letra E - Na verdade, o governo federal não tratava com igualdade as disputas locais. Procurava fazer aliança com as oligarquias mais fortes a fim de garantir a estabilidade do executivo federal para que este pudesse colocar seus projetos em ação.
Resposta baseada nas fontes:
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 2ª Ed. São Paulo: Edusp, 1995.
VICENTINO, Cláudio et ali. Teláris. História, 9º ano. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2018.
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