Após o término da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos assumiram a hegemonia econômica em escala planetária, passando de país devedor a potência credora no mercado internacional, pois fizeram vultosos empréstimos aos países envolvidos no conflito, tanto a vencedores quanto a vencidos. Dessa forma, contribuíram para a recuperação econômica da Europa, ao mesmo tempo em que financiavam as próprias exportações, mantendo elevados os índices de produtividade interna através dos empréstimos aos países necessitados.
A sensação de segurança absoluta impediu a correta avaliação das tendências econômicas. O crédito fácil alimentava a continuidade da produção. A busca do enriquecimento rápido supervalorizou as ações das empresas. Em 1929, tudo veio abaixo. Com o crack da Bolsa de Nova York, a crise se generalizou, provocando um cataclismo em todo o mundo, devido à interdependência entre a economia americana e os países do mundo capitalista.
Analise as afirmativas abaixo sobre as repercussões econômicas da crise de 1929 no Brasil.
I – O Brasil, país de economia socialista e planificada, não fora atingido pela crise; fato este que abalou a confiança brasileira no sistema capitalista e propagou a ideia de superioridade do sistema socialista.
II – Ao Brasil restou a opção de empreender uma mudança de rumo no capitalismo liberal, inaugurando a fase intervencionista, na qual o governo passou a ter papel exclusivo e decisivo no processo econômico.
III – No Brasil, a crise afetou o café e todos os produtos primários, que tiveram seus preços rebaixados, agravando o deficit da balança comercial e aprofundando a depressão.
IV – No Brasil, ampliou-se o sistema de previdência social, passando a ser responsabilidade do governo o bem-estar dos trabalhadores em caso de invalidez, de velhice e mesmo de desemprego.
Está correto APENAS o que se afirma em
- A) I.
- B) III.
- C) IV.
- D) I e III.
- E) II e IV.
Resposta:
A alternativa correta é letra B) III.
Gabarito: Letra B
Analisemos as proposições em busca dos valores.
I - O Brasil, país de economia socialista e planificada, não fora atingido pela crise; fato este que abalou a confiança brasileira no sistema capitalista e propagou a ideia de superioridade do sistema socialista.
Incorreta: Na época em que ocorreu a crise de 1929 o Brasil não possuía uma economia socialista e planificada e foi sim atingido pela crise de 1929. Contudo, esse fato não abalou a confiança brasileira no sistema capitalista e nem propagou a ideia de superioridade do sistema socialista.
II - Ao Brasil restou a opção de empreender uma mudança de rumo no capitalismo liberal, inaugurando a fase intervencionista, na qual o governo passou a ter papel exclusivo e decisivo no processo econômico.
Incorreta: Com a crise de 1929 e os impactos causados na economia brasileira, o governo empreendeu medidas de cunho nacionalistas e intervencionistas visando a recuperação da economia brasileira através da superação da dependência econômica gerada pela predominância do sistema agroexportador. Assim, o não intervencionismo da doutrina liberal, foi substituído por uma maior atuação do governo na economia, que foi decisiva para a mudança no processo econômico, portanto, o erro da questão está em dizer que o governo passou a ter um papel exclusivo no processo econômico, pois apesar de importante para o desenvolvimento econômico pós-crise, esse papel não foi exclusivo dependendo também da mobilização das forças econômicas envolvidas na economia brasileira.
III - No Brasil, a crise afetou o café e todos os produtos primários, que tiveram seus preços rebaixados, agravando o deficit da balança comercial e aprofundando a depressão.
Correta: Quando estourou a crise econômica internacional de 1929, que reduziu drasticamente as exportações do café brasileiro, já que o principal comprador do produto, os Estados Unidos, reduziram suas importações, o Brasil já possuía uma grande quantidade de café estocado, devido ao Convênio de Taubaté, sem um destino específico. Assim, não conseguiu evitar o desastre econômico que levou muitos cafeicultores à falência e o país à recessão. O impacto da crise de 1929 para o Estado brasileiro foi enorme, porque a cafeicultura era a atividade mais dinâmica da economia brasileira e movimentava as demais, como a indústria, os transportes, a construção de estradas, ferrovias e portos, etc. Dessa forma, a crise de 1929, acarretou consequências para todas as demais atividades econômicas do período e não somente para a economia cafeeira.
IV - No Brasil, ampliou-se o sistema de previdência social, passando a ser responsabilidade do governo o bem-estar dos trabalhadores em caso de invalidez, de velhice e mesmo de desemprego.
Incorreta: Nos anos 1930, a administração previdenciária deixa de ser responsabilidade de cada CAP (Caixa de Aposentadoria e Pensão) e passa a alçada do Estado que agrega as Caps de uma mesma categoria profissional em diferentes institutos, ao longo dessa década. Mas somente com a Constituição de 1946 ocorreu uma sistematização constitucional em matéria previdenciária na qual se consagrava a previdência mediante contribuição da União, do empregador e do empregado em prol da maternidade e para remediar às consequências da velhice, da invalidez, da doença e da morte. E somente em 1986 foi instituído o seguro desemprego para auxílio aos desempregados. Assim, a assistência aos trabalhadores em caso de invalidez e velhice ocorreu em função da evolução do sistema de previdência, já nos anos 1940, e não em decorrência da crise de 1929. Além disso, nesse período a responsabilidade pelo bem estar dos trabalhadores não recai somente sobre o governo e só bem mais tarde, em 1986 esse auxílio se amplia também aos desempregados.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
SANTANA, A. G. de M.; SANTOS, D. de J. S.; SOUSA, N. M.; LEME, F. A. A. História da Previdência no Brasil até a Reforma Previdenciária e as imposições de dificuldades para a aposentadoria por idade para as mulheres. Revista Científica Intr@ciência, edição 23, maio/junho 2022.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
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