A respeito da crise diplomática conhecida como “questão do Acre”, assinale a afirmativa correta.
- A) Começou com a proclamação da República Independente do Acre pelas autoridades bolivianas, preocupadas em frear o avanço da migração nordestina naquele território.
- B) Teve origem com os conflitos fronteiriços com a Bolívia, uma vez que os seringueiros, em sua busca pela borracha, cruzavam a fronteira que separava os dois países.
- C) Foi consequência da rebelião boliviana contra a empresa estadunidense Anglo Bolivian Syndicate, que obteve do Brasil a concessão para explorar economicamente a região.
- D) Foi motivada pela disputa, entre Brasil e Estados Unidos, sobre a exploração da ferrovia Madeira-Mamoré, que escoava a borracha pelos portos de Manaus e Belém.
- E) Findou com a assinatura do Tratado de Petrópolis (1903), articulado pelo Barão do Rio Branco, que conseguiu reestabelecer as fronteiras entre os dois países vigentes no Império.
Resposta:
A alternativa correta é letra B) Teve origem com os conflitos fronteiriços com a Bolívia, uma vez que os seringueiros, em sua busca pela borracha, cruzavam a fronteira que separava os dois países.
Gabarito: ALTERNATIVA B
A respeito da crise diplomática conhecida como “questão do Acre”, assinale a afirmativa correta.
- a) Começou com a proclamação da República Independente do Acre pelas autoridades bolivianas, preocupadas em frear o avanço da migração nordestina naquele território.
O Acre era parte do território boliviano; ou seja, não faria sentido que as autoridades bolivianas proclamassem a independência de parte do seu território. De fato, havia grande pressão migratória brasileira na região por conta da possibilidade de exploração de borracha na região, principalmente oriundos do Nordeste brasileiro. Foram os migrantes brasileiros que chegaram a organizar um movimento separatista contra a Bolívia, gerando importantes tensões entre os dois países. Alternativa errada.
- b) Teve origem com os conflitos fronteiriços com a Bolívia, uma vez que os seringueiros, em sua busca pela borracha, cruzavam a fronteira que separava os dois países.
Como explicado acima, a região do Acre era de grande atrativo para os seringueiros entre o final do século XIX e o início do seguinte. A entrada de seringueiros brasileiros em território boliviano era fonte de importantes conflitos numa região em que o Estado boliviano não conseguia organizar de fato um controle eficiente das fronteiras. Praticamente sem nenhum aparato estatal organizando a exploração da borracha na região, o Acre se tornou palco de tensões muito delicadas e com potencial explosivo para conflitos entre brasileiros e bolivianos. ALTERNATIVA CORRETA.
- c) Foi consequência da rebelião boliviana contra a empresa estadunidense Anglo Bolivian Syndicate, que obteve do Brasil a concessão para explorar economicamente a região.
O conglomerado anglo-americano Bolivian Syndicate era uma empresa cartista que conseguiu, junto ao governo boliviano, o direito de exploração e de organização sobre o território do Acre. Naquele momento, dado que não reunia condições de administrar de fato o território, o governo boliviano entendeu que a exploração econômica por empresas estrangeiras era a melhor estratégia de estabilização. No entanto, o governo brasileiro via com enormes reservas essa prática: na visão do Rio de Janeiro, isso significava um convite à intrusão das grandes potências na região, podendo deflagrar uma campanha imperialista em meio às fragilidades das administrações públicas na região amazônica. Ou seja, dado que era território soberano boliviano, não há que se falar de autorização brasileira: o acordo firmado com o Bolivian Syndicate partiu diretamente da Bolívia e incomodava as projeções brasileiras para a região. Alternativa errada.
- d) Foi motivada pela disputa, entre Brasil e Estados Unidos, sobre a exploração da ferrovia Madeira-Mamoré, que escoava a borracha pelos portos de Manaus e Belém.
Em primeiro lugar, a construção da ferrovia Madeira-Mamoré foi uma consequência da resolução da Questão do Acre, que foi consolidada no Tratado de Petrópolis (1903). Ou seja, a ferrovia é posterior à solução da disputa internacional, não podendo ser, então, considerada como uma causa. Além disso, a Questão do Acre foi resolvida de forma bilateral entre Bolívia e Brasil, excluindo os Estados Unidos da disputa depois de se indenizar, com recursos brasileiros, o Bolivian Syndicate. Alternativa errada.
- e) Findou com a assinatura do Tratado de Petrópolis (1903), articulado pelo Barão do Rio Branco, que conseguiu reestabelecer as fronteiras entre os dois países vigentes no Império.
Celebrado entre Bolívia e Brasil em 1903, o Tratado de Petrópolis encerrava a chamada Questão do Acre. Região extremamente sensível para a estabilidade das fronteiras brasileiras e com problemas de integração com a Bolívia, o Acre foi uma prioridade do Barão do Rio Branco quando assumiu a chancelaria em 1902, sendo a grande chave para a solução definitiva da maioria das questões lindeiras brasileiras. Tratada na perspectiva bilateral entre Brasil e Bolívia, a Questão do Acre foi selada com a compra do território pelo governo brasileiro por meio de uma indenização paga à Bolívia e pela construção da Ferrovia Madeira-Mamoré. Era de grande interesse da Bolívia uma via mais rápida para o trecho navegável do rio Madeira, uma vez que suas exportações eram escoadas pela bacia do Amazonas. Com a garantia da livre navegação comercial por ser um país ribeirinho superior dos afluentes do Amazonas, a Bolívia pretendia baratear e agilizar seus fluxo comerciais por uma via direta entre suas províncias mais ao norte e a melhor opção fluvial para o acesso ao Atlântico. Por isso, a construção da ferrovia foi uma prioridade consolidada no Tratado de Petrópolis. Alternativa errada.
Note o estudante que compreender que o Acre era uma possessão boliviana era suficiente para excluir a maioria das alternativas erradas. Ter esse conhecimento prévio era suficiente, portanto, para estruturar toda a abordagem necessária para a questão. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.
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