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(URCA/2020.1) “A década de 1890 foi, no Brasil, convulsionada pelo fim da escravidão, a chegada de milhares de imigrantes sem imunidade, as turbulências econômicas e políticas subsequentes à proclamação da República. A febre amarela alastrou-se por diversas cidades do interior, reforçando o partido dos que julgavam contagiosa, capaz de viajar longas distâncias em navios e trens. O caso exemplar desse modo de ver foi o do presidente da província do Ceará, Antonio Caio da Silva Prado, que teria sido fulminado pela febre amarela em 25 de maio de 1889, depois de abrir cartas e jornais vindo de Campinas, onde grassava uma epidemia”

 

(FRANCO, Sebastião Pimentel; NASCIMENTO, Dilene Raimundo do; SILVEIRA, Anny Jackeline Torres. Uma História Brasileira das Doenças. Belo Horizonte, MG: Fino Traço, 2018, p. 15).

 

Sobre os acontecimentos destacados no texto acima, assinale a única alternativa correta:

Resposta:

A alternativa correta é letra D) Na mesma época dos acontecimentos narrados, estava em curso a partilha da África e a formação dos modernos impérios europeus onde a malária, doença do sono e outras patologias ameaçavam a sobrevivência dos colonizadores e nativos;

Gabarito: Letra D

 

(Na mesma época dos acontecimentos narrados, estava em curso a partilha da África e a formação dos modernos impérios europeus onde a malária, doença do sono e outras patologias ameaçavam a sobrevivência dos colonizadores e nativos;)

  

Do lado de cá do Oceano Atlântico, o Brasil começava a estruturar o novo regime republicano, recém saído da escravidão e da monarquia, enfrentava um surto de febre amarela que aparecia outras vezes ainda nas primeiras duas décadas republicanas.

 

Do lado de lá do Oceano Atlântico, o continente africano lidava com a incursão dos europeus em seu território feitas através de exploradores e missionários, que muitas vezes morriam vítimas das doenças tropicais como a doença do sono e a malária, dos diversos acordos entre os governos europeus sobre os limites e fronteiras da África, bem como os acordos entre os europeus e os governantes locais.

 

Para termos uma noção, seis ou cinco anos antes da Proclamação da República, os europeus se reuniram em uma conferência na cidade de Berlim para organizar o livre comércio e trânsito na Bacia do rio Congo. Essa reunião serviu também para organizar as ocupações do continente no futuro.

 

Inclusive, uma das formas dos europeus penetrarem no continente foi a invenção de remédios contra as doenças tropicais, por exemplo, o quinino, contra a malária.

  

Por que as demais estão incorretas?

  

Letra A: A abolição da escravidão e, consequentemente, a migração dos “novos livres”, mas infectados, ampliou o alastramento da febre amarela, uma vez que é transmitida de pessoa para pessoa, de forma direta;

 

A febre amarela só pode ser transmitida através da picada do mosquito Aedes aegypti, portanto, não é transmissível de pessoa para pessoa. 

  

Letra B: Os imigrantes europeus vindos, principalmente de regiões ricas, industrializadas, desenvolvidas e com amplo emprego, se tornaram presa fácil da febre amarela, uma vez que os mosquitos transmissores da doença tinham sido plenamente eliminados no velho continente desde o fim da epidemia do início do século XIX;

 

Os imigrantes europeus que vieram ao Brasil no contexto da transição da mão de obra escrava para a livre e assalariada não eram de regiões ricas e industrializadas, mas sim de regiões afetadas pelas escassez de terras, pois estas haviam sido incorporadas ao grande capital. Quem não tinha terras optava por trabalhar para um grande latifundiário ou buscava outra solução. Os imigrantes vieram para recomeçar sua vida em um momento de construção nacional, no caso da Itália e da Alemanha, que acabou excluindo boa parcela do campesinato da economia capitalista. 

  

Letra C: Os antigos escravos e seus descentes e os imigrantes pobres das grandes cidades, principalmente Rio de Janeiro, no final do século XIX, dificilmente eram acometidos pela febre amarela uma vez que a República, com as reformas urbanas, melhorou suas condições de vida, principalmente de moradia;

  

Os antigos escravos e seus descendentes e os imigrantes pobres das grandes cidades eram acometidos pela febre amarela, pois esta era uma dentre as várias doenças que afetaram as populações dessas cidades. As reformas urbano-sanitárias procuraram erradicar doenças como varíola e a febre amarela, removendo locais que eram possíveis focos de transmissão. Para aquelas populações, essas mudanças na fisionomia da cidade não melhoraram as condições de vida, mas foram prejudiciais, como, por exemplo, ao remover moradias consideradas inadequadas pelo poder público sem oferecer outro tipo de habitação

  

Letra E: A narrativa da morte do presidente da província do Ceará não condiz com a verdade, uma vez que o Ceará não sofreu as agruras de febre amarela, no final do século XIX, uma vez ser a doença típica das grandes florestas, como a da Tijuca, no Rio de Janeiro, de Mata Atlântica;

 

A epidemia de febre amarela atacou o Ceará por diversas vezes no século XIX, não sendo uma exclusividade de áreas de floresta. Sabemos que o transmissor é um mosquito e que ele necessita de água parada para continuar com o seu ciclo de vida. Acontece que não havendo condições sanitárias adequadas, ausência de políticas de combate aos mosquitos e a permanência dos locais de habitação e reprodução do vetor, a doença tende a aparecer e se tornar uma epidemia.

   

Referências:

 

BENCHIMOL, Jaime Larry. Febre amarela: a doença e a vacina, uma história inacabada. Rio de Janeiro : Editora FIOCRUZ, 2001.

 

FIOCRUZ. Febre amarela: sintomas, transmissão e prevenção. Disponível em: https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/febre-amarela-sintomas-transmissao-e-prevencao. Acesso: 21 abr. 2021.

 

HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves Leite. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005.

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