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“De uma hora para outra, a antiga cidade desapareceu e outra surgiu como se fosse obtida por uma mutação de teatro”. (BARRETO, Lima. Os Bruzundangas. São Paulo: Brasiliense, 1956).

 

A modernização compulsória das cidades brasileiras foi um movimento que atingiu o país nas primeiras décadas da República. A respeito desse movimento é INCORRETO afirmar que:

Resposta:

A alternativa correta é letra A) A cidade do Rio de Janeiro, embora atingida por essas transformações, não sofreu muitas intervenções do poder público nas áreas do centro da cidade, pois os casarões estavam de acordo com o projeto modernizador.

Gabarito: ALTERNATIVA A

A modernização compulsória das cidades brasileiras foi um movimento que atingiu o país nas primeiras décadas da República. A respeito desse movimento é INCORRETO afirmar que:

  • a)  A cidade do Rio de Janeiro, embora atingida por essas transformações, não sofreu muitas intervenções do poder público nas áreas do centro da cidade, pois os casarões estavam de acordo com o projeto modernizador.

Em 1904, o Rio de Janeiro estava vivendo as suas grandes reformas urbanísticas e sanitárias sob o comando do prefeito Pereira Passos. Por um lado, havia o plano da modernização e do embelezamento à europeia de toda a capital da República, abrindo largas avenidas e transformando a arquitetura do Rio de Janeiro. Por outro, o drama social era gravemente aprofundado contra as classes menos favorecidas. A modernização do centro do Rio de Janeiro atingia casarões antigos, que, em franca decadência, haviam sido convertidos em pensões e cortiços de toda a sorte com péssimas condições sanitárias. A modernização pretendida pressupunha o fim desse tipo de habitação, o que expulsou seus moradores para os morros e para as periferias cariocas, dando origem ao processo de favelização. Por conter erros, esta é a ALTERNATIVA INCORRETA.

  • b)  As intervenções do prefeito Pereira Passos e do sanitarista Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro são consideradas símbolos do processo de modernização compulsória do início da República.

A questão sanitarista, além da vacinação obrigatória, exigia uma reforma urbana geral, o que passava por abordar a questão habitacional. Naquele início de século XX, o centro do Rio de Janeiro contava com um número expressivo de moradias insalubres, cortiços que aglomeravam um número expressivo de pessoas em edificações que não reuniam condições sanitárias básicas. Aproveitando-se da fragilidade dessas parcelas da população, a prefeitura ordenou grandes processos de desapropriação e de despejos sem promover qualquer política pública séria para compensar os mais afetados pelas reformas. Ao mesmo tempo, a contração da oferta de moradias fez os aluguéis dispararem na cidade, agravando ainda mais a penúria dos mais pobres, que se viram premidos a deixar o centro da cidade. Ou seja, além das importantes questões sanitárias, havia uma prática de higienismo urbano, na qual a pobreza era equiparada à sujeira destinada à eliminação naquele novo Rio de Janeiro. Em todo esse processo, a violência contra as classes menos favorecidas foi uma realidade extremamente presente. Sem erros na alternativa.

  • c)  Entre as repercussões e tensões ocorridas durante esse processo de modernização no Rio de Janeiro destaca-se a Revolta da Vacina, um movimento contestatório da população contra a vacinação compulsória em combate à varíola.

Em 1904, sob a orientação de Oswaldo Cruz, seria lançada a vacinação obrigatória contra a varíola, doença endêmica que afetava gravemente a cidade. Sem nenhuma forma de comunicação efetiva com a população, a campanha foi lançada sobre os mais pobres com a rotineira violência policial, impondo a vacinação e abrindo espaço para toda sorte de hipóteses conspiratórias depois de tantos abusos contra essa mesma população. Temendo a vacinação, a população se amotinou num movimento espontâneo e altamente explosivo, levando a capital ao caos social por dias. O saldo da revolta foi de trinta mortos e pouco menos de mil presos em seis dias de levante. Sem erros na alternativa.

  • d)  As várias capitais brasileiras sofreram um forte processo de urbanização nas primeiras décadas da República, pois estavam envolvidas pelo que na França ficou conhecido como Bélle Époque.

O processo civilizatório francês foi entendido como padrão maior por grande parte da elite brasileira, que assumiu um compromisso de implementar a Belle Époque nos trópicos. Em São Paulo, a prefeitura de Antônio Prado seria responsável por grandes obras modernizadoras no centro da cidade, o que incluiu o Theatro Municipal, o Viaduto do Chá e a Estação da Luz. Em Belém, em pleno ciclo da borracha, a liderança de Antônio Lemos foi importantíssima para a modernização geral da cidade, num arco que ia desde um novo código de conduta urbana até grandes prédios públicos. Além do Rio de Janeiro, esses outros são importantes exemplos da inspiração francesa presente no esforço de modernização de importantes cidades brasileiras naquele início de século XX. Sem erros na alternativa.

  • e)  As transformações nas décadas iniciais da República foram consideradas compulsórias porque não contemplaram todas as demandas sociais, nem tampouco foram capazes de eliminar as desigualdades sociais existentes nas cidades brasileiras.

É importante que o estudante tenha claro que essas transformações urbanísticas não pretendiam equacionar as abissais diferenças sociais brasileiras, mas sim realizar uma modernização de corte elitista. Nessa concepção, as grandes massas eram vistas sobretudo como um problema necessário para a organização urbana, sendo as medidas impostas verticalmente e fazendo os interesses da elite prevalecer sobre os excluídos. Em nome da organização do centro dessas cidades, ocorreu a sistemática exclusão dos desvalidos para as periferias sem que nenhum serviço público ou urbanização fossem de fato oferecidos. Sem erro na alternativa.

Sem mais, a única a apresentar erros é a ALTERNATIVA A.

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