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José Murilo de Carvalho. Cidadania no Brasil – o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, p. 87-8 (com adaptações).

Resposta:

A alternativa correta é letra B) Errado

Gabarito: ERRADO

  

O ano de 1930 foi um divisor de águas na história do país. A partir dessa data, houve aceleração das mudanças sociais e políticas, a história começou a andar mais rápido. No campo da cidadania, a mudança mais espetacular verificou-se no avanço dos direitos sociais. Uma das primeiras medidas do governo revolucionário foi criar um Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. A seguir, veio vasta legislação trabalhista e previdenciária, completada em 1943 com a Consolidação das Leis do Trabalho. Os direitos políticos tiveram evolução mais complexa. O país entrou em fase de instabilidade, alternando ditaduras e regimes democráticos. A fase propriamente revolucionária durou até 1934. Em 1937, o golpe de Vargas inaugurou um período ditatorial que durou até 1945. Esse ano deu início à primeira experiência que se poderia chamar, com alguma propriedade, de democrática em toda a história do país. A experiência terminou em 1964.
 

José Murilo de Carvalho. Cidadania no Brasil - o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, p. 87-8 (com adaptações).


A partir do texto, julgue o item abaixo, relativo à Revolução de 1930 e à Era Vargas.
  • Em 1930, ocorreu algo atípico na história política do Brasil, bem diferente de episódios anteriores, como a independência e a implantação do regime republicano: não houve espaço para a tradicional conciliação pelo alto, provavelmente por influência do radical e ideologicamente bem estruturado movimento tenentista.

Havia dois erros relativamente claros neste item. Primeiro, a referência ao movimento tenentista. Apesar de haver, sim, uma filiação entre o Golpe de 1930 e o tenentismo da década anterior, principalmente por partilharem do pensamento positivista como origem de uma modernização geral da República; o item erra ao pensar o tenentismo como um movimento bem estruturado. Os levantes tenentistas eram muito mais esforços esparsos e mal articulados de um jovem oficialato do Exército questionando a ordem oligárquica e reacionária da Primeira República (1889-1930). Alguns desses episódios tiveram fins muito dramáticos, como a marcha dos Dezoito do Forte de Copacabana, com os sublevados sendo barbaramente alvejados pelas forças regulares. Ou seja, ainda que houvesse um pensamento relativamente condensado contra a ordem oligárquica brasileira, não se pode dizer que havia propriamente uma estruturação.

 

Em outra frente, destacamos a estruturação do governo varguista uma vez consolidada a nova ordem. Político astuto e habilidoso, Vargas tinha, sim, uma formação positivista de base; mas também contava com um formidável senso de pragmatismo. No seu projeto de modernização e de desenvolvimento do Brasil, entendia que a ruptura completa com as elites não era possível e que aquela pressão do positivismo precisava ser articulada com uma capacidade de execução muito mais clara. Já no seu esforço eleitoral, Vargas já cooptou elites regionais que estavam se distanciando do pacto central, compondo forças com elites do Nordeste. Ao mesmo tempo, viu na desarticulação entre São Paulo e Minas Gerais uma oportunidade crucial para o seu fortalecimento político, cooptando os mineiros.

 

Para governar após o sucesso de 1930, Vargas não prescindiria nem mesmo da elite cafeeira paulista, propondo termos de reconciliação em nome da manutenção econômica brasileira. Por exemplo, tentando enfrentar os desastrosos efeitos da crise internacional de 1929, Vargas manteria uma política de valorização do café, comprando e destruindo os excedentes de produção para apreciar os preços internacionais. Mantinha-se, portanto, os compromissos do governo federal assumidos ainda no Convênio de Taubaté ao mesmo tempo em que se pactuava um novo esforço de modernização nacional. Ou seja, é muito incorreto colocar o governo Vargas como um período de negação completa da política ou de rupturas inconciliáveis com as elites. Assim, item ERRADO.

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