O artista Belmonte, por meio de seu personagem Juca Pato, retratou episódios importantes da história brasileira e internacional entre as décadas de 1920 e 1940. A charge acima, por exemplo, tematiza de forma irônica a entrada do governo brasileiro em 1942 na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A atitude de Juca Pato, ao decidir ir à guerra, está associada à seguinte conjuntura do governo varguista:
- A) crise militar
- B) caráter ditatorial
- C) pressão eleitoral
- D) soberania diplomática
Resposta:
A alternativa correta é letra B) caráter ditatorial
Gabarito: Letra B
(caráter ditatorial)
Após a invasão da Polônia por tropas nazistas em 1939 e a declaração de guerra aos alemães pelos aliados, o Brasil decidiu se posicionar em neutralidade em relação ao conflito. Muitos autores do campo das Relações Internacionais chamam a política externa brasileira desse período de “política de barganha” ou política do equilíbrio, onde o Brasil procurou negociar com seus parceiros comerciai mais fortes, EUA e Alemanha, insumos, capitais e ajuda técnica, independente da ideologia em questão e da simpatia dos principais nomes do governo aos países do Eixo.
Essa política de "corda bamba" entre EUA e Alemanha foi rompida com o ataque dos japoneses à base naval de Pearl Harbor no Pacífico, o que motivou a entrada dos EUA no conflito declarando guerra ao Eixo. De quebra, os EUA mudaram a sua política externa para com o Brasil na tentativa de conseguir um aliado na parte sul da América, procurando afastar o Brasil das relações com os alemães. Foi o contexto das instalações de bases militares no Nordeste e a consolidação de ajuda técnica e financeira para a criação de uma usina siderúrgica no país.
Para ratificar o apoio aos EUA, o Brasil, vivendo uma ditadura, declarou guerra ao Eixo muito em função da opinião pública ter clamado a presença do país no teatro das operações como forma de combater pela honra e memória dos brasileiros que tinham morrido em ataques de submarinos alemães no Atlântico.
Portanto, a declaração de guerra ao Eixo e a participação do Brasil nas ações de combate em 1944 com a Força Expedicionária Brasileira (FEB) ligam-se ao contexto das relações internacionais entre a Ditadura do Estado Novo e dos principais países bélicos desse conflito: EUA e Alemanha.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: crise militar
A crise do governo de Vargas não foi apenas na esfera militar. Era uma crise de ideologia, fruto da contradição de combater na Europa governos autoritários e seguir um regime de exceção na América. Portanto, a crise é posterior à Segunda Guerra. Os militares que subiram com Vargas em 1930 foram os articuladores de sua destituição em 1945. Eles canalizaram os sentimentos de boa parte da população brasileira e organizaram um golpe para afastar Getúlio do poder e iniciar a abertura democrática.
Letra C: pressão eleitoral
A pressão para abrir o regime e reinstalar a democracia e a possibilidade de votar surgiram após o fim da Segunda Guerra e não no contexto da charge.
Letra D: soberania diplomática
Soberania é um conceito que aponta para a inexistência de alguém acima de um poder. A charge aponta para uma conjuntura de negociações realizadas pelo governo Vargas no momento da guerra. O Brasil não se manteve neutro e independente do conflito. Ao optar por se aliar aos EUA podemos pensar que o país não exerceu a sua soberania no campo da guerra, uma vez que parte do seu território foi cedido aos militares dos EUA para a instalação de bases aeronáuticas e que até a sua entrada na guerra foi condicionada à aprovação dos EUA e da Inglaterra, que inclusive auxiliaram no transporte das tropas brasileiras, no treinamento e no empréstimo das armas.
Referências:
SCHWARCZ, Lilia M; STARLING, Heloisa M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
VIDIGAL, Carlos Eduardo et al. História das relações internacionais do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2014.
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