A filiação tardia do Brasil aos Aliados, durante os anos finais da Segunda Guerra Mundial, deveu-se, entre outros fatores, ao (à)
- A) apoio das elites locais à política das nações que compunham o Eixo Berlim-Roma-Tóquio.
- B) aproximação política de Getúlio Vargas com os Estados Unidos, visando a investimentos norte-americanos no processo de industrialização do Brasil.
- C) política de continuidade do apoio brasileiro à Alemanha desde a Primeira Guerra Mundial.
- D) distanciamento político, cada vez mais crescente, entre o Brasil e os Estados Unidos.
- E) pacto político entre o governo de Vargas no Brasil e o governo de Stálin na União Soviética.
Resposta:
ESTA QUESTÃO FOI ANULADA, NÃO POSSUI ALTERNATIVA CORRETA
Gabarito: Anulada
A banca não revela o motivo de anulação da questão, mas é provável que ela tenha sido anulada por uma má formulação da pergunta.
A questão parece querer saber o motivo do Brasil ter aderido tardiamente ao lado dos Aliados no contexto da Segunda Guerra Mundial e a resposta disponibilizada pela banca, num primeiro momento, como a correta, no caso, a alternativa b (aproximação política de Getúlio Vargas com os Estados Unidos, visando a investimentos norte-americanos no processo de industrialização do Brasil), não responde corretamente o motivo do Brasil ter se filiado tão tardiamente aos Aliados, mas simplesmente revela o motivo que teria levado o Brasil a se aproximar dos Estados Unidos e, consequentemente, dos interesses dos países Aliados.
Se analisarmos as relações internacionais do Brasil no período que antecede e no período inicial da Segunda Guerra, verificaremos que Getúlio Vargas desenvolveu uma política externa chamada pelo historiador Gerson Moura de política de "equidistância pragmática", na qual o Brasil buscou manter relações comerciais simultâneas com os dois novos eixos de poder em ascensão no mundo: Estados Unidos e Alemanha, ainda que estes dois divergissem ideologicamente.
Iniciada a Segunda Guerra Mundial, Vargas buscou manter uma política de neutralidade não apoiando inicialmente nem as forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), nem as potências Aliadas (lideradas por Inglaterra, França, União Soviética e, posteriormente, Estados Unidos), aproveitando, assim, o conflito para obter vantagens político-econômicas para o país, conforme a política externa já praticada no período anterior à guerra. Somente em 1942, após um acordo com os Estados Unidos e a obtenção de um empréstimo destinado a construção de uma usina é que o Brasil se posicionou a favor das potências Aliadas, após permitir aos EUA instalar bases militares no Nordeste brasileiro para facilitar o acesso ao norte da África, em fins de 1941, e romper efetivamente relações com o Eixo, em janeiro de 1942.
Assim, o que efetivamente explicaria a demora do Brasil em se decidir por um dos dois lados em conflito na Segunda Guerra Mundial, não foi sua aproximação dos Estados Unidos, mas sim as vantagens que o Brasil possuía em se manter neutro, beneficiando-se simultaneamente das relações econômicas com países integrantes dos dois lados em conflito (Alemanha/Eixo e EUA/Aliados).
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: apoio das elites locais à política das nações que compunham o Eixo Berlim-Roma-Tóquio.
As elites brasileiras não apoiavam as nações do Eixo. O que havia era uma simpatia de parte da oficialidade brasileira pelo Eixo, mas não um apoio das elites brasileiras.
Letra C: política de continuidade do apoio brasileiro à Alemanha desde a Primeira Guerra Mundial.
O Brasil não apoiou a Alemanha na Primeira Guerra Mundial. Na verdade, o Brasil foi o único país sul-americano a entrar de fato no conflito mundial, após declarar Guerra à Alemanha. Logo, não houve uma política de continuidade de apoio à Alemanha desde a Primeira Guerra Mundial.
Letra D: distanciamento político, cada vez mais crescente, entre o Brasil e os Estados Unidos.
Na verdade ocorreu o contrário, no período que antecede a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial ocorreu uma aproximação cada vez maior dos Estados Unidos.
Letra E: pacto político entre o governo de Vargas no Brasil e o governo de Stálin na União Soviética.
Não havia um pacto político entre o governo de Vargas e o governo de Stálin, na verdade, durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil estava sob o regime do Estado Novo que se estabeleceu no poder sob a justificativa de que os comunistas queriam dar um golpe, o chamado Plano Cohen, uma farsa do próprio governo Vargas para permanecer no poder em nome do “combate ao perigo comunista”.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
Dossiê A Era Vargas: dos ano 20 a 1945. FGV CPDOC. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos30-37/RelacoesInternacionais Acesso em 30 de set. de 2021.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 2. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fundação do Desenvolvimento da Educação, 1995.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
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