Questões Sobre Pré-História Brasileira - História - concurso

As sociedades indígenas Tupi que habitavam o território brasileiro antes da colonização europeia possuíam uma organização social e econômica adaptada ao ambiente tropical. A alternativa correta sobre sua forma de organização é a A), que descreve com precisão seu modo de vida baseado em atividades de subsistência como caça, pesca, coleta e agricultura itinerante, complementada por deslocamentos periódicos.

Esses grupos praticavam uma agricultura rudimentar (principalmente de mandioca, milho e batata-doce), combinada com a exploração dos recursos naturais. Seu padrão seminômade estava ligado ao esgotamento do solo pelo sistema de coivara (queimadas controladas), o que os levava a migrar para novas áreas após alguns anos, mantendo assim um equilíbrio ecológico. Essa mobilidade territorial contrasta com as afirmações das demais alternativas:

• B) é incorreta porque os Tupi eram efetivamente seminômades, como comprovam registros históricos e arqueológicos;
• C) está errada ao sugerir um Estado centralizado - sua organização política era tribal, baseada em aldeias autônomas ligadas por parentesco;
• D) é falsa, pois os Tupi constituíam um dos grupos mais numerosos e culturalmente influentes no litoral brasileiro no século XVI.

Portanto, a alternativa A) corretamente sintetiza a dinâmica socioeconômica Tupi, que combinava agricultura de roça com deslocamentos estratégicos, caracterizando um modo de vida adaptado aos ecossistemas tropicais sem a formação de estruturas estatais complexas.

O estudo das sociedades indígenas que habitavam o território brasileiro no século XVI revela uma complexa organização social e cultural, conforme destacado pelo etnólogo Curt Nimuendaju. Sua pesquisa identificou cerca de 1400 povos indígenas no período do descobrimento, pertencentes a diversas famílias linguísticas e com distintas formas de organização.

A alternativa correta, conforme o gabarito, é a A), que afirma que esses povos pertenciam a grandes famílias linguísticas, como tupi-guarani, jê, karib e aruák, entre outras. Essa diversidade refletia não apenas diferenças linguísticas, mas também variações geográficas e sociais. Os tupi-guarani, por exemplo, ocupavam principalmente o litoral, enquanto os jê e karib estavam mais presentes no interior.

As demais alternativas apresentam imprecisões históricas. A opção B) inverte a distribuição geográfica dos tapuias e guaranis, enquanto a C) simplifica a complexidade das sociedades tupis, que não eram exclusivamente nômades e cujas práticas culturais, como o ritual antropofágico, tinham significados específicos dentro de seu contexto. A alternativa D) superestima a fidelidade das descrições coloniais, que muitas vezes eram influenciadas por preconceitos europeus. Por fim, a opção E) confunde a terminologia, já que "tapuios" era um termo genérico usado para designar grupos não tupis, e não necessariamente aliados dos portugueses.

Portanto, a afirmação correta é a de que os povos indígenas do Brasil pré-colonial pertenciam a diversas famílias linguísticas, com expressiva diversidade cultural e territorial, conforme evidenciado pelas pesquisas etnológicas.

O excerto apresentado aborda a ocupação do território brasileiro entre 12.000 e 8.000 anos atrás, destacando a presença de vestígios arqueológicos, principalmente em abrigos sob rocha. Esses locais, no entanto, não representam as moradias habituais dos primeiros habitantes, mas sim áreas onde os vestígios foram melhor preservados devido às condições naturais. O texto deixa claro que as moradias principais, provavelmente construídas a céu aberto, ainda são desconhecidas, evidenciando as limitações da pesquisa arqueológica em relação à preservação de materiais ao longo do tempo.

A alternativa correta, A), afirma que a localização das moradias habituais é incerta porque os vestígios só resistem em certas circunstâncias. Essa afirmação está em consonância com o texto, que menciona a dificuldade em identificar as habitações principais devido à falta de preservação de materiais em ambientes abertos. Os abrigos sob rocha, por sua vez, oferecem melhores condições para a conservação de artefatos, o que explica por que são mais frequentemente encontrados pelos arqueólogos.

As demais alternativas apresentam informações que não são corroboradas pelo texto. A alternativa B) menciona relatos de colonizadores, os quais não são citados no excerto. A alternativa C) sugere que os primeiros habitantes só moravam em abrigos de rochas, o que é contradito pelo texto, já que esses locais não eram suas moradias habituais. A alternativa D) faz uma suposição sobre a origem dos habitantes, algo que não é abordado no trecho. Por fim, a alternativa E) afirma que havia apenas um grupo étnico, uma informação que não pode ser comprovada com base no texto.

Portanto, a alternativa A) é a única que está alinhada com as informações fornecidas pelo excerto, reforçando a ideia de que a arqueologia enfrenta desafios na reconstrução do passado devido à fragilidade dos vestígios em determinados ambientes.

O estudo da Pré-História no Brasil revela aspectos fascinantes sobre os primeiros habitantes do território brasileiro. Analisando as assertivas apresentadas, podemos identificar quais informações são verdadeiras (V) e quais são falsas (F) com base no conhecimento arqueológico e histórico disponível.

A primeira afirmação é verdadeira (V), pois os povos pré-históricos brasileiros não desenvolveram sistemas de escrita, mas deixaram importantes vestígios materiais. Esses registros arqueológicos incluem pinturas rupestres em cavernas, fósseis, ferramentas líticas e evidências de práticas funerárias, que nos permitem reconstruir parte de seu modo de vida.

A segunda afirmação também é verdadeira (V). De fato, as marcas da pré-história estão distribuídas por todo o país, sendo os locais onde esses vestígios são encontrados denominados sítios arqueológicos. O Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, é reconhecido internacionalmente por sua importância arqueológica, contendo alguns dos mais antigos registros de ocupação humana nas Américas.

A terceira afirmação é falsa (F). Embora os grupos pré-históricos vivessem em pequenas comunidades familiares, havia sim divisão de tarefas por gênero, seguindo padrões encontrados em outras sociedades de caçadores-coletores. As mulheres geralmente eram responsáveis pela coleta de vegetais, preparo de alimentos e cuidado das crianças, enquanto os homens se dedicavam principalmente à caça e proteção do grupo.

A quarta afirmação é verdadeira (V). O uso controlado do fogo era uma tecnologia dominada por esses povos, empregado tanto para cocção de alimentos quanto para proteção contra animais. Suas pinturas rupestres, feitas com pigmentos naturais, retratavam efetivamente cenas do cotidiano, atividades de caça, rituais e aspectos da vida social, constituindo um importante registro visual de sua cultura.

Portanto, a sequência correta é V, V, F, V, correspondente à alternativa C). Esse exercício demonstra como a arqueologia nos permite reconstruir aspectos da vida dos primeiros habitantes do Brasil, mesmo na ausência de registros escritos, através da análise cuidadosa dos vestígios materiais que deixaram.

O texto apresentado destaca a domesticação da mandioca (Manihot esculenta) há aproximadamente 9 mil anos na região do Alto Rio Madeira, atual estado de Rondônia. Essa informação revela uma característica fundamental da economia agrícola no Brasil pré-cabralino: sua estreita ligação com os movimentos humanos ao longo dos rios amazônicos.

A domesticação de plantas como a mandioca demonstra que as sociedades indígenas desenvolveram conhecimentos agrícolas sofisticados muito antes da chegada dos europeus. A região amazônica, com sua vasta rede fluvial, serviu como um eixo central para o deslocamento, o intercâmbio cultural e a disseminação de técnicas agrícolas entre diferentes grupos.

Essa dinâmica contraria a visão simplista de que as populações pré-coloniais dependiam apenas do extrativismo e da coleta (alternativa B). Pelo contrário, a seleção e o cultivo de espécies como a mandioca evidenciam uma economia agrícola consolidada, adaptada ao ambiente amazônico e integrada aos fluxos humanos ao longo dos rios (alternativa D).

As demais alternativas não se sustentam: a aculturação (A) refere-se ao período pós-contato, o cruzamento de grãos no século XIX (C) é anacrônico, e a reivindicação de excedentes por grupos autóctones (E) não encontra respaldo no texto ou no contexto histórico mencionado.

Portanto, a alternativa correta é a D, que reconhece a importância dos rios amazônicos como vetores do desenvolvimento agrícola pré-colonial, exemplificado pela domesticação da mandioca e sua difusão na região.

Os sambaquis são um importante registro arqueológico que revela aspectos fundamentais sobre os povos pré-históricos que habitaram o litoral brasileiro, especialmente na região Sul. Esses sítios, formados principalmente por acúmulos de conchas, moluscos, ossos de animais e humanos, além de artefatos, oferecem pistas valiosas sobre o modo de vida dessas comunidades.

A análise dos vestígios encontrados nos sambaquis permite concluir que essas sociedades:

• Não há evidências que sustentem o conhecimento da escrita (alternativa A), pois não foram encontrados registros gráficos ou simbólicos que indiquem um sistema de escrita organizado.
• Também não há indícios claros de prática agrícola (alternativa B), já que os restos alimentares encontrados são predominantemente de origem marinha e de caça.
• Não existem elementos arqueológicos que comprovem uma organização social matriarcal (alternativa C), pois a estrutura social desses povos permanece desconhecida.
• Pelo contrário da alternativa D, a presença de ossadas humanas depositadas com pertences sugere justamente que esses povos tinham rituais funerários e uma forma ritualizada de lidar com a morte.

A alternativa correta é a E) "constituíam comunidades de caçadores e coletores". Esta conclusão se baseia nos seguintes aspectos evidenciados pelos sambaquis:

1. Predomínio de restos alimentares de origem marinha (moluscos, peixes) e terrestre (mamíferos), indicando economia baseada na coleta e caça.
2. Presença de instrumentos cortantes e amoladores, típicos de sociedades caçadoras-coletoras.
3. Ausência de evidências de cultivo agrícola ou domesticação de animais.
4. Padrão de assentamento característico de grupos que exploram recursos naturais sazonalmente.

Portanto, os sambaquis representam um testemunho importante das comunidades pré-históricas que viviam da exploração direta dos recursos naturais, caracterizando-se como sociedades de caçadores-coletores com domínio do ambiente costeiro.

A prática do canibalismo entre certos povos indígenas do Brasil estava profundamente ligada a aspectos culturais e espirituais, conforme a alternativa D) correta. Essa tradição não se tratava de um ato de violência gratuita, mas sim de um ritual simbólico, no qual acreditava-se que consumir partes do inimigo permitia absorver suas virtudes, como coragem e força. Essa crença refletia uma visão de mundo complexa, onde a morte e o consumo do adversário representavam uma forma de transcendência e continuidade das qualidades do guerreiro.

As demais alternativas apresentam equívocos históricos e culturais. As festas de fertilidade (A) e os períodos de estiagem (B) não guardam relação direta com o canibalismo ritualístico. O culto a deuses africanos (C) é uma confusão, já que a prática era indígena e anterior ao contato massivo com culturas africanas. Por fim, a associação com a resistência ao colonizador português (E) ignora que o canibalismo já existia antes da chegada dos europeus, sendo registrado em relatos de cronistas do período colonial como parte de rituais tradicionais.

Portanto, a resposta D) é a única que reconhece o significado antropológico do canibalismo como um mecanismo de apropriação simbólica de atributos, revelando como algumas sociedades indígenas interpretavam a guerra, a morte e a espiritualidade de maneira singular.

O texto apresentado, juntamente com os conhecimentos históricos sobre os povos indígenas do Brasil, permite afirmar que a alternativa correta é a letra E. Os povos tupi-guarani, mencionados no excerto, destacavam-se por suas técnicas agrícolas, como a coivara (sistema de cultivo que envolve a queima controlada da vegetação), além de serem hábeis caçadores e pescadores. Essas características, somadas ao domínio da navegação, foram fundamentais para sua expansão territorial ao longo de mil anos antes da chegada dos europeus.

A agricultura praticada por esses povos garantia uma base alimentar estável, enquanto a habilidade em navegar rios e mares facilitou sua dispersão por vastas regiões do território que mais tarde seria chamado de Brasil. Essa combinação de fatores – produção de alimentos e mobilidade – explica sua presença em diversas áreas do país no período pré-colonial, contrastando com as demais alternativas apresentadas, que não correspondem às evidências históricas sobre os tupi-guarani.

Portanto, a alternativa E é a única que sintetiza corretamente as informações do texto e o contexto histórico desses povos, reforçando seu papel como um dos principais grupos indígenas a ocupar e influenciar culturalmente o Brasil antes da colonização portuguesa.

A extinção de muitas sociedades indígenas no Brasil, ao longo dos mais de cinco séculos desde o início da colonização portuguesa, é um fenômeno complexo e multifatorial. As alternativas apresentadas no texto destacam diferentes aspectos desse processo histórico, todos eles contribuindo direta ou indiretamente para o desaparecimento de culturas e populações nativas.

A primeira alternativa, Uso da força, refere-se à violência física e à dominação imposta pelos colonizadores, que subjugaram os povos indígenas através de ações coercitivas. A segunda, Conflitos armados, aponta para os confrontos diretos entre colonizadores e indígenas, muitas vezes resultando em massacres e extermínio de comunidades inteiras.

A terceira alternativa, Transmissão de doenças, foi um dos fatores mais devastadores, pois os indígenas não possuíam imunidade contra enfermidades trazidas pelos europeus, como varíola e gripe, levando a mortes em larga escala. Por fim, a quarta alternativa, Imposição de costumes, destaca a destruição cultural e a assimilação forçada, que desestruturaram as sociedades indígenas ao longo do tempo.

Portanto, a resposta correta é a alternativa A) I, II, III e IV, pois todos esses elementos – uso da força, conflitos armados, transmissão de doenças e imposição de costumes – atuaram de forma combinada no processo de extinção das sociedades indígenas no Brasil.

O trecho apresentado evidencia a complexidade da questão indígena no Brasil, desde os primórdios da colonização até os dias atuais. A alternativa correta, A), aponta para um problema estrutural no reconhecimento e valorização das culturas indígenas, que persiste na sociedade brasileira contemporânea.

A denominação genérica de "tapuias" para grupos diversos, como mencionado no texto, revela uma tendência histórica de homogeneização das culturas indígenas. Esse apagamento das especificidades culturais se perpetua hoje através do uso indiscriminado do termo "índio", que ignora as profundas diferenças entre as mais de 300 etnias existentes no país.

A situação política atual dos povos indígenas brasileiros confirma a pertinência da alternativa A). Questões como a demarcação de terras, o acesso a políticas públicas adequadas e a preservação de culturas ameaçadas demonstram como o desconhecimento e a falta de reconhecimento das diferenças culturais impactam concretamente a vida desses grupos.

As demais alternativas apresentam equívocos significativos. A alternativa B) ignora que o uso de tecnologias ocidentais não significa abandono de identidades culturais. A C) desconsidera a resistência e vitalidade dos povos indígenas atuais. A D) minimiza os conflitos territoriais e culturais ainda existentes. E a E) reproduz uma visão assimilacionista que nega o direito à diferença cultural.

Portanto, a alternativa A) corretamente identifica a persistência de um tratamento genérico e desrespeitoso em relação às culturas indígenas, com consequências políticas e sociais graves para esses povos.