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Refiro-me à destruição que pudemos fazer da grande (20 x 40 metros) e velha maloca taracuá […] Sabe V. Rvma. que para o índio a maloca é cozinha, dormitório, refeitório, tenda de trabalho, lugar de reunião na estação de chuvas e sala de dança nas grandes solenidades. […] A maloca é também, como costumava dizer o zeloso dom Bazola, a “casa do diabo”, pois que ali se fazem as orgias infernais, maquinam-se as mais atrozes vinganças contra os brancos e contra outros índios… Monsenhor Pedro Massa, início século XX. In: ZENUN, K. H. e ADISSI, V. M. A. Ser índio hoje: a tensão territorial. 2.ed. São Paulo: Loyola, 1999, p. 70. (Adaptado). Com a chegada dos europeus ao continente americano, teve início a subjetivação da figura do índio, delineando-se, gradativamente, a imagem do nativo ocioso, preguiçoso, indisciplinado e desorganizado. Esse ponto de vista atravessou séculos e sobrevive em nossos dias. Dessa maneira, de acordo com a citação, derrubar a maloca seria uma ação necessária, pois a moradia indígena representava o(a)

Refiro-me à destruição que pudemos fazer da grande (20 x 40 metros) e velha maloca
taracuá […] Sabe V. Rvma. que para o índio a maloca é cozinha, dormitório, refeitório,
tenda de trabalho, lugar de reunião na estação de chuvas e sala de dança nas grandes
solenidades. […] A maloca é também, como costumava dizer o zeloso dom Bazola, a
“casa do diabo”, pois que ali se fazem as orgias infernais, maquinam-se as mais atrozes
vinganças contra os brancos e contra outros índios…
Monsenhor Pedro Massa, início século XX. In: ZENUN, K. H. e ADISSI, V. M. A. Ser índio hoje: a tensão
territorial. 2.ed. São Paulo: Loyola, 1999, p. 70. (Adaptado).
Com a chegada dos europeus ao continente americano, teve início a subjetivação da figura do índio,
delineando-se, gradativamente, a imagem do nativo ocioso, preguiçoso, indisciplinado e desorganizado.
Esse ponto de vista atravessou séculos e sobrevive em nossos dias. Dessa maneira, de acordo com a
citação, derrubar a maloca seria uma ação necessária, pois a moradia indígena representava o(a)

Resposta:

A alternativa correta é A)

O relato de Monsenhor Pedro Massa no início do século XX revela uma visão profundamente etnocêntrica e missionária sobre a cultura indígena, especialmente no que diz respeito à maloca. A descrição da destruição desse espaço central para a vida comunitária dos povos originários não é casual, mas sim parte de um projeto maior de dominação espiritual e cultural. A maloca, enquanto núcleo de sociabilidade, ritual e organização coletiva, era vista pelos colonizadores como um empecilho à conversão religiosa e à imposição de novos valores.

A associação da maloca à "casa do diabo" pelo padre Bazola explicita o caráter demonizador atribuído às tradições indígenas, justificando sua destruição como um ato de purificação. Essa narrativa servia aos interesses coloniais, pois ao desqualificar os espaços e práticas nativas, facilitava a imposição de uma nova ordem social e religiosa. A maloca representava, portanto, a resistência de uma cosmovisão autóctone que desafiava os dogmas europeus, sendo seu desmonte uma estratégia para enfraquecer a identidade coletiva indígena.

A alternativa correta (A) aponta precisamente para esse conflito: a maloca encarnava a tradição cultural pagã que se opunha aos objetivos de conversão e controle espiritual. Sua destruição não era apenas física, mas simbólica, visando apagar modos de vida incompatíveis com a visão colonial. Essa lógica persiste em diferentes formas até hoje, mostrando como o epistemicídio indígena foi fundamental para a construção de uma narrativa histórica que marginaliza e inferioriza os povos originários.

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