Se vamos ter mais tempo de lazer no futuro automatizado, o problema não é como as pessoas vão consumir essas unidades adicionais de tempo de lazer, mas que capacidade para a experiência terão as pessoas com esse tempo livre. Mas se a notação útil do emprego do tempo se torna menos compulsiva, as pessoas talvez tenham de reaprender algumas das artes de viver que foram perdidas na Revolução Industrial: como preencher os interstícios de seu dia com relações sociais e pessoais; como derrubar mais uma vez as barreiras entre o trabalho e a vida. THOMPSON, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Cia. das Letras, 1998 (adaptado). A partir da reflexão do historiador, um argumento contrário à transformação promovida pela Revolução Industrial na relação dos homens com o uso do tempo livre é o(a)
Se vamos ter mais tempo de lazer no futuro
automatizado, o problema não é como as pessoas vão
consumir essas unidades adicionais de tempo de lazer,
mas que capacidade para a experiência terão as pessoas
com esse tempo livre. Mas se a notação útil do emprego
do tempo se torna menos compulsiva, as pessoas talvez
tenham de reaprender algumas das artes de viver que
foram perdidas na Revolução Industrial: como preencher
os interstícios de seu dia com relações sociais e pessoais;
como derrubar mais uma vez as barreiras entre o trabalho
e a vida.
THOMPSON, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional.
São Paulo: Cia. das Letras, 1998 (adaptado).
A partir da reflexão do historiador, um argumento contrário à transformação promovida pela Revolução Industrial na
relação dos homens com o uso do tempo livre é o(a)
- A)intensificação da busca do lucro econômico.
- B)flexibilização dos períodos de férias trabalhistas.
- C)esquecimento das formas de sociabilidade tradicionais.
- D)aumento das oportunidades de confraternização familiar.
- E)multiplicação das possibilidades de entretenimento virtual.
Resposta:
A alternativa correta é C)
O texto de E. P. Thompson, em Costumes em comum, aborda uma crítica à transformação promovida pela Revolução Industrial na relação dos indivíduos com o tempo livre. O historiador argumenta que, com a automatização e a redução da carga de trabalho compulsório, surge a questão não apenas de como as pessoas ocuparão esse tempo adicional, mas também de sua capacidade de experienciá-lo de forma significativa. Nesse contexto, Thompson destaca que a Revolução Industrial levou à perda de "artes de viver", como a habilidade de preencher os momentos cotidianos com relações sociais e pessoais autênticas, além de reforçar uma divisão artificial entre trabalho e vida.
Dentre as alternativas apresentadas, o argumento contrário à transformação industrial que melhor se alinha à reflexão de Thompson é o esquecimento das formas de sociabilidade tradicionais (alternativa C). Isso porque o autor enfatiza justamente a erosão de práticas sociais e interações humanas mais espontâneas e menos reguladas pela lógica produtivista. Enquanto a busca pelo lucro (A) e o entretenimento virtual (E) são consequências diretas do modelo industrial, e as férias flexíveis (B) e a confraternização familiar (D) não representam necessariamente uma crítica ao sistema, o esquecimento das sociabilidades tradicionais reflete a perda cultural criticada por Thompson.
Portanto, a resposta correta é a alternativa C, pois capta a essência da preocupação do historiador: a desconexão entre os indivíduos e as formas mais orgânicas de convivência, substituídas por uma dinâmica de vida cada vez mais fragmentada e instrumentalizada pelo trabalho industrial.
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