Controle público absolutamente indispensável. (…) Corrupção inevitável (…) A prática do socialismo exige uma completa subversão no espírito das massas (…). Instintos sociais em lugar dos instintos egoístas (…). Mas ele [Lenin] se engana completamente no emprego dos meios. Decreto, poder ditatorial dos inspetores de fábrica, sanções draconianas, terror (…). A única via que leva a um renascimento é a própria escola da vida pública, uma democracia mais ampla (…). É justamente o terror que desmoraliza. (Rosa Luxemburgo. A Revolução Russa (1918), apud Marc Ferro. A Revolução Russa de 1917, 1974. Adaptado) A partir do fragmento, é correto afirmar que
subversão no espírito das massas (…). Instintos sociais em
lugar dos instintos egoístas (…). Mas ele [Lenin] se engana
completamente no emprego dos meios. Decreto, poder
ditatorial dos inspetores de fábrica, sanções draconianas,
terror (…). A única via que leva a um renascimento é a própria escola da vida pública, uma democracia mais ampla (…).
É justamente o terror que desmoraliza.
A Revolução Russa de 1917, 1974. Adaptado)
- A)o processo de criação do Estado socialista na Rússia, a partir de 1917, faz-se com métodos violentos, defendidos pela autora: esvaziamento do poder dos sovietes, fortalecimento da polícia secreta, burocracia e implantação de uma ditadura para realizar as mudanças econômicas tão importantes naquele momento de crise.
- B)o texto da militante comunista é uma crítica à forma como a Revolução de 1917, liderada por Lenin, organizou o Estado de forma centralizadora, burocrática, sem tolerar a oposição, impunha a requisição de grãos, a estatização com o comunismo de guerra, afastando-se da democracia.
- C)a militante anarquista russa critica a forma como a liderança menchevique usa meios violentos para implantar o socialismo, baseado na reforma agrária, no controle dos bancos, dos transportes e das riquezas do subsolo, na tentativa de diminuir as distâncias sociais e aumentar o poder dos sovietes.
- D)a autora considera que a Revolução Russa de 1917 havia avançado no seu projeto de construção do Estado socialista e no êxito de suas realizações econômicas: controle da máquina administrativa para evitar a corrupção, a organização do Estado de forma democrática e o estabelecimento da propriedade coletiva.
- E)a militante comunista alemã, a partir de uma crítica contundente, aponta erros na rota planejada por Lenin para o Estado socialista russo e sugere caminhos como: o controle público da economia, o terror com a polícia secreta, sanções contra a corrupção administrativa e, por fim, a ditadura para garantir os princípios socialistas.
Resposta:
A alternativa correta é B)
O fragmento de Rosa Luxemburgo sobre a Revolução Russa de 1917 revela uma crítica contundente aos métodos adotados por Lenin na construção do Estado socialista. A autora, militante comunista, não condena os objetivos da revolução, mas sim os meios utilizados para alcançá-los. Ela argumenta que o socialismo exige uma transformação profunda no espírito das massas, substituindo os instintos egoístas por instintos sociais, mas questiona a eficácia de decretos, poder ditatorial e terror como ferramentas para essa mudança.
Rosa Luxemburgo defende que o caminho para o renascimento socialista deveria passar por uma democracia mais ampla e pela escola da vida pública, em contraste com a centralização e a repressão implementadas pelo governo bolchevique. Sua crítica se concentra na forma como a revolução foi conduzida, com a burocratização do Estado, a intolerância à oposição e o afastamento dos princípios democráticos que, em sua visão, eram essenciais para a construção de uma sociedade socialista autêntica.
A alternativa B) é a correta porque capta precisamente essa crítica de Luxemburgo à condução da Revolução Russa sob Lenin. Ela não rejeita o socialismo, mas sim os métodos autoritários e centralizadores que, em sua análise, corrompem o potencial emancipatório da revolução. A autora alerta que o terror e a supressão da democracia acabam por desmoralizar o movimento, enfraquecendo sua capacidade de transformação social. Essa perspectiva reflete uma visão mais ampla dentro do pensamento socialista sobre os perigos de sacrificar a liberdade em nome da revolução.
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