Seja como for, o comunismo não se limitava à Rússia. […] Uma das minhas primeiras experiências políticas, quando me tornei membro do partido [comunista] na época em que ainda estudava em Berlim, foi uma discussão com o companheiro responsável por meu recrutamento. Ele ficou desconcertado quando lhe disse: “Bem, todo mundo sabe que a Rússia é um país atrasado, por isso podemos esperar que o comunismo tenha suas derrotas por lá.”(Eric J. Hobsbawm. O novo século, 2000.)A afirmação do estudante de Berlim e futuro historiador inglês baseava-se na ideia de que
Seja como for, o comunismo não se limitava à Rússia. […]
Uma das minhas primeiras experiências políticas, quando me
tornei membro do partido [comunista] na época em que ainda
estudava em Berlim, foi uma discussão com o companheiro
responsável por meu recrutamento. Ele ficou desconcertado
quando lhe disse: “Bem, todo mundo sabe que a Rússia é um
país atrasado, por isso podemos esperar que o comunismo
tenha suas derrotas por lá.”
baseava-se na ideia de que
- A)as revoluções operárias vitoriosas ocorreram ao longo da história nos países mais industrializados.
- B)as rupturas sociais radicais, inauguradas pela Revolução Francesa, deram origem a regimes totalitários.
- C)o sucesso revolucionário seria possível somente no caso da propagação da revolução para países dominados pelos europeus.
- D)a vitória dos comunistas na Rússia foi liderada por partidos oriundos dos movimentos camponeses.
- E)a revolução bolchevista deveria enfrentar a questão do desenvolvimento econômico do país.
Resposta:
A alternativa correta é E)
O trecho apresentado, extraído da obra O novo século de Eric J. Hobsbawm, revela uma perspectiva crítica sobre a Revolução Russa e o comunismo no início do século XX. O jovem Hobsbawm, ainda estudante em Berlim, expressa uma visão cética em relação ao sucesso do comunismo na Rússia, considerando o país como "atrasado". Essa afirmação reflete um debate central dentro do movimento comunista internacional sobre as condições necessárias para uma revolução socialista bem-sucedida.
A alternativa correta (E) aponta para o cerne dessa discussão: a revolução bolchevista na Rússia precisava superar o desafio do desenvolvimento econômico do país. Ao contrário das expectativas marxistas tradicionais, que previam revoluções em nações industrializadas, a Rússia era majoritariamente agrária e com uma classe operária incipiente. O comentário de Hobsbawm sugere que o atraso econômico russo poderia comprometer o projeto comunista, indicando que o sucesso da revolução dependia da capacidade de transformar as bases materiais da sociedade.
Essa questão histórica ajuda a compreender os dilemas enfrentados pela União Soviética em suas primeiras décadas, quando buscou acelerar a industrialização através dos planos quinquenais. O texto de Hobsbawm, portanto, não apenas ilustra um momento formativo na trajetória do historiador, mas também captura um debate fundamental sobre as contradições entre teoria revolucionária e realidade histórica.
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