“Importa esclarecer, inicialmente, o sentido das palavras Reforma, Reformados e Contra-Reforma. A primeira era de uso corrente no final da Idade Média. Significava a purificarão interior que cada fiel teria obrigação de operar em si para que o mundo cristão fosse rejuvenescido, e sobretudo as transformações no sentido da pobreza e tia santidade que se esperava da Igreja. Mas, a partir de Lutero, a palavra Reforma designou a renovação da Igreja iniciada em 1517 fora de Roma, e mesmo contra da. Assim a entendemos ainda atualmente. Contudo, tendo surgido dissensões entre tas protestantes, após a Fórmula luterana de Concórdia (1580), os herdeiros espirituais de Zwinglio e de Calvino se declararam Reformados para melhor se distinguirem dos luteranos. Os tratados de Vestfália consagraram aquela denominação, que é a mesma conservada até hoje. Alguns historiadores católicos desejariam ver abandonar o termo Contra-Reforma. Nós pelo contrário mantivemo-lo, mas num sentido limitado e muito preciso Ele designará apenas em nosso discurso as manifestações resolutamente antiprotestantes do catolicismo em via de renovação, nos séculos XVI e XVII” (DELUMEAU, J. Nascimento e afirmação da Reforma. São Paulo: Pioneira, 1989, p. 1) Acerca da Reforma Protestante, pode-se dizer que:
“Importa esclarecer, inicialmente, o sentido das palavras
Reforma, Reformados e Contra-Reforma. A primeira era de
uso corrente no final da Idade Média. Significava a
purificarão interior que cada fiel teria obrigação de operar
em si para que o mundo cristão fosse rejuvenescido, e
sobretudo as transformações no sentido da pobreza e tia
santidade que se esperava da Igreja. Mas, a partir de
Lutero, a palavra Reforma designou a renovação da Igreja
iniciada em 1517 fora de Roma, e mesmo contra da. Assim
a entendemos ainda atualmente. Contudo, tendo surgido
dissensões entre tas protestantes, após a Fórmula luterana
de Concórdia (1580), os herdeiros espirituais de Zwinglio e
de Calvino se declararam Reformados para melhor se
distinguirem dos luteranos. Os tratados de Vestfália
consagraram aquela denominação, que é a mesma
conservada até hoje.
Alguns historiadores católicos desejariam ver abandonar o
termo Contra-Reforma. Nós pelo contrário mantivemo-lo,
mas num sentido limitado e muito preciso Ele designará
apenas em nosso discurso as manifestações resolutamente
antiprotestantes do catolicismo em via de renovação, nos
séculos XVI e XVII”
(DELUMEAU, J. Nascimento e afirmação
da Reforma. São Paulo: Pioneira, 1989, p. 1)
Acerca da Reforma Protestante, pode-se dizer que:
- A)é possível considerar como suficiente a tese segundo a qual os Reformadores teriam deixado a Igreja romana porque ela estava repleta de devassidões e impurezas.
- B)se tantas pessoas na Europa, de níveis culturais e econômicos diferentes, optaram pela Reforma, foi por esta ter sido a melhor e mais completa resposta religiosa a uma grande angústia coletiva.
- C)a reforma protestante descreve perfeitamente o fenômeno político descrito por Max Weber, em que líderes carismáticos se sobrepõem à sociedade, tomando o processo histórico em suas mãos.
- D)a igreja católica em um primeiro momento, tentou boicotar o fenômeno religioso da Reforma Protestante, a apenas uma crítica à arquitetura das igrejas e que se tratava de uma proposta de reconstrução dos templos.
- E)o protestantismo dá ênfase a três doutrinas principais: a justificação pela fé, o sacerdócio universal e a infalibilidade apenas da Bíblia.
Resposta:
A alternativa correta é E)
A Reforma Protestante, movimento religioso que marcou profundamente a história do cristianismo no século XVI, trouxe consigo transformações teológicas, políticas e sociais que redefiniram a espiritualidade europeia. Como aponta o texto de Delumeau, os termos "Reforma", "Reformados" e "Contra-Reforma" carregam significados específicos que refletem as complexidades desse período. A opção correta (E) destaca três pilares fundamentais do protestantismo: a justificação pela fé, o sacerdócio universal e a autoridade exclusiva das Escrituras, elementos que diferenciaram radicalmente a nova fé da tradição católica romana.
A justificação pela fé, princípio central da teologia luterana, negava a necessidade de intermediação clerical para a salvação, colocando em xeque todo o sistema sacramental da Igreja. O sacerdócio universal, por sua vez, democratizava o acesso ao divino, eliminando a hierarquia eclesiástica como única detentora da verdade religiosa. Por fim, o princípio da Sola Scriptura (somente a Bíblia) rejeitava a tradição e o magistério papal como fontes de autoridade, concentrando toda a verdade revelada no texto bíblico.
Embora outras alternativas apresentem aspectos relacionados ao movimento reformista - como a crítica à corrupção eclesiástica (A) ou seu caráter de resposta à angústia espiritual (B) - apenas a opção E sintetiza com precisão os fundamentos doutrinários que estruturaram o protestantismo histórico. A Contra-Reforma, como menciona Delumeau, representou justamente a reação católica a esses novos princípios, consolidando-se como movimento de afirmação da ortodoxia romana frente ao desafio protestante.
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