“O meu propósito não é provar que era eu que tinha razão, mas de verificar se tinha. (…) E o que nós provamos hoje, amanhã apagaremos do quadro, e só voltaremos a escrevê-lo quando estiver comprovado outra vez. E quando estiver provado o que desejamos provar, toda desconfiança será pouca. (…) A prática da ciência me parece exigir notável coragem, desse ponto de vista. Ela negocia com o saber obtido através da dúvida. Arranjando saber, a respeito de tudo e para todos, ela procura fazer com que todos duvidem.” BRECHT, Bertold. A vida de Galileu. In: Brecht, Bertold. Teatro completo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. Vol. 06. pp. 51 – 170. O Renascimento científico marcou profundamente o pensamento ocidental, e Galileu foi um dos grandes expoentes desse movimento. Algumas de suas premissas são válidas até os dias de hoje, como por exemplo:

O trecho de A vida de Galileu, de Bertold Brecht, sintetiza de maneira brilhante o espírito do Renascimento científico e a postura que Galileu Galilei adotou em sua busca pelo conhecimento. A fala de Galileu no texto reflete uma abordagem que valoriza não a defesa cega de ideias, mas a verificação constante e a disposição para questionar até mesmo as próprias certezas. Essa mentalidade é um dos pilares do método científico moderno e continua a ser relevante nos dias de hoje.

O Renascimento científico trouxe consigo uma ruptura com o dogmatismo que dominava o pensamento medieval, substituindo-o por uma cultura de investigação baseada na observação, na experimentação e na dúvida metódica. Galileu, como um dos principais representantes desse movimento, defendia que o conhecimento deveria ser construído a partir de evidências e não de autoridade ou tradição. Sua insistência em testar hipóteses e revisar conclusões demonstra uma humildade intelectual rara para a época e essencial para o progresso da ciência.

Entre as premissas apresentadas, a alternativa A) – A importância da experimentação e da dúvida constante na produção do conhecimento – é a que melhor captura o cerne do pensamento galileano e do método científico. A dúvida não é um fim em si mesma, mas um instrumento para evitar a complacência intelectual. Ao mesmo tempo, a experimentação serve como um mecanismo de verificação, garantindo que as teorias não sejam meras especulações, mas estejam ancoradas na realidade observável.

As demais alternativas apresentam distorções ou reducionismos. A alternativa B) menciona a busca por provas irrefutáveis, mas a ciência, como mostra Brecht na fala de Galileu, está sempre sujeita a revisões – o que hoje parece incontestável pode ser questionado amanhã. A alternativa C) incorre em um erro grave ao sugerir que a verdade científica deriva da opinião majoritária, o que contraria o princípio da objetividade. Já a alternativa D) subestima a importância do método, como se a dúvida por si só fosse suficiente, ignorando a necessidade de rigor e sistematicidade na investigação.

Portanto, a lição deixada por Galileu e retratada por Brecht permanece atual: a ciência avança não pela certeza absoluta, mas pela coragem de duvidar, testar e, quando necessário, repensar. Essa é a essência de um conhecimento que se renova continuamente.