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Questões Sobre Imperialismo e Colonialismo do século XIX - História - concurso

Questão 1

Às vésperas da primeira guerra mundial, a África dominava-se por, EXCETO: 

  • A)Possessão belga.
  • B)Possessão americana.
  • C)Possessão alemãs.
  • D)Possessão inglesas
  • E)Possessão francesa.
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A alternativa correta é B)

Às vésperas da Primeira Guerra Mundial, o continente africano encontrava-se majoritariamente sob o domínio de potências europeias, que haviam consolidado suas possessões durante o período conhecido como "Partilha da África" no século XIX. Nesse contexto, a alternativa que representa uma exceção à realidade colonial africana da época é a letra B) Possessão americana, uma vez que os Estados Unidos não mantinham colônias no continente.

As demais alternativas correspondem a fatos históricos:

  • A) Possessão belga: O Congo Belga era uma colônia sob domínio da Bélgica.
  • C) Possessão alemãs: A Alemanha possuía territórios como Togo, Camarões, África Oriental Alemã e Sudoeste Africano.
  • D) Possessão inglesas: O Império Britânico controlava vastas áreas como Egito, Sudão, Rodésia e África do Sul.
  • E) Possessão francesa: A França dominava regiões como Argélia, Marrocos, Tunísia e África Ocidental Francesa.

Portanto, a resposta correta é de fato B) Possessão americana, já que os Estados Unidos não participaram ativamente da colonização africana, concentrando seus interesses geopolíticos em outras regiões do globo no período pré-guerra.

Questão 2

“Em toda a parte onde [o inglês] domine e impere, todo o
esforço consiste em reduzir as civilizações estranhas ao tipo
da sua civilização anglo-saxônica. O mal não é grande quando
eles operam sobre a Zululância e sobre a Cafraria, nessas
vastidões da Terra Negra, onde selvagens e a sua cubata mal
se distinguem das ervas e das rochas, e são meros acessórios
da paisagem: aí encontram apenas uma matéria bruta, onde
nenhuma anterior forma de beleza original se estraga, quando
eles a refundem para a fazer à sua imagem. Vestir o
desventurado rei negro Cetewayo, como eles agora fizeram, de
coronel de infantaria, obrigar os chefes do Basutos a saber de
cor os nomes da família real inglesa, são talvez actos de feroz
despotismo, mas não deterioram nenhuma primitiva
originalidade de linha ou de ideia.”

[QUEIROZ, Eça. Cartas da Inglaterra]

O texto do escritor português Eça de Queiroz ressalta
concepção difundida durante a chamada pax britânica, que
seria:

  • A)Antropocentrismo.
  • B)Individualismo.
  • C)Eurocentrismo.
  • D)Liberalismo.
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A alternativa correta é C)

O trecho de Eça de Queiroz, retirado de Cartas da Inglaterra, ilustra uma visão crítica sobre a expansão colonial britânica e sua imposição cultural sobre povos considerados "inferiores". O autor descreve como o imperialismo inglês buscava moldar outras civilizações segundo seus próprios padrões anglo-saxônicos, especialmente em regiões como a África, onde as culturas locais eram vistas como "matéria bruta" a ser reformulada. Essa postura reflete claramente o eurocentrismo, conceito que coloca a Europa — e, no caso, a Inglaterra — como centro civilizatório e modelo a ser seguido, desprezando as tradições e identidades dos povos colonizados.

A alternativa correta, portanto, é a C) Eurocentrismo, pois o texto evidencia a superioridade atribuída à cultura europeia e sua pretensão de uniformizar outras sociedades segundo seus valores. Enquanto o antropocentrismo (A) refere-se à centralidade do ser humano, o individualismo (B) destaca a primazia do indivíduo sobre o coletivo, e o liberalismo (D) está mais associado à liberdade econômica e política, nenhum desses conceitos captura a essência da dominação cultural descrita por Eça de Queiroz. O eurocentrismo, por sua vez, explica a hierarquização de culturas e a justificativa para a assimilação forçada, como no caso do rei Cetewayo vestido à moda britânica ou dos chefes Basutos submetidos à memorização da família real inglesa.

Questão 3

 Leia o trecho do relatório abaixo, escrito por Cecil Rhodes, homem de negócios e colonizador da África. A seguir, responda à questão proposta. 
“Considerei a existência de Deus e decidi que há uma boa chance de que ele exista. Se ele realmente existir, deve estar trabalhando em um plano. Portanto, se devo servir a Deus, preciso descobrir o plano e fazer o melhor possível para ajudá-lo em sua execução. Como descobrir o plano? Primeiramente, procurar a raça que Deus escolheu para ser o instrumento divino da futura evolução. Inquestionavelmente, é a raça brancal Devotarei o restante de minha vida ao propósito de Deus e a ajudá-lo a tornar o mundo inglês.”
 Cecil Rhodes. Relatório da Diretoria da Companhia Britânica da África do Sul, 1897-1898. Acessado no site http://pt.wikipedia.org/wiki/Cecil_Rhodes. Acessado em 11-03-2014. 
Para ingleses como Rhodes, a política imperialista inglesa na África justificava-se pela

  • A)religião católica, que dominava a coroa britânica e dava razões para a exploração dos africanos que não seriam católicos, mas tomados como pagãos.
  • B)suposta superioridade racial e intelectual branca e de origem europeia sobre os africanos. Rhodes aliava Deus ao seu instrumento imperialista de conquista e exploração, relacionando a devoção ao domínio britânico.
  • C)relação entre a existência de um Deus para os brancos ingleses e de outros deuses para os diversos povos africanos. Por serem politeístas, Rhodes e os ingleses consideravam os africanos atrasados e inferiores.
  • D)existência de um plano divino que relacionava a conquista inglesa do mundo civilizado e, particularmente, da América, ao domínio religioso e cultural europeu, branco, superior e católico.
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A alternativa correta é B)

O trecho do relatório de Cecil Rhodes revela uma justificativa ideológica profundamente enraizada no imperialismo britânico do século XIX. Rhodes, um dos principais arquitetos da expansão colonial na África, utiliza um discurso que mistura religião, racismo e missão civilizatória para legitimar a dominação inglesa. A resposta correta para a questão proposta é a alternativa B, pois o texto demonstra claramente a crença na "suposta superioridade racial e intelectual branca", associando-a a um suposto plano divino.

Rhodes parte da premissa de que Deus, se existir, estaria trabalhando em um plano evolutivo para a humanidade. Ele então conclui, sem qualquer base científica ou teológica sólida, que a "raça branca" seria o instrumento escolhido por Deus para conduzir esse processo. Essa visão reflete o darwinismo social, teoria pseudocientífica muito em voga na época, que distorcia as ideias de Charles Darwin para defender a superioridade de certos grupos humanos sobre outros.

O empresário e colonizador vai além ao declarar que dedicará sua vida a "tornar o mundo inglês", mostrando como a ideia de superioridade racial se conectava diretamente com os interesses imperialistas da Grã-Bretanha. Essa mentalidade serviu de base para inúmeras violências contra os povos africanos, desde a exploração econômica até o apartheid na África do Sul, país onde Rhodes teve grande influência.

As outras alternativas estão incorretas porque:

  • A) A religião mencionada por Rhodes não é especificamente o catolicismo, e sim uma visão genérica de Deus.
  • C) O texto não faz referência ao politeísmo africano, focando apenas na suposta eleição divina dos brancos.
  • D) O plano divino descrito por Rhodes refere-se à África, não à América, e não menciona o catolicismo.

Este documento histórico ilustra como o racismo científico e o imperialismo se alimentavam mutuamente no século XIX, usando justificativas pseudorreligiosas para mascarar interesses econômicos e políticos. A análise crítica desse pensamento é fundamental para compreender as raízes do colonialismo e seus impactos duradouros nas relações internacionais.

Questão 4

Analise as assertivas abaixo considerando o processo do comércio escravocrata e as implementações de políticas de descontinuidade dessa relação comercial:

I. A historiografia apresenta o comércio de escravos como uma atividade extremamente lucrativa até o final do século XIX, porém, no processo de desintegração desse modelo, os ingleses, objetivando mais lucratividades, determinaram, em 1807, a intensificação de envio de escravos para suas colônias de forma impositiva.
II. Com a consolidação da Revolução Industrial, o capitalismo moderno dinamizou o processo de desintegração do modelo escravocrata, uma vez que a escravidão se tornou um peso morto, um ente fora do mercado de consumo.
III. Dom Pedro I, em 1850, obrigou a Inglaterra a reconhecer a independência do Brasil e, para isso, comprometeu-se em intensificar o envio de grupos de escravos à Inglaterra, como pacto de obediência a uma lei inglesa e pagamento das dívidas contraídas.
IV. Em 1850, as pressões sobre o fim do escravismo eram tão grandes que levaram à aprovação da lei do ventre livre, a qual proibiu definitivamente o tráfico negreiro para o Brasil.
Quais estão corretas?

  • A)Apenas I.
  • B)Apenas II.
  • C)Apenas IV.
  • D)Apenas II e IV.
  • E)Apenas III e IV.
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A alternativa correta é B)

Analisando as assertivas sobre o comércio escravocrata e as políticas de descontinuidade desse sistema, podemos identificar os seguintes pontos:

I. Incorreta: A afirmação de que os ingleses intensificaram o envio de escravos para suas colônias em 1807 é equivocada. Na realidade, a Inglaterra proibiu o tráfico de escravos nesse ano, buscando pressionar outras nações a fazerem o mesmo, alinhando-se à sua política abolicionista e aos interesses do capitalismo industrial.

II. Correta: A Revolução Industrial transformou a economia global, tornando o trabalho assalariado mais vantajoso que a escravidão. Os escravos, excluídos do mercado consumidor, não atendiam às demandas do capitalismo industrial, acelerando o declínio do modelo escravocrata.

III. Incorreta: A afirmação sobre Dom Pedro I em 1850 está incorreta. Na verdade, foi a Lei Eusébio de Queirós, nesse mesmo ano, que proibiu o tráfico de escravos para o Brasil, atendendo às pressões britânicas. Não houve nenhum acordo envolvendo o envio de escravos à Inglaterra como parte do reconhecimento da independência.

IV. Incorreta: A Lei do Ventre Livre foi promulgada em 1871, não em 1850. Além disso, ela não proibiu imediatamente o tráfico negreiro, mas declarou livres os filhos de escravos nascidos a partir daquela data. A lei que efetivamente aboliu o tráfico foi a Eusébio de Queirós, em 1850.

Portanto, a única assertiva correta é a II, tornando a alternativa B) Apenas II a resposta certa.

Questão 5

A Revolução Industrial e as revoluções liberais burguesas, entre fins do século XVIII e primeira metade do século XIX, assinalaram, na economia e na política, o advento do mundo contemporâneo. Na Civilização Ocidental, ficavam para trás os tempos do feudalismo medieval e da Idade Moderna. A expansão da nova economia assentada na indústria levou à universalização do sistema capitalista. A corrida neocolonial e as disputas entre as potências imperialistas foram decisivas para a Grande Guerra de 1914, experiência que se repete duas décadas mais tarde, com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O mundo pós-1945 foi, durante décadas, dominado pelo confronto americano-soviético, disputa que chega ao fim com a desintegração da União Soviética e o fracasso do denominado socialismo real. Também foi a fase de emancipação afro-asiática, simultânea ao declínio europeu. Na virada do século XX para o XXI, a globalização adquire feições ainda mais consistentes e, no seu rastro, surgem grandes blocos econômicos. Descortinava-se a “era do conhecimento”, com a crescente importância das inovações tecnológicas para a vida das pessoas e para o desenvolvimento econômico. 

Tendo essas informações como referência inicial e considerando aspectos marcantes da História mundial, julgue o item seguinte.
A independência das 13 colônias inglesas da América do Norte (1776) e a Revolução Francesa (1789) são marcos simbólicos fundamentais do nascimento do mundo contemporâneo. 

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
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A alternativa correta é C)

A afirmação de que a independência das 13 colônias inglesas da América do Norte (1776) e a Revolução Francesa (1789) são marcos simbólicos fundamentais do nascimento do mundo contemporâneo está correta. Esses eventos históricos representaram rupturas profundas com as estruturas políticas, sociais e econômicas do Antigo Regime, consolidando os ideais iluministas e abrindo caminho para a modernidade.

A independência das 13 colônias, além de estabelecer os Estados Unidos como nação soberana, inspirou movimentos de libertação em outras partes do mundo, reforçando os princípios de autodeterminação e república. Já a Revolução Francesa, com sua defesa da liberdade, igualdade e fraternidade, destruiu o absolutismo monárquico e difundiu valores que influenciaram revoluções e reformas ao longo do século XIX.

Ambos os eventos estão intrinsecamente ligados ao surgimento do mundo contemporâneo, marcado pela ascensão da burguesia, pelo liberalismo político e econômico, e pela transformação das relações sociais. Portanto, a alternativa C) CERTO é a correta.

Questão 6

“O filme Amistad mostra a história do navio espanhol La Amistad,
destacando a saga de Cinque e seu povo para provar que não
eram escravos foragidos, mas homens e mulheres livres e
capturados, o filme evidencia aspectos da relação África e
Europa.”
Fonte: CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia. São Paulo: Ática, 2013. p. 285.
Sobre a História africana e suas relações com Europa, marque a
alternativa errada.

  • A)Como aspecto de entendimento dessa relação, é dispensável o processo a desconstrução e eliminação de alguns elementos básicos das ideologias sobre o povo africanos, tais como: "o que destrói a África é que eles brigam muito entre si".
  • B)No século XIX, as nações europeias, como Inglaterra, França, Bélgica, Holanda e Alemanha, começaram a explorar de maneira efetiva o continente africano e o asiático. A Revolução Industrial motivou esses países a explorar matérias-primas, especialmente minérios, dentre os quais podemos destacar o ferro, cobre, chumbo, além de produtos de origem agrícola, como algodão e borracha; todos fundamentais para a produção industrial.
  • C)A divisão do continente africano foi consolidada através de um acordo realizado em 1885. Esse evento contou com a participação da Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha, Itália, Portugal e Espanha. Esse acordo foi executado na Conferência de Berlim.
  • D)Do ponto de vista cultural, a ação do colonialismo europeu mostrou-se, igualmente à econômica, desestruturadora das formações originais africanas. O colonialismo cultural subordinava as diversas e variadas culturas africanas às dos europeus, considerando-se sempre estas como formas mais avançadas e superiores.
  • E)Mais de 90% do continente africano ficou subjugado pelo menos por mais de meio século. A África foi partilhada e recortada em várias possessões pelas nações europeias, cada qual buscando aquinhoar o máximo possível de territórios.
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A alternativa correta é A)

O filme Amistad, dirigido por Steven Spielberg, retrata a luta de um grupo de africanos capturados ilegalmente e levados como escravos a bordo do navio espanhol La Amistad. A narrativa centraliza-se na figura de Cinque, um líder que busca provar sua liberdade e a de seu povo perante a justiça americana. O longa-metragem não apenas expõe a brutalidade da escravidão, mas também revela as complexas relações entre África e Europa no contexto do colonialismo e do tráfico negreiro.

A história africana, marcada por séculos de exploração europeia, é frequentemente distorcida por narrativas ideológicas que perpetuam estereótipos, como a ideia de que os conflitos internos seriam a principal causa da destruição do continente. Essa visão simplista ignora o papel central do colonialismo europeu na desestabilização política, econômica e social da África. Portanto, a alternativa A) está incorreta, pois a desconstrução desses mitos é essencial para um entendimento justo da história africana.

No século XIX, a Revolução Industrial impulsionou as potências europeias a expandirem sua dominação sobre a África e a Ásia em busca de recursos naturais, como minérios e produtos agrícolas, conforme descrito na alternativa B). Essa exploração foi formalizada na Conferência de Berlim (1885), onde as nações europeias dividiram o continente africano sem considerar suas fronteiras étnicas ou culturais, como mencionado na alternativa C).

O colonialismo europeu não se limitou à exploração econômica, mas também impôs uma dominação cultural, subjugando as tradições africanas em favor de uma suposta superioridade europeia, como destacado na alternativa D). Como resultado, mais de 90% do território africano ficou sob controle europeu por décadas, conforme afirma a alternativa E).

Assim, a análise histórica demonstra que a relação entre África e Europa foi marcada pela violência, exploração e imposição cultural, sendo fundamental questionar as narrativas que minimizam ou justificam esses processos.

Questão 7

“Muita gente no chamado mundo ocidental ou
metropolitano, bem como seus parceiros do Terceiro
Mundo ou das ex-colônias, concorda que a época do
grande imperialismo clássico, o qual atingiu seu clímax
na “era do império”, segundo a descrição de Eric
Hobsbawm, e terminou mais ou menos formal com o
desmantelamento das grandes estruturas coloniais após a
Segunda Guerra Mundial, continua a exercer, de uma ou
outra maneira, uma influência cultural considerável no
presente. Pelas mais variadas razões, sente-se uma nova
premência de entender o que permanece ou não
permanece do passado, e essa premência se introduz nas
percepções do presente e do futuro”

(SAID, E. Cultura e
Imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p.
38”.

Sobre o imperialismo é INCORRETO afirmar que:

  • A)entre 1870 e 1914, a Europa Ocidental e os Estados Unidos arquitetaram a conquista política, econômica e cultural da África, da Ásia, da Oceania e da América Latina.
  • B)esse período ficou conhecido como imperialista, e as causas dessa expansão foram diversas. No entanto, todas se relacionam com o desenvolvimento do capitalismo industrial nos países imperialistas.
  • C)o imperialismo tinha outras máscaras e razões mais sutis e menos transparentes. A conquista militar e política de milhões de seres humanos de outras raças e culturas era induzida pela exportação de capitais que não rendiam juros suficientes na Europa.
  • D)jogo político significou que qualquer mudança de posição, de poder, dentro e fora da Europa, prejudicaria o vizinho. Nesse sentido, a formação de um império colonial por parte de um país foi vista como instrumento de força e prestígio que podia romper o equilíbrio entre as potências.
  • E)o temor de que uma potência estrangeira ameaçasse uma possessão colonial estimulava a conquista de uma fronteira mais extensa. Foi a esse elemento a que alguns historiadores chamaram de um “acumulativo processo preventivo”
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A alternativa correta é A)

O trecho apresentado, retirado da obra Cultura e Imperialismo de Edward Said, discute como o legado do imperialismo clássico ainda exerce influência no mundo contemporâneo, mesmo após o fim formal das estruturas coloniais. Said destaca a necessidade de compreender os resquícios desse passado e como eles moldam as percepções atuais e futuras. A partir dessa reflexão, analisaremos as afirmações sobre o imperialismo, identificando qual delas está incorreta.

A alternativa A afirma que, entre 1870 e 1914, a Europa Ocidental e os Estados Unidos arquitetaram a conquista política, econômica e cultural da África, Ásia, Oceania e América Latina. Essa afirmação está incorreta porque, embora o imperialismo de fato tenha se expandido nesse período, a América Latina não foi alvo direto da conquista colonial nessa fase, já que a maior parte dos países latino-americanos já havia conquistado sua independência no início do século XIX. O imperialismo nessa região se manifestou mais por meio de influência econômica e política, e não por dominação colonial direta.

As demais alternativas apresentam características corretas sobre o imperialismo. A alternativa B relaciona a expansão imperialista ao desenvolvimento do capitalismo industrial, o que está de acordo com as análises históricas. A alternativa C menciona as justificativas sutis do imperialismo, como a exportação de capitais, um aspecto destacado por teóricos como Lenin. A alternativa D aborda o equilíbrio de poder entre as potências europeias, enquanto a alternativa E refere-se ao "processo preventivo" que motivou anexações territoriais para evitar avanços de rivais.

Portanto, a resposta correta é a alternativa A, pois ela generaliza incorretamente a dominação colonial para a América Latina no período mencionado, ignorando as particularidades históricas da região.

Questão 8

“Assim sendo, a sensação de superioridade que uniu os brancos ocidentais — ricos, classe média e pobres — não se
deveu apenas ao fato de todos eles desfrutarem de privilégios de governante, sobretudo quando efetivamente estavam
nas colônias. Em Dacar ou Mombaça, o mais modesto funcionário era um amo e era aceito como gentleman por
pessoas que nem teriam notado sua existência em Paris ou Londres…”                                                                                                                      

(Hobsbawm, 1988.)

“Quando estiverdes entre os chineses”… diz [o Imperador da Alemanha], “lembrai que sois a vanguarda da Cristandade”,
diz ele, “e atravessai com vossas baionetas todo odioso  infiel de marfim que virdes”, diz ele. “Fazei‐os compreender o
que significa a nossa  civilização ocidental…”                                                             

(Hobsbawm, 1988.)

Ao analisar os dois trechos, tendo em vista o contexto e a ideologia que permeou o processo neocolonialista do
século XIX, é possível inferir corretamente que são

  • A)complementares e apresentam‐se como símbolos ou paladinos ideológicos do Imperialismo ao citarem sobre a dominação.
  • B)contraditórios, uma vez que o segundo justifica a superioridade ocidental e o primeiro fala dos cargos ocupados também pelos mais humildes.
  • C)antagônicos, pois o primeiro defende a igualdade de direitos entre nobres e cidadãos mais simples e o segundo preconiza a supremacia do clero.
  • D)incongruentes, pois o primeiro defende a dominação diplomática, através das “Guerras Justas” e o segundo prega a violência institucionalizada e sagrada.
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A alternativa correta é A)

Ao analisar os dois trechos apresentados, fica evidente que ambos refletem a ideologia que sustentou o neocolonialismo no século XIX. O primeiro trecho destaca a sensação de superioridade dos brancos ocidentais, independentemente de sua posição social, quando inseridos no contexto colonial. Mesmo os indivíduos de origem humilde eram elevados a uma condição de "amos" nas colônias, algo que não ocorreria em suas sociedades de origem. Já o segundo trecho, atribuído ao Imperador da Alemanha, reforça a noção de uma missão civilizatória, na qual a violência era justificada como um meio de impor os valores ocidentais sobre outros povos.

Esses dois excertos são complementares, pois ambos expressam a mentalidade imperialista da época. O primeiro demonstra como a hierarquia racial e cultural era utilizada para unir os europeus, enquanto o segundo exemplifica a justificativa ideológica para a dominação e a violência colonial. Ambos funcionam como símbolos do Imperialismo, seja pela afirmação de superioridade, seja pela defesa da expansão da "civilização ocidental" como um dever sagrado. Portanto, a alternativa correta é a A), que reconhece a complementaridade dos trechos como representações da ideologia neocolonialista.

Questão 9

A libertação das colônias portuguesas tem características que lembram a Indochina e a Argélia, pelo menos
no que se refere ao projeto independentista, à reação da
metrópole e ao início da guerra. Tanto em Angola como
na Argélia, a guerra eclode repentinamente, com uma série de ataques simultâneos a postos militares; no caso
angolano, postos de Luanda, em 4 de fevereiro de 1961.
(Marc Ferro. História das colonizações – Das conquistas
às independências – século XIII a XX)
Também caracteriza o processo de libertação colonial de
Angola
  • A)o apoio da maior parte dos colonos, principalmente daqueles nascidos em Portugal, à independência política e econômica do país.
  • B)a ingerência da Igreja Católica na guerra de independência, condenando todas as ações bélicas metropolitanas e da PIDE.
  • C)o isolamento político dos revolucionários, congregados no Partido Comunista Angolano, em virtude das divergências com o Pacto de Varsóvia.
  • D)a interferência de outras nações, pois os Estados Unidos apoiavam a UPA-FNLA, enquanto o MPLA recebia ajuda da URSS e de Cuba.
  • E)a condenação formal ao ultracolonialismo português feita pela África do Sul e endossada pelas nações da Europa Ocidental.
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A alternativa correta é D)

O processo de libertação colonial de Angola, assim como ocorreu em outros contextos de descolonização, foi marcado por características complexas que envolviam tanto dinâmicas internas quanto interferências externas. O texto destacado compara a situação angolana com a da Argélia e da Indochina, ressaltando a semelhança na eclosão repentina da guerra e nos métodos de luta. No entanto, um aspecto fundamental que caracterizou a independência angolana foi a interferência de potências estrangeiras, que apoiaram diferentes grupos em conflito, ampliando as dimensões do processo.

A alternativa correta, D), aponta justamente para esse cenário de ingerência internacional, no qual os Estados Unidos apoiavam a UPA-FNLA, enquanto o MPLA recebia auxílio da União Soviética e de Cuba. Essa divisão refletia as tensões da Guerra Fria, transformando Angola em um palco de disputas geopolíticas. Diferentemente de outras colônias, onde a luta pela independência contou com maior unidade interna, em Angola a fragmentação dos movimentos de libertação e o apoio externo diferenciado contribuíram para um conflito prolongado e violento.

As demais alternativas não correspondem à realidade histórica. A maior parte dos colonos portugueses se opôs à independência (A), a Igreja Católica não condenou uniformemente as ações da metrópole (B), o isolamento do PCA não foi um fator determinante (C), e a África do Sul, longe de condenar o colonialismo português, manteve relações próximas com o regime de Lisboa (E). Portanto, a resposta D) é a que melhor caracteriza o processo de libertação angolano, destacando o papel crucial das potências estrangeiras no conflito.

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Questão 10

Analise o texto abaixo, relacionado ao período
entre guerras (1918-1939).

“A obsessão de …………………. com a questão da raça, que impregnava todos os aspectos do
seu programa, emparelhava com a sua obsessão na
necessidade do Lebensraum, um espaço para onde
os ……………………. se pudessem expandir
e que abastecesse a raça dominadora das matérias
primas e da mão de obra necessárias para sustentar o
seu domínio sobre o resto do mundo”

JOLL, James. A Europa desde 1870. Lisboa, Dom Quixote. Apud
REZENDE, Antonio Paulo. Rumos da História. São Paulo: Atual Editora, 2001.

Assinale a alternativa que completa corretamente as
lacunas do texto.

  • A)Stalin • russos
  • B)Hitler • russos
  • C)Hitler • alemães
  • D)Franco • espanhóis
  • E)Mussolini • italianos
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A alternativa correta é C)

O texto apresentado refere-se claramente ao contexto ideológico do nazismo durante o período entre guerras (1918-1939). A menção à "obsessão com a questão da raça" e ao conceito de "Lebensraum" (espaço vital) são elementos centrais da doutrina de Adolf Hitler e do Partido Nazista. A ideia de expansão territorial para garantir recursos e domínio para os alemães está diretamente associada ao projeto imperialista da Alemanha nazista.

A primeira lacuna deve ser preenchida com "Hitler", já que ele foi o principal expoente dessa visão racial e expansionista. A segunda lacuna refere-se ao povo que o regime nazista considerava como "raça dominadora", ou seja, os "alemães". Portanto, a alternativa correta é a C) Hitler • alemães, conforme indicado no gabarito.

As outras alternativas estão incorretas porque: Stalin e os russos (A) estão associados ao comunismo soviético, que não defendia uma hierarquia racial; Franco e os espanhóis (D) relacionam-se ao fascismo espanhol, que não tinha o mesmo projeto expansionista baseado em raça; e Mussolini e os italianos (E), embora fossem fascistas, não tinham a mesma obsessão racial e o conceito de Lebensraum como pilares de sua ideologia.

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