Leia o trecho do relatório abaixo, escrito por Cecil Rhodes, homem de negócios e colonizador da África. A seguir, responda à questão proposta. “Considerei a existência de Deus e decidi que há uma boa chance de que ele exista. Se ele realmente existir, deve estar trabalhando em um plano. Portanto, se devo servir a Deus, preciso descobrir o plano e fazer o melhor possível para ajudá-lo em sua execução. Como descobrir o plano? Primeiramente, procurar a raça que Deus escolheu para ser o instrumento divino da futura evolução. Inquestionavelmente, é a raça brancal Devotarei o restante de minha vida ao propósito de Deus e a ajudá-lo a tornar o mundo inglês.” Cecil Rhodes. Relatório da Diretoria da Companhia Britânica da África do Sul, 1897-1898. Acessado no site http://pt.wikipedia.org/wiki/Cecil_Rhodes. Acessado em 11-03-2014. Para ingleses como Rhodes, a política imperialista inglesa na África justificava-se pela
- A)religião católica, que dominava a coroa britânica e dava razões para a exploração dos africanos que não seriam católicos, mas tomados como pagãos.
- B)suposta superioridade racial e intelectual branca e de origem europeia sobre os africanos. Rhodes aliava Deus ao seu instrumento imperialista de conquista e exploração, relacionando a devoção ao domínio britânico.
- C)relação entre a existência de um Deus para os brancos ingleses e de outros deuses para os diversos povos africanos. Por serem politeístas, Rhodes e os ingleses consideravam os africanos atrasados e inferiores.
- D)existência de um plano divino que relacionava a conquista inglesa do mundo civilizado e, particularmente, da América, ao domínio religioso e cultural europeu, branco, superior e católico.
Resposta:
A alternativa correta é B)
O trecho do relatório de Cecil Rhodes revela uma justificativa ideológica profundamente enraizada no imperialismo britânico do século XIX. Rhodes, um dos principais arquitetos da expansão colonial na África, utiliza um discurso que mistura religião, racismo e missão civilizatória para legitimar a dominação inglesa. A resposta correta para a questão proposta é a alternativa B, pois o texto demonstra claramente a crença na "suposta superioridade racial e intelectual branca", associando-a a um suposto plano divino.
Rhodes parte da premissa de que Deus, se existir, estaria trabalhando em um plano evolutivo para a humanidade. Ele então conclui, sem qualquer base científica ou teológica sólida, que a "raça branca" seria o instrumento escolhido por Deus para conduzir esse processo. Essa visão reflete o darwinismo social, teoria pseudocientífica muito em voga na época, que distorcia as ideias de Charles Darwin para defender a superioridade de certos grupos humanos sobre outros.
O empresário e colonizador vai além ao declarar que dedicará sua vida a "tornar o mundo inglês", mostrando como a ideia de superioridade racial se conectava diretamente com os interesses imperialistas da Grã-Bretanha. Essa mentalidade serviu de base para inúmeras violências contra os povos africanos, desde a exploração econômica até o apartheid na África do Sul, país onde Rhodes teve grande influência.
As outras alternativas estão incorretas porque:
- A) A religião mencionada por Rhodes não é especificamente o catolicismo, e sim uma visão genérica de Deus.
- C) O texto não faz referência ao politeísmo africano, focando apenas na suposta eleição divina dos brancos.
- D) O plano divino descrito por Rhodes refere-se à África, não à América, e não menciona o catolicismo.
Este documento histórico ilustra como o racismo científico e o imperialismo se alimentavam mutuamente no século XIX, usando justificativas pseudorreligiosas para mascarar interesses econômicos e políticos. A análise crítica desse pensamento é fundamental para compreender as raízes do colonialismo e seus impactos duradouros nas relações internacionais.
Deixe um comentário