Texto 1: “À luz de uma vela de sebo, Morelos escreve as bases da Constituição nacional. Propõe uma América livre, independente e católica; substitui os tributos dos índios pelo imposto de renda e aumenta o salário diário do pobre; confisca os bens do inimigo; estabelece a liberdade de comércio, mas com barreiras alfandegárias; suprime a escravidão e a tortura e liquida o regime de castas, que fundamentava as diferenças sociais na cor da pele, de modo que só distinguirão um americano de outro, o vício e a virtude”. [GALEANO, Eduardo. A Independência é Revolução ou Mentira. In GALEANO, Eduardo. Memórias de Fogo 2 – As Caras e as Máscaras. Porto Alegre: L&PM, 1997, p. 157] Texto 2: “A velha escrava, íntima dos deuses, afunda o facão na garganta de um javali negro. A terra do Haiti bebe o sangue, sob a proteção dos deuses da guerra e do fogo, duzentos negros cantam e dançam o juramento de liberdade. Na proibida cerimônia do vodu, iluminada por relâmpagos, os duzentos escravos decidem converter em pátria essa terra de castigo. É fundada no Haiti a língua créole. Como o tambor, o créole é o idioma comum que os arrancados da África falam em várias ilhas antilhanas.[…] Graças ao créole, os haitianos sentem que se tocam quando se falam”. [GALEANO, Eduardo. Os Conjurados do Haiti. In GALEANO, Eduardo. Memórias de Fogo 2 – As Caras e as Máscaras. Porto Alegre: L&PM, 1997, p. 113] Ao apresentar aos alunos do 8º ano os textos acima para abordar o processo de independência latino-americano entre fins do séc. XVIII e início do séc. XIX, o professor destacará como semelhança na luta pela independência política nos contextos citados:
Texto 1: “À luz de uma vela de sebo, Morelos escreve as bases da Constituição nacional. Propõe
uma América livre, independente e católica; substitui os tributos dos índios pelo imposto de renda e
aumenta o salário diário do pobre; confisca os bens
do inimigo; estabelece a liberdade de comércio,
mas com barreiras alfandegárias; suprime a escravidão e a tortura e liquida o regime de castas,
que fundamentava as diferenças sociais na cor da
pele, de modo que só distinguirão um americano
de outro, o vício e a virtude”.
[GALEANO, Eduardo. A Independência é Revolução ou
Mentira. In GALEANO, Eduardo. Memórias de Fogo 2 – As Caras e
as Máscaras. Porto Alegre: L&PM, 1997, p. 157]
Texto 2: “A velha escrava, íntima dos deuses, afunda
o facão na garganta de um javali negro. A terra do
Haiti bebe o sangue, sob a proteção dos deuses
da guerra e do fogo, duzentos negros cantam e
dançam o juramento de liberdade. Na proibida cerimônia do vodu, iluminada por relâmpagos, os
duzentos escravos decidem converter em pátria
essa terra de castigo. É fundada no Haiti a língua
créole. Como o tambor, o créole é o idioma comum que os arrancados da África falam em várias
ilhas antilhanas.[…] Graças ao créole, os haitianos
sentem que se tocam quando se falam”.
[GALEANO, Eduardo. Os Conjurados do Haiti. In GALEANO,
Eduardo. Memórias de Fogo 2 – As Caras e as Máscaras. Porto
Alegre: L&PM, 1997, p. 113]
Ao apresentar aos alunos do 8º ano os textos acima para abordar o processo de independência latino-americano entre fins do séc. XVIII e início do
séc. XIX, o professor destacará como semelhança
na luta pela independência política nos contextos
citados:
- A)o protagonismo dos escravos
- B)a influência dos ideais iluministas
- C)a liderança das elites locais
- D)o fracasso dos dois movimentos
Resposta:
A alternativa correta é B)
O processo de independência na América Latina, entre os séculos XVIII e XIX, foi marcado por diferentes contextos e protagonistas, mas também por ideais comuns que uniram diversas lutas pela emancipação política. Os textos de Eduardo Galeano apresentam dois momentos distintos: a liderança de Morelos no México e a revolução dos escravos no Haiti. Apesar das diferenças evidentes entre esses movimentos, ambos compartilham uma influência fundamental dos ideais iluministas, que pregavam a liberdade, a igualdade e a ruptura com as estruturas opressoras do colonialismo.
No primeiro texto, Morelos é retratado como um líder que propõe reformas profundas, como a abolição da escravidão, o fim das castas e a implementação de princípios como a liberdade de comércio e a justiça social. Essas medidas refletem claramente os ideais iluministas, que questionavam as hierarquias coloniais e defendiam direitos universais. A frase destacada — "só distinguirão um americano de outro, o vício e a virtude" — revela uma visão igualitária, alinhada com os valores do Iluminismo.
Já no segundo texto, a revolução haitiana, embora protagonizada por escravos e marcada por elementos culturais como o vodu e o créole, também carrega em seu cerne a busca por liberdade e autodeterminação, princípios iluministas. A cerimônia descrita por Galeano simboliza não apenas uma rebelião contra a escravidão, mas a fundação de uma nova pátria baseada na ideia de emancipação coletiva. A linguagem do créole, como instrumento de união, reforça a noção de identidade e liberdade, valores centrais no pensamento iluminista.
Portanto, embora os contextos sejam distintos — um liderado por uma figura como Morelos e outro por escravos insurgentes —, a semelhança fundamental entre esses movimentos reside na influência dos ideais iluministas, que inspiraram a luta pela independência e a construção de sociedades mais justas e livres. A alternativa correta, assim, é a letra B.
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